domingo, 31 de janeiro de 2010

À ESPERA DE UM CHURRASCO

E então, eu comprei uma Coca-cola dois litros, separei um vinho da minha vergonhosa "adega" particular e fui ao churrasco. Passei na casa do meu filho, peguei o marmanjo e lá fomos nós.

Mas eu e o meu filho, cara de um, focinho do outro, sabíamos apenas o nome da rua; não sabíamos o prédio e, muito menos, o apartamento.

O que faremos?, perguntei eu.

A gente vê, ele me respondeu.

Mas, como Deus nunca abandona seus filhos, e nem crápulas como nós, foi então que surgiu o Santana, um dos meus coleguinhas de faculdade. Sem ele, Deus abençoe os que não bebem cerveja, nós teríamos ficado eternamente à deriva, à espera de um churrasco.

E lá fomos nós, antes a Dupla Dinâmica, agora, o Trio Ternura, em direção à varanda do apartamento de Paulinha, nossa parceira de questionamentos sociológicos-antropológicos-psiológicos-culturais.

Foi uma tarde maravilhosa. Reunimos vários amigos, pessoas queridas que eu não via há vários anos. E é verdade que o tempo, esse inclemente inimigo nosso, não pode mudar tudo.

O tempo é impotente diante de grandes amigos. Contra isso, ele não é nada demais. Podemos ficar sem nos ver durante anos, mas, quando nos reencontramos, é como se acabássemos de sair para o intervalo de uma aula.

E foi exatamente essa a forma que me senti. Contamos piadas - aparentemente, eu vivia roncando em algumas aulas na faculdade e era um tanto quando conservador e tinha ojeriza de pessoas de precária situação econômica - lembramos nossos causos e comemos muito bem e bebemos mais do que deveríamos.

E, como nem só de carne, cerveja, whisky e cigarros vive o Thiago, após o churrasco, eu e uns poucos destemidos encontramos força  e disposição para encerrarmos o sabadão em um sambão.

E, se somos amigos, você sabe o quanto o Thiago aqui gosta de um skidum-dum-dum!

Agradeço pelos velhos amigos que estiveram presentes; para eles, aquele abraço cheio de amor, mesmo que nos vejamos em um futuro de cabelos grisalhos e pés de galinha! Aos novos, sejam bem-vindos!

Paz e Bem!

sábado, 30 de janeiro de 2010

DÚVIDA

Acabo de assistir o filme "Dúvida", produção norte-americana de 2008, baseada na peça teatral de John Patrick Shanley. A película foi adaptada pra o cinema e dirigida pelo próprio criador.

 

 "Dúvida" -  "Doubt", em seu título original - é uma peça teatral vencedora do Prêmio Pulitzer em 2005, uma das mais renomadas premiações concedidas aos autores literários e a repórteres nos Estados Unidos da América (EUA).

A peça aborda o dia a dia de uma escola católica no Bronx, bairro da cidade de New York, em meados da década de 1960. A escola é dirigida pela irmã Aloysius, interpretada pela atriz veterana Meryl Streep. Aloysius, uma mulher que se tornou freira após a morte do seu marido na II Guerra Mundial, dirige a escola com mão de ferro, atenta a tudo e a todos.

Do outro lado do ringue, temos o Padre Flynn, interpretado pelo ator Philip Seymour Hoffman, um padre progressista. 

No meio da batalha, e como suas principáis vítimas, temos a comunidade e as crianças que estudam na escola.

Mais do que duas visões de como deveria ser a atuação da Igreja Católica no mundo - de um lado sua postura conservadora, defendida por Aloysius, e, de outro, sua versão moderna e aberta ao diálogo, defendida por Flynn - vemos como duas pessoas vêem a vida e, como consequência, relacionam-se com as pessoas.

A batalha começa a se decidir quando um estudante negro chega à escola. Hoje, o bairro do Bronx é basicamente ocupado por afro-americanos, mas, na década de 1960, sua população era basicamente formada por italianos, irlandeses e seus descendentes.

Os estudantes reagem à cehgada do novo aluno por meio do silêncio. A criança sofre provocação das outras e sua existência é solenemente ignorada. 

