A sala é escura, com mesas e computadores por todo o lado. Eu e um amigo conseguimos, depois de passarmos algum tempo procurando, encontrar dois computadores vagos, lado a lado. Nos sentamos.
É o nosso primeiro dia no trabalho e estamos ávidos por fazer alguma coisa e, principalmente, conquistarmos mentes e corações com o nosso entusiasmo e brilhantismo.
Na verdade, esse é o meu desejo.
Mas ninguém nos explica nada, ou sequer fala conosco.
Quando temos de fazer alguma coisa, escrever uma matéria ou irmos a algum outro lugar do prédio, a tela do computador simplesmente pisca e, com um toque no mouse do computador, a ordem toma forma física.
Me pedem para escrever uma resenha sobre o novo disco do Paulo Ricardo.
"Paulo Ricardo? Do RPM? Ele ainda grava discos?", eu pensei, em silêncio. Quando percebi que eu não tinha o CD e nem nada parecido, achei melhor falar com a chefe.
- Oi.
- Oi, ela respondeu.
- Meu nome é Thiago.
- Eu sei.
- Eu sou novo aqui. Tenho de escrever uma resenha sobre o CD do Paulo Ricardo, mas não tenho o CD.
- Vai até aquela sala, do outro lado do corredor. Tem uma máquina lá. Pode ouvir. Depois, escreve.
- Sim, senhora, respondi.
Fui até a sala, ouvi o maldito CD e, quando voltei, descobri que meu amigo tinha sido mandado fazer uma reportagem na rua. Também descobri que eu estava sem computador, porque outra pessoa tinha começado a usar.
Desisti. Fui beber água e fumar um cigarro.
Desisti. Fui beber água e fumar um cigarro.
Frequentemente, sonho que ainda sou jornalista. A rotina é sempre a mesma: muita confusão, vivo perdido, sem saber como fazer as coisas que me pedem.
Não sinto muitas saudades dessa época.
Paz e Bem!
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