sábado, 31 de outubro de 2009

A INTERNACIONAL

De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.

Messias, Deus, chefes supremos,
Nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A Terra-Mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair deste antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!

Crime de rico a lei o cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!

Fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais!

Somos o povo dos ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas, deixai o mundo!
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O BURACO DA MEMÓRIA

Aqui em casa, tenho uma caixa de tamanho médio, que apelidei de "Buraco da Memória". O nome vem do livro 1984, de George Orwell.

No romance, o "buraco da memória" é o local onde os funcionários do Ministério da Verdade descartam todos os documentos que serão alterados, o que, virtualmente, torna impossível provar qualquer falsificação do passado.

No meu caso, o Buraco da Memória serve para que eu não me esqueça. Nesta caixa, guardo fotos, cartas e outras coisas, como cópias das revistas alternativas (fanzines) nas quais publiquei textos na época de minha primeira faculdade.

 E para que guardar essas coisas? Bom, se somos realmente feitos pelas coisas que vimos, é importante podermos voltar a elas de vez em quando, certo?

Entretanto, o Buraco da Memória serve para as coisas passadas e, por isso, algumas coisas ainda são mantidas em gavetas, do lado da cama.

Demora um pouco para o passado se tornar memória.

Enfim, enfim, algo pessoal!

Paz e Bem!


MESTRADO

A minha proposta inicial para o Mestrado em Ciências da Religião era trabalhar a tensão entre a Teologia da Prosperidade e a Teologia da Graça.

Infelizmente, o tema é amplo demais.

Por um lado, existem diversos trabalhos acadêmicos sobre o tema da Teologia da Prosperidade. Em geral, essas pesquisas tratam de igrejas específicas. A campeã de audiência é a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), graças às polêmicas envolvendo o "bispo" Edir Macedo.

Por outro lado, "Teologia da Graça" é um termo que ainda deve ser definido cientificamente, e acredito que isso também só possa ser feito a partir da análise do comportamento de comunidades religiosas específicas.

Desta forma, prefiro concentrar a pesquisa na análise de uma prática religiosa, em contraponto à Teologia da Prosperidade, como uma alternativa à ela, infelizmente hoje tão em voga nas igrejas evangélicas brasileiras.

Assim, a questão que se coloca como problema científico é: existe uma nova prática religiosa evangélica? E, em que medida, essa prática se coloca como uma alternativa válida para a Terologia da Prosperidade?

Se adotada essa linha de pesquisa, trata-se de um estudo sobre movimentos religiosos, essencialmente voltado para a prática cotidiana e, também, para a organização de uma comunidade (será necessário um estudo sobre liturgia, entre outros temas).

Em termos práticos, o objeto de estudo privilegiado seria a comunidade da qual faço parte, o Caminho da Graça.

Veremos...

Paz e Bem!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

EU, UM JORNALISTA

A sala é escura, com mesas e computadores por todo o lado. Eu e um amigo conseguimos, depois de passarmos algum tempo procurando, encontrar dois computadores vagos, lado a lado. Nos sentamos.

É o nosso primeiro dia no trabalho e estamos ávidos por fazer alguma coisa e, principalmente, conquistarmos mentes e corações com o nosso entusiasmo e brilhantismo.

Na verdade, esse é o meu desejo.

Mas ninguém nos explica nada, ou sequer fala conosco.

Quando temos de fazer alguma coisa, escrever uma matéria ou irmos a algum outro lugar do prédio, a tela do computador simplesmente pisca e, com um toque no mouse do computador, a ordem toma forma física.

Me pedem para escrever uma resenha sobre o novo disco do Paulo Ricardo.

"Paulo Ricardo? Do RPM? Ele ainda grava discos?", eu pensei, em silêncio. Quando percebi que eu não tinha o CD e nem nada parecido, achei melhor falar com a chefe.

- Oi.
- Oi, ela respondeu.
- Meu nome é Thiago.
- Eu sei.
- Eu sou novo aqui. Tenho de escrever uma resenha sobre o CD do Paulo Ricardo, mas não tenho o CD.
- Vai até aquela sala, do outro lado do corredor. Tem uma máquina lá. Pode ouvir. Depois, escreve.
- Sim, senhora, respondi.

Fui até a sala, ouvi o maldito CD e, quando voltei, descobri que meu amigo tinha sido mandado fazer uma reportagem na rua. Também descobri que eu estava sem computador, porque outra pessoa tinha começado a usar.

Desisti. Fui beber água e fumar um cigarro.

Frequentemente, sonho que ainda sou jornalista. A rotina é sempre a mesma: muita confusão, vivo perdido, sem saber como fazer as coisas que me pedem.

Não sinto muitas saudades dessa época.

Paz e Bem!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

CONFISSÃO

Há séculos, sacerdotes dizem que a confissão de erros e pecados leva a uma melhora no ser humano. Acredito que os psicólogos chamam esse ato de "confrontação".

Para os sacerdotes, uma confissão bem feita leva à contrição e ao arrependimento. A combinação desses fatores, por sua vez, levaria à uma mudança de vida.

A confissão, em sua natureza, pode ser entendida em duas formas: a primeira, pública, junto a uma congregação, se quisermos continuar a usar a linguagem religiosa. A segunda forma é a confissão privada, que envolve normalmente um indivíduo e um sacerdote.

Eu, eu opto pela confissão pública.

Eu confesso que estou cansado dessa vidinha pacata e segura.

Eu confesso que estou cansado de ter os mesmos pensamentos todos os dias.

Eu confesso que estou cansado de querer ser mais, de querer fazer mais.

Eu confesso que não sou perfeito, nem nunca vou ser.

Eu confesso que não tenho paciência, não sei ouvir os outros e sou egoísta.

Eu confesso que o homem que quero ser ainda tem simpatia pela criança que sou, pois sabe que o caminho não é feito em um dia. Longas viagens levam tempo.

Eu confesso que me confesso em silêncio, no quarto escuro, com a porta trancada.

Paz e Bem!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CRÔNICA DE UM ENCONTRO... OUTRO

Hoje, pela manhã, antes da minha primeira aula, tive de dar um pulo na farmácia. Como estava na Bela Vista, próximo da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, resolvi procurar uma farmácia por ali.

E então, depois de pegar o remédio e entrar na fila do caixa, quem eu encontro?

Cruzei com o ator Paulo César Pereio (pronuncia-se Péréio, eu descobri hoje). Ele é um ator de cinema, teatro e TV, dono de uma das melhores vozes para narração em off de que consigo me lembrar.

Sim, leitor, eu sou um fã.

Infelizmente, Pereio estava meio estragado e a conversa não foi longe. No final do breve bate-papo, eu disse:

- Cara, eu sou seu fã. Foi um prazer cruzar com você na farmácia.

Ele riu. E eu ganhei meu dia.

É interessante como pequenas coisas fazem grande diferença para nós. Para mim, pelo menos.

Paz e Bem!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

SE VOCÊ QUISER AJUDAR

Hoje, existe muita conversa sobre como várias Organizações Não-Governamentais (ONGs) servem apenas para arrancar dinheiro de seus patrocinadores, sejam eles governos, empresas ou pessoas individuais que, por alguma razão, resolvem colaborar com uma dessas organizações.

E o pior é que é verdade! Muitas ONGs são criadas e mantidas para encher os bolsos de seus fundadores.


Por isso, aproveito esta postagem para divulgar os websites de três ONGs das quais conheço o trabalho e às quais, de vez em quando, dou uma força.