Assim, o novo aluno volta-se para o serviço da igreja e inicia uma amizade com o padre, que se solidariza com sua situação.

Mas a amizade entre os dois - o estudante de 12 anos e o padre - é interpretada como um sinal de desvio do religioso pela diretora da escola, que passa a procurar provas de um relacionamento sexual.

Temas: crime, castigo e compaixão

Racismo, preconceito, intolerância... Esses são os temas do filme "Dúvida". Ou seja, temas atuais, que podem ser discutidos em qualquer livro, peça ou filme, não importando a época ou o cenário em que suas tramas se desenvolvem. 

No caso de "Dúvida", existe também a questão da pedofilia (relações sexuais entre adultos e crianças), prática infelizmente comum entre uma minoria de sacerdortes da Igreja Católica, apesar de reprimida e punida pela instituição. 

Do ponto de vista ético, ou moral, o tema do filme dúvida é a questão do pecado, do erro ou crime, e sua punição. E aqui, não importa se o crime em questão é um fato ou não, uma vez que a suspeita e a maledicência agem por contra própria, independente dos fatos concretos.
A igreja (a instituição em si, não suas fragmentações particulares) e o Estado, definiram o ato transgressor, respectivamente, como pecado e como crime. Para a igreja, alguns atos são passíveis de excomunhão, ou seja, a separação do indivíduo de sua comunidade religiosa, o mesmo que equivale a uma morte espiritual ainda em vida. Em alguns países, existe a pena de morte. 

Ou seja, existe em nós a crença de alguns atos, por sua própria natureza, tornam a pessoa irrecuperável e, até mesmo, cancelam o seu direito à vida. 

O que nos leva à questão da compaixão. É possível, ou moralmente aceitável, demonstrar compaixão e perdão por criminosos ditos irrecuperáveis, ou, mais simplesmente, por pessoas que cometeram atos por nós definidos como intoleráveis?

Essa é uma resposta que pode ser dada por cada indivíduo, diante de cada transgressão ou tragédia.
O problema é que, se dependermos de nossa reação pessoal ante a tragédia privada, dificilmente escaparemos ao "olho por olho, dente por dente". E, se fizermos isso, eventualmente, todos ficaremos cegos e banguelas. 

Outra opção seria deixar essa decisão às instituições. Mas elas estão completamente desacreditadas, de uma forma ou de outra, em um nível ou outro. Não confiamos no Estado; não confiamos na igreja. Estamos ficando mais inteligentes com o passar dos anos...

Pessoalmente, acredito no poder da compaixão, no poder regenerativo do amor. Mas admito que amar e perdoar são exercícios extremamente dolorosos, uma vez que, em última instância, exigem a morte do orgulho e do nosso "direito" à justiça.

Ainda assim, o amor é sempre a melhor resposta. 

Paz e Bem!

NOVAMENTE, O TEMPO E O VENTO

Descobri que a saga "O Tempo e o Vento", de Érico Veríssimo, se desenvolve em um total de oito livros, ocupando cerca de quatro mil páginas.

Ainda assim, mantenho o meu propósito.

Esta era uma correção necessária a se fazer.

Paz e Bem!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

UM CERTO CAPITÃO RODRIGO

Estou assistindo a "O Tempo e o Vento", aquela minissérie da Rede Globo, da década de 1980, baseada no romance de Érico Veríssimo.

Sim, estou assistindo. Como se trata de uma minissérie, a Rede Globo resolveu condensar a obra em dois DVDs, com um total de sete horas e meia de duração.

O romance "O Tempo e o Vento" narra a trajetória da família Terra, depois, Terra Cambará, no Rio Grande do Sul, desde o final do século XVIII até a consolidação da República brasileira, em 1895.

Depois de assitir boa parte da adaptação, resolvi que vou ler o livro. Essas coisas funcionam assim comigo. Preciso saber mais. Preciso ver mais. Sempre.

A outra conclusão a que cheguei é que não quero mais ser como o Capitão Rodrigo Cambará. 

Quando eu era criança, e assisti a minissérie pela primeira vez, me lembro de ter adorado a figura do Capitão Rodrigo, interpretado por um jovem Tarcísio Meira. 

