TREINO É TREINO, JOGO É JOGO!
Caio Fábio
Ainda não cheguei lá, mas já sei que é possível.
Sim! É possível viver a paz que excede a todo entendimento e andar sem ansiedade alguma, conforme Jesus ordenou!
Disse que ainda não cheguei lá apenas porque lá ainda não cheguei em plenitude, porém, sei que é possível, posto que tenho provado o gosto, cada vez mais continuo, de tal possibilidade.
Sei que é possível porque Jesus disse que era, porque tenho visto em algumas pessoas ser isto possível, e, além de tudo, porque eu mesmo, ainda que de modo insipiente para o meu alvo existencial, tenho provado isto.
Mas o “treino” foi longo, cheio de perdas, de decepções, de traições, de necessidades, de socorros impossíveis, de saídas bloqueadas, de inimigos atrozes e perversos, de pressões sem fim, de expectativas projetadas sobre você de modo inumano, etc.
Depois do “treino” veio o “jogo”. Até 1998 eu estava treinando sem saber. Pensava que já estava no “jogo”, mas que nada.
O “jogo” começou, e eu pensei que aquilo era a morte...
Então, as perdas...
Todas as possíveis e imagináveis, sabendo eu, todavia, que poderia ter sido muito pior!
Perde-se o nome, os meios, os amigos, as comodidades, os ajudantes, os próximos... Depois, perde-se até a noção do que seja ser uma vida para você. Sim! Você se olha e pergunta: Meu Deus! Como vim cair aqui? Como foi isso?
Então, você também vai perdendo a quem ama!... Mas, nada se compara a não ter mais com você o seu “canguruzinho”, o seu filhinho...
Sim! Nada doeu tanto quanto aprender o “jogo” como perda do abraço do filho até o Dia do Novo Abraço!
Todos os ódios e desejos perversos dirigidos a você desaparecem em sua importância ante o grito de um filho que diz: Pai! O Lukas se foi!...
Sim! Tudo o mais perde o poder de fazer doer!
Entretanto, grande é o consolo quando você não pede para sair de campo e continua se oferecendo para jogar.
Então, devagar, você vai procurando os efeitos da dor em você, e, estranhamente, não acha. Sim! Parece que no jogo toda dor vira apenas acidente, e, na continuidade, você vai vendo que aquela perda era a própria vitória no jogo.
Afinal, nesse jogo tudo é diferente, pois, de fato, o vencedor não é quem não sofre, mas quem suporta em esperança.
Ora, quando tal fato constatável se estabelece em você, então, o que segue é uma paz crescente, e, sobretudo, uma tranqüilidade que faz tudo ficar pequeno em suas desgraçadas importâncias.
Entretanto, creia: não é a dor que gera isso, posto que a dor gere apenas, no máximo, dormência. Não! É a Paz que produz tal realidade; e ela é de si mesma apenas Graça, posto que não foi o “treino” que gerou a grandeza da performance no “jogo”.
Nesse “jogo” a vitória é sempre de quem persevera sem amargura e sem transferências de responsabilidades.
Não despreze o “treino”, ele está acontecendo.
O “jogo”, quando começa, em geral a gente nem fica sabendo.
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