No geral, existem três formas básicas com as quais, você, leitor ou leitora, pode ajudar uma ONG. Você pode oferecer uma contribuição financeira, seja para um projeto, ou assumindo o compromisso de doar uma quantia mensalmente.

A segunda forma, que é pela qual eu costumo optar, é oferecer tempo e trabalho, para a realização de serviços específicos, seja nas áreas em que posso atuar, ou seja em trabalho do qual a ONG necessita para a conclusão de seus objetivos.

A terceira opção é oferecer doações às entidades. Aí, as possibilidades são variadas. Você pode doar roupas, móveis e até alimentos ou medicamentos.

O importante é escolher uma organização realmente voltada para o serviço, preferencialmente em uma área que você julgue importante. No meu caso, apóio organizações que atuam com crianças e moradores de rua.

Abaixo, a lista de websites de três ONGs legais:

Visão Mundial - http://www.visaomundial.org.br/

Missão Cena - http://www.missaocena.com.br/asp/default.asp

Missão Portas Abertas - http://www.portasabertas.org.br/

Engaje-se! Contribua!

Paz e Bem!

O RETORNO DE UM HERÓI

Hoje, assisti ao filme "O Retorno de um Herói" (Taking Chance, no título original em inglês), produção norte-americana lançada este ano.




O filme narra a viagem de um coronel do Exército dos Estados Unidos pelo país, transportando o corpo de um soldado morto no Iraque.

O filme, uma produção da HBO (um dos ramos da megacorporação Warner Bros), o que significa que é um filme originalmente feito para a televisão, e não para os cinemas, é baseado em fatos reais, ao narrar o funeral do soldado Chance Phelps, morto com combate em 2004, no Iraque.

Apesar de sua temática, não se trata de um filme de guerra, ou de um drama pacifista, como é, por exemplo, o filme "Nascido em 4 de Julho", de Oliver Stone. 

Em "O Retorno de um Herói" não há espaço para filosofias sobre o sentido, ou a ausência de um, para as guerras. O filme se limita a mostrar o impacto que a viagem do coronel, acompanhado de um cadáver, tem sobre várias pessoas, sejam elas civis ou militares.

E cumpre o seu propósito de forma emocionante, principalmente quando o coronel chega à cidade natal de Phelps e tem de se confrontar com amigos e familiares do rapaz morto.

Agora, não tenho intenção de oferecer nenhuma profunda visão sobre a natureza da guerra. Elas são um fato, infelizmente. E continuarão sendo um fato nos anos porvir.

No nosso caso, em que vivemos em um país que participou de um último confronto há mais de 60 anos (militares brasileiros foram enviados à Itália, como parte do esforço militar aliado, em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial), felizmente, não estamos acostumados à guerra.

As nossas guerras são outras. Elas acontecem nas nossas cidades, nas favelas, no trânsito. No interior do país, entre pessoas que são donas de tudo e outras, que não são donas de nada.

As nossas guerras são travadas contra nós mesmos.

Paz e Bem!

REFERÊNCIA

O texto abaixo foi retirado do website Veritatis Splendor, de orientação católica. O endereço eletrônico é http://veritatisplendor.com.br.

Recomendo a leitura!

Paz e Bem!

A POBREZA E BELEZA NA SANTA MISSA

Por Pedro Ravazzano



A Missa é o coração da cristandade, afinal é nesta celebração que meditamos sobre todo o amor de Deus aos homens. No altar os fiéis contemplam a mística da Verdade e conhecem os mais belos dogmas da Igreja. A sua realidade sacrificial nos obrigar a refletir e mergulhar na grandeza imensurável de Cristo.
As normas litúrgicas e o missal refletem, apenas, o entendimento acerca do sentido sobrenatural da Santa Missa. Quando nós compreendemos a profundidade da celebração eucarística, todas as regras emitidas pela Igreja são entendidas como consequência. O centro da Liturgia é o Cristo, um Deus feito homem e que pelos homens morreu para salvá-los. Como Sacrifício, a Missa traduz a entrega de Jesus, o Seu amor infinito, de um Deus humilhado. Não é motivo de perplexidade pensar que o Senhor Todo-Poderoso Se fez nascer numa manjedoura, Se diminuiu ao conviver com pecadores e excluídos e, além disso, Se entregou num perfeito holocausto?
A Santa Missa exprime essa perfeita doação de Deus. Quando os adornos e a beleza, que só servem como caminho e não como fim, se tornam centro da celebração, a Liturgia se distancia drasticamente da sua sobrenaturalidade. A sobriedade, sacralidade e solenidade da Missa traduzem, apenas, o sentido místico da celebração. Por si só a ornamentação é vazia, inócua e ineficiente, mas quando é usada como via pode ser um caminho pedagógico muito saudável, explanando os mistérios e expondo a riqueza do cristianismo.
Como a Igreja cresceu na Europa? Através da beleza das imagens, dos vitrais, das catedrais, mas acima de tudo da Santa Missa. Os povos pagãos se sentiam atraídos por uma força silenciosa que os vivificava. Quando Clóvis, Rei dos Francos, foi se batizar na Catedral de Reims, na França, perguntou a São Remígio, depois de contemplar a riqueza e beleza daquele templo, que parecia resplandecer uma fagulha do esplendor da morada celeste: “Padre, isso já é o céu?” Outro fato histórico interessante é o ocorrido quando da primeira Missa celebrada no Brasil, por Frei Henrique de Coimbra, em Porto Seguro. Os curiosos indígenas se aproximavam do altar e contemplavam aqueles estranhos homens se humilhando em frente a uma Cruz. Quando um segundo grupo de índios se aproximou do local o seu líder questionou o que era aquilo, o chefe do primeiro bando, prontamente, apontou para o céu e apontou para a terra, expondo com perfeição o caráter horizontal da Missa; a ligação do homem com Deus.
Beato Antônio Chevrier, fundador do Instituto do Prado, já dizia no seu grande livro “O Verdadeiro Discípulo” que “quando se constrói uma casa, começa-se sempre pelas paredes grossas e, seguidamente, vai-se ao mais fino e aos ornamentos.” O Apóstolo dos Mendigos se referia ao ensino do catecismo, mas essa sua brilhante explanação vale também para a Liturgia. O que seria a Missa se não estivesse fundamentada sobre Cristo? O centro da celebração é Nosso Senhor, o Deus entregue em Sacrifício. São Leonardo de Porto-Maurício, um dos maiores pregadores da cristandade, afirmava que a todas as Missas celebradas na Igreja tinham a mesma validade, mas diferiam nos efeitos causados na assembléia, e por quê? Quantas vezes vamos a uma celebração e mesmo como todo o esforço não conseguimos nos ligar ao mistério do altar? Quantas vezes saímos até mesmo cansados da Liturgia? Tais efeitos são consequências de uma celebração carregada, normativa, Missas meramente burocratizadas e que se perderam entre a desobediência ao missal e o desrespeito ao espírito litúrgico católico.
Qual fiel não agiria com toda reverência e piedade sabendo que no altar se faz presente Deus com Seu corpo, sangue, alma e divindade? Qual de nós não se prostraria no chão ao contemplar o Senhor? Quem não se desmancharia em lágrimas se fosse visitado por Cristo em pessoa? Mas a Eucaristia é isso em concreto! Deus, não satisfeito em Se entregar em Sacrifício, ainda mostrou Seu imensurável amor ao ficar com o povo com toda a Sua plenitude.
Não poucas vezes a Missa vira um espetáculo, um teatro vazio. Isso ocorre por causa do distanciamento do caráter central da celebração; Cristo e Seu Mistério. O Apóstolo da Santa Missa, São Leonardo, já dizia que o meio mais adequado para assistir a Liturgia “consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.” Ou seja, devemos mergulhar na santa alegria ao contemplar o Senhor que com o Seu amor veio ao mundo para nos salvar. Isso é motivo de regozijo, entretanto, e ao mesmo tempo, devemos sempre ter em mente o sentido místico e sobrenatural da Liturgia. A celebração não é uma conexão horizontal, ou seja, homem e homem, mas uma conexão vertical, homem e Deus. Ocorre que, infelizmente, certas Missas ficam impregnadas por um certo espírito normativo. Não podemos nos acomodar com o hábito; não é porque vamos todo o Domingo – no mínimo – ao encontro de Cristo na Liturgia que perdemos a constante renovação e surpresa na adoração da Eucaristia! De forma alguma! Toda a Santa Missa, para nós, deve ser motivo de perplexidade, de alegria, de adoração, uma constante e eterna sensibilidade.
Beato Antônio Chevrier dizia que “Um Padre pobre e santo numa igreja de madeira converterá mais pecadores do que um Padre ordinário numa igreja de ouro e de mármore e ornamentada de toda a espécie de belezas exteriores.” O que ele quer nos dizer com isso? Que a beleza por si só, o adorno e a ornamentação, são vazios de sentido se não estão centrados em Cristo. Chevrier continua: “Não seja necessário condenar o culto exterior, não, pois que a Igreja o pede e nós somos compostos dum corpo e de uma alma e as coisas exteriores devem levar-nos a Deus. Mas não nos deixemos levar por esta paixão que existe nos nossos dias e não tomemos o acessório pelo principal (...) Nos ornamentos e nas outras coisas...importa que o pensamento de Deus sobressaia e não o pensamento da arte ou do gosto.” Com isso entendemos que a beleza da Missa é resultado do entendimento do mistério do altar, do Sacrifício de Jesus, Sua doação. A pobreza espiritual se une ao caminho da beleza.
Como não se chocar com o exemplo de Santa Isabel, Rainha da Hungria, que ao entrar na Igreja triunfava como majestade, adornada com a coroa, jóias, anéis e colares, mas que quando do início da celebração retirava todas as pedrarias, ouro e prata para se tornar pobre e deixar que apenas o brilho de Cristo reinasse dentro do templo. A santa vivia na corte, mas não era da corte, assim como nós vivemos no mundo, mas não somos do mundo. Era sobre isso que Pe. Antônio Vieira falava quando escreveu: “Deus comumente desposa-se no deserto, porque não acha no deserto as condições do Paço, hoje desposa-se no Paço, porque achou no Paço as condições do deserto (...) Reis que edificam desertos! Se dissera reis que edificam palácios, bem estava; mas reis que edificam desertos! Os desertos edificam-se? Antes desfazendo edifícios é que se fazem desertos. Pois que reis são estes, que trocam os termos à arquitetura? Que reis são estes que edificam desertos? São aqueles reis (diz S. Gregório Papa) em cujos paços reais de tal maneira se contemporiza com a vaidade da Terra, que se trata principalmente da verdade do Céu: e paços onde se serve a Deus como nos ermos, não são paços, mas desertos” (Sermões Vol.VII Sermão de São João Batista).
A Santa Missa nos pede, então, um aparente paradoxo; a pobreza e simplicidade e a solenidade e beleza. E por que apenas aparente paradoxo? Simplesmente porque o nosso esvaziamento é apenas momentâneo, já que na Liturgia ficamos cheios quando nos aproximamos do Senhor em todo o Seu esplendor eucarístico. Assim, quando melhor nos diminuímos melhor engrandecemos Cristo e Seu sacrifício. Uma celebração bela, adornada e bem cuidada não necessariamente é uma celebração embebida em mística e sobrenaturalidade. Infelizmente a história nos mostra as Missas-Óperas, condenadas com vigor por São Pio X, que servem como a representação máxima da degradação do rito quando norteado apenas por uma estética vazia. Por outro lado, quando compreendemos o esplendor da via pulchritudinis, ou seja, o caminho da beleza – e como o próprio nome diz é caminho e não o fim – mais perfeito é o nosso entendimento do mistério do altar, assim, o adorno, o detalhe, a ornamentação, são consequências imediatas da nossa kénosis.