Me lembro, inclusive do trauma que marcou a minha infância quando ele morreu! Sim, eu não conseguia acreditar. 

Hoje, sei que vidas violentas terminam de modo violento. Essas pessoas dificilmente morrem na cama, pois uma morte tranquila seria um contra-senso. Normalmente, essas pessoas, afeiçoadas à batalhas, simplesmente morrem, sem se importar tanto com as pessoas que sentirão a sua falta.

Mas está sendo bom rever o elenco da Globo antes do botox e das plásticas, quando ainda fazia alguma diferença se esforçar para ser um bom ator ou atriz.

E está sendo ótimo rever a minissérie e lembrar de certos momentos da infância, quando eu vi "O Tempo e o Vento" pela primeira vez!

Paz e Bem!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

EU AMO SÃO PAULO

É impressionante como a Prefeitura de São Paulo, capitaneada pelo afilhado do governador e provável candidato à derrota nas eleições este ano, o Sr. Gilberto Kassab, se esforça para arrancar os nossos centavos.

Alguns exemplos: aumento do preço do ônibus, aumento das áreas de estacionamento zona azul, que, obviamente, são pagos, a famosa indústria da multa e, agora, até a inspeção veicular.

O objetivo, falso, da inspeção veicular, é ver se seu carro não é poluente e ajudar a contribuir com a qualidade do ar do município. Até aí, palminhas para o prefeito.

Mas, então, porque cobrar R$ 56 pelo serviço??

Pára de mexer no meu bolso, demo safado!

Paz e Bem!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ORAÇÃO

Depois de tanto tempo, finalmente tive uma resposta aos meus pedidos e às minhas súplicas.

Todos os sinais, coincidências e sonhos, simplesmente foram falsos e vazios. Uma promessa cuja única realidade era o desejo do meu coração.

Não estou feliz. Não estou satisfeito. Sou mimado; quero as coisas sempre do meu jeito.

Continuo o mesmo, com os mesmos propósitos e determinado. Absolutamente nada mudou; nem vai mudar.


Agradeço, mesmo que a resposta não seja aquela que lhe pedia.

Obrigado mesmo assim.



Paz e Bem!

VÍCIOS OU VIRTUDES, O NOSSO DILEMA

Hoje, no oráculo do Orkut, está escrito que "conhecimento é a única virtude, e ignorância o único vício".

Acho que nunca li uma bobagem tão grande. Pelo menos, sei que não li nada tão sem pé nem cabeça nos últimos dias.

Sim, existem outras virtudes, além do conhecimento. E, com certeza, a ignorância não é o único vício à nossa disposição.

Essa era a opinião dos gregos: o erro humano tinha suas raízes na ignorância. Por isso, dedicaram-se aos estudos e a Grécia se tornou um templo do conhecimento.

Mas eles viraram colônia de Roma.

A verdade é que não existem receitas.

Ou melhor, a única receita é fazer o melhor possível, a cada dia. Considerando que o que fiz ontem não me vale de nada, a não ser como experiência. Considerando que as coisas mudam e que, neste mundo de pernas pro ar, às vezes, nem sempre, o vício também pode ser uma virtude.

Mas, quem sou eu para filosofar?

Paz e Bem!

PERFEIÇÃO

Eu nunca serei perfeito.

Arrumo de um lado, derrapo do outro. Conserto o encanamento, mas, semanas depois, lá está, de novo, aquela mancha negra de infiltração!

Se eu dependesse de minhas boas ações e atos caridosos para ter paz com Deus, se eu acreditasse nisso, minha vida seria um stress. E eu, ainda mais neurótico do que já sou.

Sai pra lá, Juvenal!

Nunca serei perfeito. Mas me contento em ser o melhor que eu puder ser.

Sem brincadeiras, mas levando isso a sério.

Agora, trabalho, oro, descanso e medito para saber qual é esse melhor.

Como Jesus é meu referencial, sempre, levo a sério suas palavras, e sei que, para ter paz com Deus, apenas duas coisas são necessárias:

A primeira, homenzinho, é: ame a Deus com todas as suas forças;

E a segunda - essa é a que realmente pega, já aviso - é: ame ao próximo, mesmo que quando distante, como a si mesmo.

Mas o que fazer se não nos amamos? Se nos perdemos em meio ao barulho da vida moderna, com suas necessidades básicas desnecessárias, com suas amizades superficiais, com sua reflexão tosca?

Eu tenho uma receita: não fecho meus olhos, eu os abro o máximo possível. E fico atento. Sempre.

Pois já perdi tempo demais estando inconsciente. E coisas boas foram perdidas.

Paz e Bem!

ESPIRITUALIDADE

A Espiritualidade de uma pessoa pode se manifestar de várias formas.

A Espiritualidade, eu começo a aprender, não depende de igrejas, templos, terreiros ou centros espíritas. Muito menos, de pastores, padres, pais de santo, ou seja o que for.

Deus não precisa de telhados; muito menos de intermeidários.

A Espituralidade não precisa de livros, rituais ou amuletos.

Deus sopra ao coração do homem, e, paciente como ele é, apenas espera por nossa resposta.

A Espituralidade é. Ou a pessoa cultiva a riqueza de uma vida interior, espiritual, ou não.

Por isso, podemos encontrar uma grande força espiritual onde menos se espera, como uma reunião de alcóolatra ou viciados em droga em recuperação.

Felizmente, Deus não é pequeno como nós. Ele se manifesta onde bem entende, da forma como acha melhor.

Devíamos saber disso a esta altura, mas somos burros demais.

Paz e Bem!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

BATALHA EM SEATTLE

"Não é a hora de vidas humanas serem mais importantes do que o lucro?".

Esta é a pergunta feita por um médico da organização não-governamental (ONG) Médicos sem Fronteiras, durante uma reunião sobre a reavaliação de patentes de medicamentos, realizada durante uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Seattle , EUA, em 1999.

Esse médico estava horrorizado com a indiferença das companhias farmacêuticas em relação ao sofrimento dos povos do Terceiro Mundo, que estão morrendo por serem incapazes de pagar por medicamentos.

Esta cena, que em seus elementos essenciais, se repete ao redor do globo milhões de vezes por dia, está registrado no filme Batalha em Seattle (Battle in Seattle, no seu original), uma produção norte-americana em estilo de semi-documentário. Tive a sorte de assistir a esse filme hoje.




No filme, vemos os fatos que cercaram a reunião da OMC, na qual milhares de manifestantes protestaram contra os métodos em que o comércio mundial está organizado.

E quais seriam esses problemas: exploração brutal dos trabalhadores, total desrespeito ao meio-ambiente, retaliação contra os países subdesenvolvidos, entre outras características adoráveis.

Os protestos que aconteceram em 1999 foram pacíficos mas, ainda assim, foram reprimidos com extrema brutalidade pela polícia local. A administração municipal chegou a declarar estado de emergência na cidade, medida que inclui o famigerado toque de recolher.

No filme, vemos como a polícia de Seattle, orientada por políticos e outros grupos de interesse, utilizaram da brutalidade contra manifestantes não-violentos e desarmados.



  
A primeira foto é uma imagem do filme. A segunda registra a manifestação real

Bom, e agora? Depois de mais de uma década, alguma coisa mudou? Na verdade, será que é possível mudar alguma coisa, já que as leis do comércio internacional, por sua própria natureza, estão acima dos limites nacionais? Outro questionamento: o que eu posso fazer? 

Honestamente, a maior parte dessas respostas teria de ser negativa. 

Mas podemos ser opositores de consciência. Devemos ser contra o que é imoral, contra aquilo que vai contra valores humanos. 

E, infelizmente, o sistema de comércio mundial, asism como seus sucedâneos, como a política industrial dos países desenvolvidos, por exemplo, vai contra todo e qualquer valor humano moralmente aceitável.

Essa gente, essas empresas, que lucram com guerras, exploração e miséria humana são os nossos verdadeiros inimigos.

Com o tempo, talvez a série de desastres que vem acontecendo no mundo, e o aumento dos protestos, sempre pacíficos (não somos iguais a eles), possa mudar as coisas, mudar as mentes.

Assim seja.

Paz e Bem! 