ANIVERSÁRIO

Hoje é aniversário do meu irmão mais novo.

E essa é uma das coisas legais com o tempo. Eu vejo aqui em casa algumas das fotos de nós três quando éramos pequenos - normalmente, vestidos com as mesmas roupas, como em uma mini-equipe de futebol - e, quando olho para ele hoje, vejo o homem que se tornou.

Ainda assim, sempre vou me lembrar dele como aquele menininho de cabelos encaracolados que adorava sentar no meu colo para ver filmes até altas horas da madrugada. 

É bom poder estar presente, apesar de eu saber que não estou tão presente quanto deveria estar.

Paz e Bem!

domingo, 25 de outubro de 2009

CHARLES CHAPLIN

Um dos meus grandes heróis é o cineasta-escritor-ator-diretor inglês Charles Chaplin.

Descobri Chaplin quando ainda era adolescente, ao assistir o a cinebiografia Chaplin, dirigida por Richard Attenborough e protagonizada por Robert Downey Júnior. Na época, ainda não tinha visto seus filmes, pois tinha um certo problema com filmes antigos, felizmente superado.

Depois, li um pouco a seu respeito e finalmente cheguei aos filmes.

Não vou tentar descrever a emoção que senti ao assistir filmes como O Grande Ditador ou Em Busca do Ouro ou, ainda, Tempos Modernos. Você, leitor, ou leitora, deve assistí-los por si mesmo.



Bom, no começo desta postagem, afirmei que Chaplin era um dos meus heróis. Então, a pergunta lógica a se fazer é "porque ele é um dos seus heróis?".

Vou tentar responder.

Admiro Chaplin por sua capacidade de, apesar de ser um artista envolvido com a comédia, ter sido capaz de, alguma forma, refletir o mundo em que vivia em seus trabalhos.

Só para citar dois exemplos: O Grande Ditador, no qual ele satiriza a figura de Hitler, foi realizado pouco antes da eclosão da II Guerra Mundial. Tempos Modernos mostra a substituição do homem pela máquina e o consequente aumento do desemprego. Este filme foi produzido após o crash da Bolsa de New York, evento que mergulhou o Ocidente na pior crise econômica do século XX.

Admiro Chaplin por sua independência em relação à ideologias. Antes de tudo, ele era um humanista, uma espécie francamente em extinção, já que, nos tempos atuais, não valorizamos o homem, ou a mulher, por si mesmos, mas apenas por aquilo que eles possuem ou, máximo do egoísmo, podem nos proporcionar e oferecer.

Admiro Chaplin por, apesar de frequentemente retratar situações de angústia - guerra e crise econômica, por exemplo - ele o fez com bom humor e singeleza.

E esses são alguns dos elementos dos quais a esperança é formada. E sempre precisaremos dela.


Abaixo, transcrevo um pequeno esboço biográfico de Charles Chaplin, retirado do website Pensador Info. O endereço eletrônico é hhtp://www.pensador.info/. O texto do site será grafado em itálico.

Biografia Charles Chaplin

Sir Charles “Charlie” Spencer Chaplin foi o mais famoso ator dos primeiros momentos do cinema hollywoodiano, e posteriormente um notável diretor. No Brasil é também conhecido como Carlitos (equivalente a Charlie), nome de um dos seus personagens mais conhecidos. Chaplin foi uma das personalidades mais criativas da era do cinema mudo; ele atuou, dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente financiou seus próprios filmes. Chaplin, cujo quociente de inteligência era de 140, foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão americano Samuel Reshevsky. Nasceu em Walworth, Londres, dos pais Sr. Charles e Hannah Harriette Hill, ambos animadores do Music Hall.