ATRAVESSANDO A RUA

Aos poucos, vou descobrindo algumas coisas. É interessante quando nós percebemos que estamos crescendo, ou, pelo menos, mudando.

Com base em minha própria experiência, posso dizer que a mudança - ou amadurecimento, tomara! - é um processo lento, progressivo, que acontece todos os dias e, em geral, extremamente desagradável.

Não é fácil deixar algumas coisas para trás; assim como também é difícil perceber que estávamos errados sobre um monte de coisas sobre as quais tínhamos absoluta certeza.

Então, decidi não ter mais muitas certezas. Ou, como diz um dos meus amigos, eu trabalho apenas com uma limitada série de mínimos razoáveis e inegociáveis.

Quanto ao resto, a vida vai tratando de me tornar mais flexível.

O propósito desta postagem é falar sobre mudanças e a minha tendência natural é escrever sobre como estou amadurecendo; ou seja, existe uma grande tentação de jogar confete em mim mesmo.

Mas já aprendi a evitar essa tentação. E mais algumas outras também.

Mas eu sei do meu coração e aprendi que não se enfrenta tentação. Pelo contrário, se estiver diante dela, eu atravesso a rua a passos rápidos.

Em todo caso, já venho partilhando algumas mudanças com os amigos mais próximos e também com os eventuais leitores deste blog.

Estou escrevendo este diário para mim mesmo; esta é a verdade.

Na esperança de que, ao lê-lo, possa ver as mudanças e ficar tranquilo. E continuar trabalhando.

Paz e Bem!

O PARAÍSO É LOGO AQUI

Por esses dias, assisti a uma pequena pérola chamada "O paraíso é logo aqui" (Henry Poole is here, em seu título original), uma produção norte-americana.

A empresa distribuidora quis vender o filme como uma comédia, já que seu ator principal, Luke Wilson, é conhecido por participar de comédias e filmes românticos, mas teria sido legal se eles tivessem visto o filme antes de colocá-lo no mercado.




O paraíso é logo aqui é a história de um homem que retorna à vizinhança onde cresceu depois de vários anos. Ao longo do filme, descobrimos que Henry está morrendo de alguma doença rara e quis passar os dias que lhe restam no local onde viveu a infância; no caso, um bairro nos subúrbios de Los Angeles, nos Estados Unidos da América.

Logo depois que ele se muda, surge uma mancha na parede lateral externa da casa, e uma de suas vizinhas se convence de que a mancha, na verdade, se trata do rosto de Cristo. Nem Henry e nem nós, que estamos vendo o filme, concordamos com ela, mas nossa opinião não conta muito.

Aos poucos, começam a acontecer fatos estranhos. As pessoas que tocam a parede são curadas de seus males. Para todo evento de cura divina, Henry acha uma explicação, por mais esdrúxula que pareça, uma vez que ele se nega terminantemente a acreditar em milagres.

Uma vez, depois de testemunhar uma cura e ouvir a explicação de Henry a respeito, uma vizinha começa a conversar com ele.

- Está cada vez mais difícil, não?, ela pergunta.

- O quê?

- Fingir que isso não está acontecendo.

Aos poucos, a murealha da descrença construída por Henry vai sendo quebrada, e vemos como uma simples mancha em uma parede pode servir como um instrumento para o renascimento da fé de várias pessoas. 


Bom, eu acredito em milagres. Já li e pesquisei o suficiente sobre eles para saber que existem e para desistir de tentar explicá-los. Assim, como coisas horríveis também acontecem, e também não podem ser explicadas pela nossa ingênua ciência.

Não, na verdade, a melhor palavra para definir a ciência, e  os nossos cientistas - não todos, é claro - seria arrogância, já que se recusa a reconhecer qualquer coisa que não possa explicar. É mais ou menos como um cego que se recusa a acreditar que as cores existem. Afinal, se ele não pode vê-las...

Para mim, a crença em milagres, na possibilidade de que, vez ou outra, as leis da física e outras, possam ser quebradas, é uma conclusão lógica da minha crença em Deus. Se Deus existe, e Ele é bom, tenho certeza de que Ele não se importa de torçer as coisas um pouco para nos dar uma forçinha.

Outras pessoas acreditam no contrário: elas precisam de milagres para considerarem que Deus existe.

Não estou mais nesse grupo, pois vejo pequenos milagres acontecendo diariamente, a todo o tempo.

Tento ter a mente de um homem como Francisco de Assis, que, diante de seu maravilhamento perante Deus e a Criação, escreveu um poema, o Cântico do Irmão Sol, no qual agradece a Deus por tudo o que se pode ver e sentir.

Os milagres estão por aí, saltando ao nosso redor. Só é necessário vê-los.

Paz e Bem!

UM POUCO DE MARAVILHAMENTO

Sempre tive uma relação de proximidade com o clima. Gosto de dias frios e de dias quentes. Amo vento, chuva e sol. Sou capaz de ficar fascinado diante de um céu revolto, que se prepara para uma tempestade.

Quando criança, adorava ficar de pé diante da janela do meu quarto, sentindo o vento carregado de maresia que me tocava o rosto.

Atualmente, nesta fase, tenho assistido diariamente ao nascer e ao pôr-do-sol.

Não empresto nenhum significado místico e transcendental a isso. Apenas assisto. E fico maravilhado.

Para mim, é importante poder esvaziar a mente e simplesmente admirar calado a chegada e a partida de um dia.

Paz e Bem!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

AND THE BAND PLAYED ON

Eu aprendo com desastres e atos inconcebíveis. É um fato inegável a meu respeito. A frase que dá o título a esta postagem  - que significa "e a banda continuou tocando", em tradução livre - faz referência, se não me engano, ao naufrágio do navio Titanic, no início do século XX.

O que aconteceu? O navio estava afundando e haviam acabado os botes salva-vidas. E os músicos do navio, ao invés de se jogarem ao mar, simplesmente decidiram continuar tocando no convés. Para sua última performance, eles escolheram uma seleção de hinos cristãos.

E o que isso tem a ver comigo? Honestamente? Quase nada.

Mas aprendo com as pequenas tragédias da minha vida. Meus amigos, aqueles que me conhecem, sabem muito bem do que estou falando. Por isso, não vou usar esse espaço para lamúrias.

O que quero dizer é: sim, é possível tirar lições das inevitáveis porradas que a vida nos dá. E é possível sair melhor do fosso.

Há alguns dias, fiz uma pequena série de mudanças na minha vida. Alterações de rota, se preferirem. E as coisas começaram a acontecer.

A mais legal de todas, eu não posso comentar aqui. I am sorry.

Mas, a segunda mais legal de todas, eu posso! Provavelmente, nas próximas semanas, eu vou voltar a trabalhar como jornalista, mas sem largar minha atual profissão de professor de inglês.

Aprendi com meu pastor e meu amigo, o Brega, que é necessário comemorar as pequenas vitórias da vida; tanto quanto é necessário lamber as feridas das decepções.

Por isso, se você é meu amigo, fique alegre por mim. Estou celebrando.

Paz e Bem!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ALMOÇO NO JARDIM ELDORADO

No último sábado, estive no Jardim Eldorado, em Diadema, no ABC paulista. Fui visitar um amigo e sua esposa, que se casaram no final do ano passado. E eu, amigo de meia-tigela, estava lhe devendo uma visita.

Tínhamos combinado, mas o Thiago tinha ido para o crime na sexta-feira à noite. O celular toca. Sábado, meio-dia. É o amigo. Ainda estou na cama.

- E aí, Thiago? Tudo bom?

- Tudo. Meu, estou de ressaca. Saí ontem e estou destruído.

- Mas você vem, né?

- Acho melhor não.

- Você vem, sim! Minha mulher fez rocambole de carne pra você! Se arruma e vem!

Eu me arrastei até o banheiro, tomei uma ducha e me troquei. E lá fui eu pra Diadema, com certeza uma das cidades mais feias do hemisfério ocidental.

Meu amigo e sua esposa casaram-se no final do ano e há um bom tempo eles vêm trabalhando juntos em sua casa, que, literalmente, construíram desde as fundações. Admiro muito a ambos por isso.