Seu principal personagem foi O Vagabundo (The Tramp): um andarilho pobretão com as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro, vestindo um casaco firme e esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e sua marca pessoal, um pequeno bigode.

Chaplin iniciou sua carreira como mímico, fazendo excursões para apresentar sua arte. Em 1913, durante uma de suas viagens pelo mundo, este grande ator conheceu o cineasta Mack Sennett, em Nova York, que o contratou para estrelar seus filmes.

Em 1918, no auge de seu sucesso, ele abriu sua própria empresa cinematográfica, e, a partir daí, fazia seus próprios roteiros e dirigia seus filmes. Crítico ferrenho da sociedade, ele não se cansava de denunciar os grandes problemas sociais, tais como a miséria e o desemprego. Produziu grandes obras como: O Circo, Rua de Paz e Luzes da Cidade.

Adepto ao cinema mudo, o também cineasta, era contra o surgimento do cinema sonoro, mas como grande artista que era, logo se adaptou e voltou a produzir verdadeiras obras primas: O Grande Ditador, Tempos Modernos e Luzes da Ribalta.

Na década de 1930 seus filmes foram proibidos na Alemanha nazista, pois foram considerados subversivos e contrários a moral e aos bons costumes. Porém, na verdade, representavam uma crítica ao sistema capitalista, à repressão, à ditadura e ao sistema autoritário que vigorava na Alemanha no período.

Em 1965, publicou sua autobiografia, Minha Vida. Em 1977, na noite de Natal, o mundo perdeu um dos grandes representantes da história do cinema.


Paz e Bem!

A SOLUÇÃO FINAL

Hoje, assisti ao filme "A Solução Final" (Eichmann, no título original), produção norte-americana, que trata do processo de interrogatório de Adolf Eichmann, responsável pelos campos de concentração nazistas durante a II Guerra Mundial.



Eichmann, que chefiou o processo de transporte de judeus de vários países da Europa para os campos de concentração (Dachau, Auschwitz, entre outros), foi preso pelo serviço secreto israelense em 1960, em Buenos Aires, capital da Argentina.

Dois anos depois, em junho de 1962, Eichmann foi executado pelo governo de Israel após um julgamento. O processo de interrogatório que antecedeu o julgamento levou cerca de sete meses.

A meta do governo de Israel, em seu processo jurídico, era estabelecer a responsabilidade pessoal de Eichmann em relação ao Holocausto. 

Em sua defesa, Eichmann, que alegava não ser anti-semita (anti-judeu), sempre insistiu que estava cumprindo ordens do governo e que era meramente um administrador do sistema e não o responsável direto por sua implementação e funcionamento.

Entretanto, sem sua participação, como responsável pelo transporte de prisioneiros e pelo funcionamento dos campos de concentração - ele inclusive esteve diretamente envolvido na adoção do gás Zyklon B como forma de extermínio de prisioneiros - talvez a história do Holocausto, no qual 6 milhões de judeus foram assassinados, tivesse sido diferente.

A "Solução Final da Questão Judaica" tornou-se política oficial do governo nazista somente a partir de 1942, quando as populações judias da Europa passaram a ser transferidas para o complexo de campos de concentração, majoriatariamente situados em países do leste europeu, sob ocupação nazista à época.

Não tenho a intenção de falar sobre os horrores do Holocausto. O assunto foi tratado por pessoas muito melhores do que eu. 

Entretanto, acredito que, ante tamanha desumanidade e, principalmente, diante da frieza com que o Holocausto foi realizado, é impossível ficar indiferente aos fatos que ocorreram.

Essa nossa incapacidade de ficarmos indiferentes ao massacre meticulosamente planejado de seis milhões de pessoas inocentes em um período de cerca de quatro anos, durante a mais devastadora guerra já travada pela humanidade, é provada pela imensa quantidade de filmes, documentários e livros produzidos sobre o assunto.

Infelizmente, genocídios como esse, ainda que em menor escala, acontecem todos os dias. Mas, talvez, aprendamos um dia.

Ainda assim, Paz e Bem!

sábado, 24 de outubro de 2009

"OBRIGADO, SENHOR"

Eu faço parte de um grupo de estudos que está tentando ler a Carta de Paulo aos Romanos, um livro bíblico. Nos encontramos aos finais de semana. O último encontro ocorreu ontem à noite.

Nesta reunião, tivemos a presença de um amigo, o Paulo, que falou um pouco sobre a perspectiva de sua leitura sobre Romanos.

Aqui, faz-se necessária uma introdução breve.

A Carta de Paulo aos Romanos é, provavelmente, uma das principais cartas do apóstolo e, uma das que mais oferece um esboço teológico completo de como Paulo - um judeu convertido ao Cristianismo - compreendia a usa nova perspectiva.

Um dos principais temas da Carta aos Romanos é a questão da Graça de Deus. A Graça é um dom gratuido da divindade, oferecido aos homens sem nenhuma conexão com qualquer tipo de ação humana. Explico-me: o favor de Deus é dado aos homens sem nenhuma necessidade de merecimento de nossa parte. A Graça é gratuita. A Graça é para sempre.  

Essa concepção, a de que somos reconciliados, perdoados, junto a Deus gratuitamente foi fundamental para o início da Reforma Protestante, no século XVI, uma vez que ela contrariava a noção então vigente no Catolicismo de que a nossa reconciliação com Deus só poderia ser alcançada mediante a realização de obras virtuosas.

Infelizmente, a idéia de que precisamos comprar o favor de Deus, ou, ainda pior, de que precisamos nos apropriar de Seu amor através de sacrifícios, ofertas, jejuns e outras parafernálias, é totalmente dominante na igreja cristã hoje, principalmente nas comunidades evangélicas, cuja raiz histórica é o Protestantismo.

Agora, podemos continuar.

Segundo Paulo, não o apóstolo, mas o amigo que participou da reunião ontem, é necessário descontruir a idéia de Deus e de Jesus, impressa nas mentes das pessoas pelas comunidades religiosas, se realmente temos a intenção de nos aproximarmos deles.

Esse processo passa necessariamente pela tomada de conhecimento de que Deus e Cristo, assim como suas ações e motivações, não podem ser comprrendidas pelo ser humano.

E é aí que entramos no mais espinhoso dos problemas.

Segundo o Cristianismo, Deus busca recriar relacionamentos com os seres humanos. O Deus cristão é relacional. E a base desse relacionamento é o amor. E o amor, como sabem os que de nós já tiveram relacionamentos interrompidos, só funciona como uma via de mnão dupla. Não adianta muito amar sozinho.

Nesse caso, como é possível amarmos um Deus cujas motivações não compreendemos, cujos propósitos e ações não podem ser encaixados em nossas pequenas visões de como o mundo e de como as nossas vidas deveriam ser?

O que acontece quando pedimos algo a Deus e a nossa oração não é respondida da forma como desejamos?

Ainda de acordo com Paulo, novamente, o amigo, e não o apóstolo, nossa resposta deveria ser uma só: "Obrigado, Senhor".

Para mim, honestamente, hoje isso é impossível. Talvez, com o tempo, eu consiga, mas, por enquanto, ainda estou aprendendo a perceber que não funciona dar sugestões a Deus de como Ele deve guiar a minha vida e os destinos da humanidade.