Tivemos uma almoço maravilhoso e eu tive a oportunidade de comer o melhor rocambole de carne que já provei em toda a minha vida. Simplesmente delicioso, com queijo derretido e presunto, azeitonas, tudo muito diet e de dar água na boca!

Fica aqui registrado o meu sincero obrigado pelo convite, apesar daqueles dois nunca lerem este blog!

Paz e Bem!

ESPIRITUALIDADE NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Em grupos de ajuda mútua, como os Alcóolicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos (AA e NA, respectivamente), um dos eixos principais do processo de recuperação dos dependentes de álcool e drogas é a espiritualidade.

Nestes grupos, a questão da fé em Deus, ou em um Poder Superior, como é denominado em seus documentos e literatura, é abordada em todos os encontros.

As duas irmandades possuem métodos de trabalho em comum. O AA foi fundado na década de 1930, e o NA, na década de 1950, seguindo os mesmos princípios e estrutura da primeira organização.

Os encontros de NA seguem uma estrutura padrão: no início da reunião, todas as pessoas na sala apresentam-se individualmente.

Em seguida, é realizado um momento de silêncio, seguido do trecho inicial da Oração da Serenidade, elaborada pelo teólogo Reinhold Niehbur. A oração completa pode ser encontrada em uma postagem anterior neste blog, caso haja interesse.

Em seguida, são realizadas as partilhas, momento em que os membros de NA têm total liberdade para fazer um balanço em seu processo individual de recuperação. São realizados sorteios entre os presentes, para determinar de quem é a vez de falar. Cada partilha têm a duração máxima de sete minutos.

Além das partilhas, também existe espaço para a arrecadação de fundos (uma vez que NA é independente e não aceita contribuições de não-membros), para recados da organização (reuniões e eventos especiais de outros grupos, por exemplo) e para a admissão de novos membros.

O foco da recuperação proposta pelo NA centraliza-se em dois vetores principais: a participação nos encontros promovidos pelos grupos (em São Paulo, capital, no momento em que escrevo esta postagem, existem x grupos em funcionamento) e a vivência dos 12 Passos de Narcóticos Anônimos.

Em termos gerais, os 12 passos têm como base a idéia de que o adicto necessita criar uma nova noção de espiritualidade. Sem isso, será impossível superar a doença.

Esta nova concepção leva em consideração a necessidade que o adicto tem de reconectar-se com Deus, ou o Poder Superior, como é denominado, uma vez que NA é uma organização leiga, que não abraça um credo religioso determinado, como o cristianismo, por exemplo.

A conexão com Deus deve ser feita a partir da aceitação, por parte do adicto, de sua doença e, sua rendição à vontade de Deus, uma vez que o uso de drogas evidentemente não fazia parte do plano original de Deus para sua vida.

Ou seja, a nova espiritualidade, ou noção do Sagrado, têm como eixo principal a rendição.

Se observarmos o contexto religioso cristão, a noção de rendição e submissão à vontade Deus pode ser encontrada desde os seus primórdios, até mesmo nos Evangelhos, no ensino do Cristo.

Mais tarde, o conceito foi abordado por diversos autores, com grande ênfase dada ao tema pelos chamados escritores místicos, como Tereza de Ávila, Francisco de Assis e João da Cruz, por exemplo, ou autores mais atuais, como Brennan Manning, Thomas Merton e Henri Nouwen, entre outros.

A rendição, a submissão à vontade de Deus, exige a fé em algumas premissas básicas.

A primeira delas, evidentemente, é a existência de Deus, mesmo que, como no caso de NA e AA, esse Deus não seja necessariamente o preconizado por qualquer credo religioso específico.

A segunda premissa é a bondade de Deus. De acordo com a literatura de NA e AA, Deus é descrito por meio do uso de palavras como "bondoso", "compassivo" e "amantíssimo". Ou seja, ele se compadeve e vê favoravelmente os seres humanos.

A terceira premissa é a de que o vício em drogas, ou álcool, é uma perversão do plano de Deus em relação aos seres humanos. O vício é causado por um transtorno da vontade humana, que se rebela contra o plano do Criador. Aqui, temos implicitamente abordada a concepção cristã de pecado.