No final, só deveria restar a confiança no amor de Deus. E voltamos ao início.

Paz e Bem!

O QUE REALMENTE SE QUER DIZER...?

É interessante perceber o quanto eu sou treinado em mascarar a verdade. Com o tempo, percebo que isso é quase uma parte de mim mesmo e que, como todas as partes do meu corpo, é muito difícil me separar disso e, com certeza, o processo de extração, caso eu tentasse, seria doloroso.

É verdade. Sou mentiroso!

Fico feliz - e, até mesmo com uma pontada de inveja, eu admito - quando penso em você, leitor, que, com certeza, não é mentiroso.

Eu, por exemplo, me olho no espelho e, depois de dar uma arrumada no cabelo - ah, vaidade! - percebo que, sim, sou falso e mentiroso.

Como é fácil para mim mascarar a verdade, dando-lhe um ar de sofisticação!

Como é fácil para mim esconder as minhas verdadeiras intenções de fazer algo - qualquer coisa, na verdade - por trás de um manto de amizade e preocupação com os outros.

Como é fácil esconder o que realmente penso por trás de humor e brincadeiras.

É verdade: eu raramente digo o que quero dizer, no fundo, no fundo.

Ainda bem, leitor, que você não é como eu.

Paz e Bem! 

PAZ E BEM!

Os leitores deste blog já devem ter percebido que, invariavelmente, ao final de cada postagem na qual o texto é de minha autoria, sempre há uma mesma frase de encerramento:

Paz e Bem!

A escolha de uma frase que pudesse, de alguma forma, marcar todos os textos obedeceu a uma necessidade prática. Me explico: normalmente, os textos que publico em Com outros olhos são escritos sem uma grande preocupação com estilo, ou seja, não são revisados e, normalmente, não são elaborados de uma forma a apresentarem uma conclusão ao final.

São apenas textos e comentários, e não artigos ou tratados de qualquer espécie.

Assim, uma vez que eles são elaborados de momento, estes textos normalmente não possuem um grande final; na verdade, eles simplesmente param. E, por isso, eu quis encontrar uma forma de marcar o encerramento de todas as postagens por meio da adoção de uma frase, uma frase de despedida, por assim dizer.

Daí, minha escolha.

A opção por utilizar a expressão Paz e Bem! tem este objetivo: encerrar todas as postagens das quais eu sou autor de uma forma leve e, ao mesmo tempo, honesta.

Um pouco de História

A origem da expressão "Paz e Bem" remonta a Francisco de Assis, ou São Francisco, um dos mais radicais exemplos de seguimento às idéias de Jesus de que se tem notícia.

Pessoalmente, considero que o exemplo de São Francisco -  um homem que, após uma crise, abandonou bens e posses e dedicou-se a seguir os ensinamentos de Cristo por meio de um compromisso com a pobreza e a completa dedicação ao próximo - são ensinamentos inspiradores, ao mesmo tempo em que me mostram a pouca consistência do meu compromisso com esses valores.

Abaixo, eu transcrevo um texto que explica a origem da expressão franciscana "Paz e Bem". O texto foi retirado do website da Província Franciscana da Imaculada Conceição, e será grifado em itálico.

A saudação de Paz e Bem A saudação franciscana de "Paz e Bem" tem sua origem na descoberta e na vocação do envio dos discípulos, que São Francisco descobriu no Evangelho e, que ele colocou na Regra dos Frades Menores - "o modo de ir pelo mundo". Lucas (10,5) fala na saudação "A paz esteja nesta casa", e Francisco acrescenta que a saudação deve ser dada a todas as pessoas que os frades encontrarem pelo caminho: "O Senhor vos dê a paz".
No seu Testamento, Francisco revela que recebeu do Senhor mesmo esta saudação. Portanto, ela faz parte de sua inspiração original de vida: anunciar a paz. Muito antes de São Francisco, o Mestre Rufino (bispo de Assis, na época em que Francisco nasceu), já escrevera um tratado, "De Bono Pacis" - "O Bem da paz" e, que certamente deve ter influenciado a mística da paz na região de Assis. Haviam, então, diferentes formas de saudação da paz, entre elas a de "Paz e Bem".
A paz interior como fundamento da paz exterior
Na Legenda dos três companheiros (58), São Francisco dá para seus frades, o significado único para a paz:
"A paz que anunciais com a boca, mais deveis tê-la em vossos corações. Ninguém seja por vós provocado à ira ou ao escândalo, mas todos por vossa mansidão sejam levados à paz, a benignidade e à concórdia. Pois é para isso que fomos chamados: para curar os feridos, reanimar os abatidos e trazer de volta os que estão no erro".
Trata-se da paz do coração que conquistaram. Francisco exorta seus frades a anunciar a paz e a testemunhá-la com doçura, porque este é o único caminho de comunicação para atrair todos os homens para a verdadeira paz, a bondade e a concórdia.
A saudação da paz, como primeira palavra que os frades dirigem aos outros, tem o objetivo de abrir os corações à paz, isto é, à força espiritual interior: a paz interior da bem-aventurança e a paz proclamada e dirigida a todos, constituem uma única e mesma realidade.
O Bem da paz - o "Sumo Bem"
Deus Sumo Bem é a experiência fundamental de Francisco, o ponto de partida de sua espiritualidade. Nela se fundamenta a vida franciscana como resposta de amor, configurando o amado ao Amor. Portanto, "Bem" é Deus-Amor, é a caridade.
Deus, o Sumo Bem, chamou a todos a participarem do seu Ser, não no sentido de "soma de todos os bens divinos", mas Deus, enquanto "bem único". Por isso, a atitude típica de São Francisco é o êxtase adorante e a decisão de estar sempre a serviço deste Deus; um serviço que nasce da alegria da gratidão. É a atitude que projeta em Deus a completude de si mesmo, que leva a renúncia a tudo, até à posse de Deus. Francisco descobre neste "vazio", a presença de Deus, unicamente como "dom".
E é justamente este o sentido da resposta humana, a da conversão ao Bem, ao "Sumo Bem": aceitar Deus como centro absoluto da própria existência, e inserir-se no seu projeto tornando-se seu colaborador. Desta experiência nasce a "doçura", que enche a vida de Francisco, a sua necessidade de entregar tudo a Deus (pobreza), de render-lhe graças e louvá-lo sem cessar. Desta experiência nasce também a confiança de tudo arriscar, sabendo que Deus não o deixará desamparado.

"Paz e Bem" - A paz se constrói pela caridade

Portanto, a saudação franciscana de "Paz e Bem" é um programa de vida, é uma forma evangélica de viver o espírito das bem-aventuranças. Nestas duas 'pequenas' palavras se esconde um dinamismo e uma provocação: saudar alguém com "Paz e Bem" é o mesmo que dizer: o amor de Deus que trago em meu ser, é a mesma pessoa que reconheço nos outros e no mundo e, por causa d'Ele, devemos viver a caridade - o Bem - entre nós.
Daí que, a paz só se constrói por meio da caridade (o Bem), porque a caridade é "forte como a morte" (ct 8,6); à qual ninguém resiste e, quando vem, mata o mal que fomos para que sejamos outro bem. A caridade gera a paz. A caridade está na paz assim como o espírito da vida está no corpo. A caridade sozinha mantém firmemente unidos na paz os filhos da Igreja; faltando a caridade, esta paz se dissolve. A caridade vivifica os membros de Cristo, os une e os faz estar em harmonia num só corpo. Ela é como um cabo, em cuja parte superior foi aplicado um gancho que liga a divindade à humanidade, o cordão que o senhor colocou na terra e com o qual ergueu o homem para o céu" (Mestre Rufino).

Portanto, Paz e Bem!


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

COMENTÁRIO SOBRE OS TEMAS DESTE BLOG

Em geral, eventuais leitores deste blog já perceberam que possuo basicamente dois temas sobre os quais escrevo: em primeiro lugar, o leitor encontrará muitos textos sobre religião (meus ou de outros autores, como, por exemplo, os de autoria do pastor Caio Fábio), além de postagens sobre cinema.

Pouco pode ser lido atualmente sobre minha vida pessoal.

Sobre a grande quantidade de textos com os mesmos temas, tenho pouco a dizer: eles, obviamente, refletem o gosto pessoal do autor.

Quanto aos textos sobre religião, eu admito: gosto de estudar o assunto, e gosto de saber pelo menos um pouco sobre o maior número de religiões. Evidentemente, os leitores perceberam que minha orientação pessoal nesse sentido é cristã, e tendo mais para o cistianismo evangélico, do que para outras vertentes.

Essa orientação é fruto de minha experiência pessoal e do meu entendimento sobre o tema. Há pouco mais de um ano, frequento uma comunidade cristã evangélica chamada Caminho da Graça, em São Paulo, e muitos dos meus amigos pessoais também frequentam este grupo.

Além disso, me preparo para, a partir do ano que vem, fazer um Mestrado em Ciências da Religião, na PUC de São Paulo. Estou finalizando o processo de aprovação para o mesmo.

Já os textos sobre cinema refletem meu amor por esta forma de arte. Tenho procurado escrever comentários sobre filmes assistidos, com base em como esses filmes afetam minha forma de ver a vida; ou seja, não tenho escrito resenhas, mas apenas comentários.

No caso de textos de outros autores, tenho procurado fornecer os créditos sempre antes da inserção da postagem, juntamente com um endereço eletrônico onde o material possa ser encontrado.

Bom, caso você tenha lido o blog e gostado de algum texto, lhe convido a deixar um comentário. Mesmo se você achar algo brega...

Paz e Bem!

REFERÊNCIA

O texto que segue esta postagem foi escrito pelo pastor Caio Fábio e retirado de seu website. O endereço é http://www.caiofabio.com.br

Recomendo a leitura!

Paz e Bem!

MOVIMENTO PELA REGENERAÇÃO DA IGREJA NA HISTÓRIA


Nos dias da Reforma Protestante, 95 foram as teses. Hoje a tese é uma só: Se tudo é Graça de Deus, então, não há barganhas a serem nem propostas e nem aceitas, jamais.
Portanto, eis como segue:

1.    Há um só Deus, que se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo; sendo, no entanto, um só Deus; e tal realidade divina pode ser por nós apenas crida, mas jamais entendida. Ora, sem fé é impossível agradar a Deus!
2.    Tudo e todos os que existem foram criados por Deus e para Deus; e Deus ama a todas as Suas criaturas e criações; posto que sendo amor a natureza de Deus, tudo o que Ele criou por amor o criou.
3.    Deus é Amor; portanto, Deus é Graça; visto que somente no Amor há Graça; sendo também esta a razão de Deus haver feito o Sacrifício Eterno pela Sua criação e todas as Suas criaturas, antes mesmo de criar qualquer coisa; posto que o Cordeiro Eterno de Deus, que é também o Filho, entregou-se como Redenção e Remissão de pecados antes que qualquer coisa, ente, criatura ou dimensão tivessem sido criadas.
4.    As transgressões que houve e há na criação, não demandaram de Deus um “improviso”, um remendo; posto que a Graça do amor de Deus revelado aos homens não seja um improviso, mas a consecução do amor que já se dispusera a tudo por amor à criação antes de haver mundo.
5.    Deus é amor, é, portanto, Pessoa; pois não há amor sem pessoalidade. Por isto ao criar seres capazes da pessoalidade, Deus chamava a Sua criação a um vinculo de relacionalidade com Ele, em amor, verdade e graça.
6.    Sendo Deus Eterno e Infinito, e o homem mortal e finito, não há meios de o homem ou qualquer criatura discernirem Quem Deus é a menos que Deus faça revelação de Si mesmo.
7.    Portanto, tudo quanto de Deus possa ser sabido nos vem exclusivamente por revelação; seja a revelação Dele mediante a Natureza das coisas criadas, seja pela iluminação da consciência, seja pelas Escrituras que decorreram da fé de Abraão, seja pela ciência como apreensão da revelação livre que Deus faz de Si mesmo.
8.    A Palavra de Deus, portanto, se manifesta de muitos modos; entretanto, uma só é a Palavra; e toda a sua revelação está manifesta em Jesus, que é o Verbo Eterno, a Palavra antes de qualquer Natureza, Consciência, Ciência ou Escritura; posto que somente em Jesus seja possível discernir Deus em Sua plenitude de revelação aos homens. Afinal, Jesus disse: “Quem me vê a mim, vê o Pai” [...] “Eu e o Pai somos Um”.
9.    Sendo Deus Eterno e totalmente transcendente ao homem, tudo o que Dele nos venha é Graça; e sem Graça, favor divino em todas as coisas, nada pode ser por nós apreendido como bem eterno em razão de nossa incapacidade de discernir o Eterno e Infinito, especialmente quanto a aprender a Sua vontade.
10.                       Além disso, pela mesma razão, somente se pode manter relação com Deus mediante a fé, posto que a fé se abra para todas as coisas, visíveis e invisíveis; e mais: somente a fé não conhece impossível; portanto, somente pela fé se pode manter vinculo com Aquele está para além de toda compreensão.
11.                       Ora, sendo Jesus o Cordeiro Eterno de Deus que se manifestou na História, o fez no mesmo espírito da Graça Eterna, a mesma concedida à criação e às criaturas antes que houvesse mundo. Por isto Jesus não é o Deus dos cristãos, nem de qualquer grupo humano, nem o fundador do Cristianismo, nem o Deus dos crentes que assim se confessem apenas pela filiação a uma agremiação religiosa... Antes pelo contrário, Ele é a verdadeira Luz que vinda ao mundo ilumina a todos os homens; posto que Jesus tenha sido apresentado a nós como pertencendo a uma Ordem Sacerdotal Superior, não religiosa, não humana, e que é descrita como sendo a Ordem de Melquizedeque, na qual todos os seres humanos, sabendo ou não de tamanha Graça a eles disponível em Cristo, nela estão incluídos por uma decisão unilateral do amor de Deus; posto que Deus estivesse em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo.
12.                       Desse modo, tudo quanto concerne ao homem como necessidade, surge de Deus como solução do amor na Graça; a saber: arrependimento, fé, salvação, redenção, perdão, justificação, alegria, santificação e esperança eterna. Assim, não há nada que seja essencial ao homem que seja provisão do homem para o homem; pelo contrário, tudo provém de Deus.
13.                       Por esta razão o povo de Deus é o Povo da Graça; pois, quem quer que esteja em Deus só o está em razão de ter sido incluído gratuitamente em tão grande salvação.
14.                       Além disso, esse Povo de Deus é chamado a tornar-se seguidor de Deus nos passos de Jesus; e, por isto, só é Povo de Deus [e, portanto, Igreja], aquele que se entregar a Deus apenas crendo que no Cordeiro Eterno, Cristo Jesus, Tudo Está Consumado; não restando ao homem nada a fazer a fim de completar o que já estava Feito antes de haver mundo.
15.                       É porque o Evangelho é assim, e porque Jesus assim ensina, e, além disso, por ter sido apenas este o Fundamento Apostólico sobre o qual a revelação da Nova Aliança se deu, é que afirmamos com temor e santo temor que:
15.1.    O que se fez nesses 1700 anos de História Cristã Romana, da qual a própria Reforma Protestante não deixou de ser herdeira, rompendo com muitas coisas, mas não com todas, tornando-se assim, de certa forma, apenas uma Re-forma, mas não uma Revolução de sentidos, conteúdos, e, sobretudo, de simplificação não de formas, mas de espírito — é ainda algo totalmente insatisfatório; posto que seja ainda um reformar, mas não uma ruptura de conteúdos, de dogmas, de doutrinas humanas, de lógicas mundanas, todas elas criadas pelo Pai do Cristianismo e seus auxiliares históricos: o Imperador Constantino.
15.2.       Que o que provocou a Reforma nos dias dos Reformadores do Século XVI, tornou-se algo revivido com ênfases e disfarces de maldade ainda maior entre nós, hoje; posto que agora tudo seja feito com máscaras do “nome de Jesus”, porém, com modos que fazem as vendas de Indulgências que deram pavio ao fogo da Reforma, tornarem-se temas inocentes de presépio infantil.
15.3.         Que as barganhas, as negociatas, as campanhas de exploração da credulidade do povo, o uso perverso da Bíblia, o espírito de troca e comercio, as maldições e ameaças pronunciadas “em nome de Jesus”, os novos apóstolos do dinheiro e da prosperidade, o desenfreado comercio da fé como produto, a utilização de todos as formas de manipulação e engano, as inegáveis manifestações de ações criminosas em nome da fé, o uso político da igreja e do nome de Jesus, e tudo quanto entre nós hoje se define como “igreja” e sua prática histórica, não mais é que um estelionato sem tamanho e medida, e que faz a Igreja Católica do Século XVI uma entidade de bruxos aprendizes daqueles que entre nós hoje são pastores, bispos, apóstolos e candidatos diabólicos à divindade.
15.4.    Que não é mais possível usar termos como “evangélico”, que deveria significar “aquilo que carrega a qualidade do Evangelho”, nem termos como “Igreja”, que deveria apenas ser a assembléia dos crentes no Jesus dos Evangelhos — posto que “evangélico” tenha se tornado aquilo que no Evangelho é descrito como sendo anti-evangélico, e “Igreja” tenha se tornado aquilo que no Evangelho é apenas uma multidão perdida e sem pastor, tamanho é o descaminho dos seus guias e condutores do engano.
15.5.      Que não é mais possível conviver passivamente com tamanho engano blasfemo, sob pena de nos tornarmos indesculpáveis diante de Deus, desta geração, e das que ainda virão.
15.6.    Que hoje se ouve a Voz de Deus, dizendo como fez antes muitas vezes, e no futuro ainda voltará a dizer: “Sai do meio dela, ó povo meu!” Sim, pois “o Senhor conhece os que Lhe pertencem”; e deseja separar Seu Povo do convívio perverso não no “mundo”, mas, sobretudo, no “ambiente chamado ‘igreja’”; posto que, pela anuência silenciosa, estamos corroborando o engano para aqueles que não sabem discernir entre a mão direita e a esquerda.
15.7.    Portanto, convidamos a todo aquele que ainda crê em Jesus segundo a pureza do Evangelho, que assuma hoje, e para sempre, uma total ruptura com tudo aquilo que se disfarça sob o nome de Jesus, mas que nada mais é do que manifestação do engano, até que chegue o Dia quando todo “Senhor, Senhor” que não teve correspondência de obediência ao Evangelho, de Jesus ouvirá o terrível “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim todos vós que praticais a iniqüidade”.
15.8.    Aqui, sem alarde, com total sinceridade no Evangelho, convidamos você a abraçar a busca da Regeneração; pois, o que a “igreja” precisa a fim de se tornar Igreja, segundo Jesus, é de Regeneração, de conversão, de arrependimento e de iluminação do Evangelho na Graça de Deus.
15.9.    Portanto, não temos barganhas a fazer com tudo aquilo que, mesmo sendo anunciado “em nome de Jesus”, nada tenha de Jesus e do Evangelho; e assim fazemos porque temos certeza de que seremos cobrados por Deus se nos mantivermos alheios, silenciosos, perversamente educados no nosso assistir da mentira na sua prevalência histórica contra a verdade e a simplicidade do Evangelho.
15.10.                     Estas são as teses puras e simples deste momento/tempo de Busca de Regeneração de nós mesmos no Evangelho. Quem diz amém ao Evangelho de Jesus, esse não temerá viver todas as implicações dessa decisão proposta não como Reforma, mas como Regeneração.



Nele, que nos chama a servi-Lo hoje, nesta geração, pois a ela estamos endividados pelo conhecimento da Verdade em Jesus,


Caio Fábio D’Araújo Filho

CRISES, INSÔNIA & CRISES DE INSÔNIA

Estou para descobrir se é verdade o que dizem sobre a insônia: que ela pode ser produtiva algumas vezes.

Assim como a insônia, as crises podem ser produtivas, quero dizer, podem ajudar a promover coisas boas, mas acho que, se algo bom pode vir de uma coisa realmente ruim, isso demanda um tempo.

Certo? Ou errado?

Os psicólogos dizem que as pessoas não mudam. Na opinião desses profissionais, as pessoas simplesmente se adaptam às circunstâncias e vão tocando a vida.

Quanto a mim, cada vez que paro um pouco para pensar a respeito, fico triste ao ver o pouco que mudei em tantos meses.

Talvez a chateação seja boa, no final das contas, já que ela ajuda a tomar algumas decisões.

E uma das decisões importantes recentemente foi a de ouvir os outros, mesmo quando as pessoas não dizem nada.

Para isso, é necessário exercitar-se um pouco na arte de ficar em silêncio. Afinal, é só no silêncio que você pode ouvir certas coisas. Barulho demais confunde tudo.

Bom, estou em silêncio. Tomara eu possa ouvir as coisas de que preciso.

Paz e Bem!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

UM HOMEM BOM

O filme Um Homem Bom (Good, no original inglês), de 2008, narra a trajetória do acadêmico John Halder que, de professor de literatura em uma universidade em Berlim, na década de 1930, passa a ser uma figura importante dentro do movimento nazista.

A ascensão de Halder acontece com a publicação de um romance de sua autoria, no qual ele defende o direito à eutanásia (a supressão da vida de pacientes com doenças crônicas e incuráveis). O livro, ou ainda, a proposta de Halder, é utilizada pelos nazistas como forma de defender sua própria política de "higiene racial", o que, anos mais tarde, a partir de 1942, precisamente, com a adoção da "Solução Final", levaria aos massacres de judeus, homossexuais e de minorias étnicas.

Após o reconhecimento do livro, Halder é convidado pela Chancelaria do Furher a escrever um ensaio defendendo a eutanásia.




No filme, o professor, inicialmente um opositor do nazismo, se bem que afastado de qualquer atividade política de oposição à Hitler, passa a colaborar com o regime, chegando a capitão da SS, órgão especial do regime, diretamente ligado aos massacres nos campos de concentração.

No processo, Halder falha em ajudar o seu melhor amigo, um psicanalista judeu, de escapar à perseguição. O psicólogo morre em um campo de concentração.

A principal questão abordada no filme diz respeito a como foi possível que um homem decente como Halder passasse a apoiar o regime nazista e, inclusive, a fornecer subsídios a suas políticas?

No caso do professor, a razão principal foi o acesso promovido pelo governo a ele, a partir de sua adesão ao regime. Halder é transformado em chefe do departamento da universidade em que leciona e recebe outras vantagens.

Em termos gerais, o filme é bastante parecido com o abordado no filme Mephisto, de 1981, obra-prima do cinema político dirigida por István Szabó.



Em Mephisto, acompanhamos a história de um ator alemão, Klaus Hoefgen, originalmente de tendências socialistas, que passa a ser o principal ator do Terceiro Reich, com todas as implicações que o comprometimento com o regime nazista ocasionava. 


Mas, como é possível julgar homens como Halder ou Hoefgen? Será que agiríamos diferente na sua situação?

O problema é que a vida é feita de escolhas e, muitas vezes, uma escolha leva a outra. E esse é o problema: não temos como voltar atrás e eliminar aquela primeira derrapada.

Paz e Bem!

UMA ORAÇÃO DE THOMAS MERTON


Senhor, Meu Deus, não tenho idéia para onde estou indo. Não vejo o caminho adiante de mim. Não posso saber com certeza onde terminará. Nem sequer, em verdade, me conheço. E o fato de eu pensar que estou seguindo tua vontade, não significa que realmente o esteja. Mas acredito que o desejo de te agradar te agrada, de fato. E espero ter esse desejo em tudo que estiver fazendo. Espero jamais vir a fazer alguma coisa distante desse desejo. E sei que, se agir assim, tu hás de me levar pelo caminho certo, embora eu possa nada saber sobre o mesmo. Portanto, hei de confiar sempre em ti, ainda que eu possa parecer estar perdido e sob a sombra da morte. Não hei de temer, pois tu sempre estás comigo, e nunca hás de deixar que eu enfrente meus perigos sozinho.




quarta-feira, 21 de outubro de 2009

REFERÊNCIA

O texto que segue esta postagem foi escrito pelo pastor Caio Fábio e retirado de seu website. O endereço é http://www.caiofabio.com.br

Recomendo a leitura!

Paz e Bem!

O QUE MAIS FALTA A JESUS?...


Paulo nos diz que a letra mata [mesmo que seja letra da Escritura…]; que o exercício que tenta ver mágica de revelação na exegese, é tolice [prova disso é o modo como ele “usa” as Escrituras do Antigo Testamento]; que qualquer “interpretação” que não seja via Encarnação, ou seja: centrada exclusivamente em Jesus — é engano religioso que presume ler tudo o que foi dito como “interpretação correta”...
Como poucos [...] Paulo entendeu que o Evangelho era Jesus e que Jesus era o Evangelho; e que tudo o mais que tivesse havido e sido escrito antes, como “Escritura”, agora, depois de Jesus, depois da Encarnação, depois de Emanuel: Deus conosco — teria que ser submetido ao espírito de Jesus, ao espírito do Evangelho; pois, na Velha Aliança se poderia invocar a Deus para que mandasse fogo do céu para consumir os adversários, mas, em Jesus, a mesma idéia antiga de “poder espiritual”, fora completamente banida, repreendida e abominada por Ele, que, ante tal proposta de piedade perversa [que eu chamo de peidade...] feita por João, apenas respondeu com a seguinte afirmação: “Vós não sabeis de que espírito sois!...”
Toda Escritura é inspirada por Deus e apta para o ensino, a correção e a educação na justiça” — dizia Paulo; embora, ao assim dizer, não transferisse para as Escrituras nada além do poder de testemunhar Jesus, no que [...] e se [...] ela desse testemunho de Jesus; posto que para os apóstolos [e João declara isso], “o testemunho de Jesus era o espírito de toda a profecia”; ou seja: a finalidade de toda a Palavra escrita [...] era ser apenas, agora, testemunho da verdade dos fatos do encontro entre a humanidade e Deus, e, depois, entre os hebreus e Deus, e, ainda depois, acerca de Israel como nação e Deus como o Senhor das nações; e, agora, em Jesus, era o testemunho que não se poderia entender antes de haver Encarnação; por isto, para Paulo, Jesus era a Chave Hermenêutica para a compreensão das Escrituras...
Assim, em Jesus, se tem a separação nas Escrituras de tudo quanto fosse circunstancial, passageiro, cultural, histórico, necessário ao tempo, de um lado, e, de outro lado, tem-se o que é permanente, o que é definitivo, o que é eterno, o que é Evangelho antes da manifestação histórica do Evangelho...
Depois de Jesus a Bíblia é a coletânea de livros nos quais se pode encontrar o testemunho histórico/profético acerca de Jesus, mas não se tem nada além disso...
Por exemplo, depois de Jesus a leitura se inverteu... Já não se lê as Escrituras em busca do Messias, mas, a partir do Messias se lê o todo das Escrituras; visto que, depois de Jesus, tudo quanto não seja Evangelho segundo o espírito de Jesus, ainda que esteja escrito na Bíblia, caiu [...], segundo Paulo e o escritor de Hebreus [...], em estado de obsolescência e caducidade...
Sim, Jesus é tudo; e quem não considere Jesus assim [...], ainda não entrou no reino do entendimento segundo Deus.
Este é um fato ante o qual não há barganhas a propor...
Ou é assim..., ou, então, ter-se-á tudo com a grife Jesus, mas de Jesus mesmo não se terá nada...
Há, todavia, aqueles que se escandalizam quando digo que Jesus é o Único Verbo, a Única Palavra Eterna; e que o mais... [a Bíblia toda], é testemunho humano, inspirado; sim, testemunho dessa esperança ou dessa fé, mas não é nada..., além disso...; visto que em Jesus, e não na Bíblia, é que estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento...
Sem tal visão tudo é idolatria...
Sim, a Bíblia vira ídolo, as Escrituras ficam maior que Jesus, e as doutrinas da “igreja” se tornam a “etiqueta comportamental de Deus”, conforme definida pelos homens...
Ou seja: porque deixou de ser assim é que herdamos a desgraça do “Cristianismo de Constantino”, que é o que se tem como “igreja” e “crença” em Jesus até hoje; mas que nada tem a ver com o Evangelho; posto que tudo tenha sido construído a partir da Bíblia como livro e dos “mestres” como decodificadores da revelação; e, em tal caso, Jesus tinha que se harmonizar com o todo da Escritura, e não a Escritura se harmonizar a Jesus [...].
Para os apóstolos, no entanto, se requeria a coragem de deixar de fora tudo quanto não coubesse mais [...] ante o avanço revelado da vontade de Deus encarnada em Jesus.
Esta é a coragem de ruptura que também se demanda de quem quer que queira tornar-se discípulo de Jesus, e de Jesus somente...
Você tem outra pretensão?...
Ora, nossa única pretensão deveria apenas ser o tornarmo-nos cartas vivas [...], evangelhos de carne e sangue [...], epistolas de reconciliação [...], escrituras feitas de inscrição no coração...
Sim, pois em Jesus, tanto como promessa feita pelos Profetas, como também mediante o Seu próprio Prometer aos Seus [todos] discípulos — está dito que todos os que Nele cressem seriam evangelhos andantes [...], cartas hebréias em sua mobilidade no caminho [...]; ao ponto de Paulo declarar que nosso chamado é para sermos cartas vivas, escritas pelo Espírito do Deus vivente; cartas essas vistas e lidas por todos os homens, mediante os nossos atos de amor, e nossa visão tomada pela mente de Cristo, que é o Evangelho.
Doutrina certa segundo Jesus é vida vivida em amor...
O que passar disso é Cristianismo, não Evangelho!
Pense nisso!


Nele, que é tudo que como tudo eu precise nesta vida ou em qualquer outra forma de existência,

Caio