A partir da compreensão destas premissas, e de sua aceitação, a recuperação do adicto pode ser iniciada, sempre com ênfase em seu aspecto espiritual, uma vez que, para esses grupos, não é suficiente apenas ficar abstêmio de substâncias como álcool e drogas, mas é necessário desenvolver uma nova concepção de vida, calcada em uma nova espiritualidade.

Paz e Bem!

DIANTE DA TRAGÉDIA

De repente, diante de tragédias como a que acometeu o povo do Haiti, somos forçados a rever algumas coisas. Pois, como disse ontem um pastor evangélico durante o culto em sua igreja, "se um desastre como o que ocorreu no Haiti, uma tragédia daquelas dimensões, não mudar você, mais nada vai conseguir fazer isso".

Com certeza, estas não foram suas palavras exatas, mas acho que consegui parafrasear a idéia por trás do discurso.

No meu caso, cada vez que penso sobre o que ocorreu no Haiti, eu me envergonho do quanto sou egoísta, pequeno e perverso.

Percebo a pequenez dos meus problemas, dos meus dilemas, diante da gigantesca necessidade pela qual passam as pessoas que estão no Haiti.

Para eles, hoje, falta quase tudo. Eles têm necessidade de quase tudo.

Eu, egoísta e miserável, quero ter tudo. E, se não tenho tudo, me sinto como se não tivesse nada.

Mas eu quero poder mudar; oro pedindo a Deus que me ajude a quebrar esse meu coração de pedra; que me ajude a mudar minha mente e espírito, para que não seja necessário eu me prostrar diante de uma tragédia gigantesca para perceber como sou pequeno nos meus desejos e nas minhas aspirações.

Diante da tragédia, sou forçado a me reavaliar. Repensar meus desejos, a forma como falo com Deus e a forma como meus pensamentos e vontades se organizam.

Gostaria de poder ajudar as vítimas do Haiti, mas não posso. Mas tenho como ajudar as vítimas daqui. Isso, eu posso. Isso, eu tenho a obrigação de fazer.

Tenho a obrigação de me tornar mais humano sempre que me deparar com a dor alheia, para ser capaz de chorar e ajudar, as únicas atitudes que um ser humano deve ter quando se depara com o seu próximo esmagado pela dor e pela tristeza.

Sem egoísmos, sem discursos vazios, sem julgamentos.

Diante da tragédia, eu queria que a minha única opção fosse me tornar gente e ajudar gente.

Paz e Bem.

domingo, 17 de janeiro de 2010

HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS NO HAITI

Ás vezes, as palavras não são suficientes. Mas é preciso escrever algo; dizer algo.

O terremoto que atingiu o Haiti alcançou a escala de sete graus, o que equivale à força da explosão de 30 bombas nucleares como as que destruíram a cidade de Hiroshima, no Japão, em 1945.

Segundo o governo do país, 150 mil vidas foram perdidas. Entre as vítimas, temos 17 brasileiros que trabalhavam no país em serviços de ajuda humanitária ou na manutenção da paz.

A infra-estrutua do Haiti, o país mais pobre do continente americano, entrou em colapso.

Eu não tenho palavras. Mas esse registro é uma homenagem às vítimas.

Oro para que encontrem a força necessária para superar a catástrofe e reconstruir o país. Oro para que tenham esperança.

Mesmo entre os escombros, é preciso ter a coragem de ter esperança. Ela guia os nossos olhos para cima e é de lá que vem o futuro.

Paz e Bem.

UPDATE: DE VOLTA!

De volta ao trabalho!

Sou professor de inglês de uma turma do curso de Hotelaria e Turismo do Senac.

De volta à comunidade!

Mais um ano se inicia e estou de volta ao Caminho da Graça, comunidade cristã da qual faço parte.

De volta aos bons amigos, velhos e novos!

Almoços, jantares, pizzas, churrascos, cinemas e teatros. Uma idéia aqui, uma palavra amiga acolá. E vamos indo, porque homem algum é uma ilha.

De volta à família!

Uma vez por mês, pelo menos, dou aquela descidinha à Santos, terra natal, de infância e adolescência, para ver e ouvir parentes e amigos da época em que o Thiago ainda era inocente.

Porque a vida é de idas e voltas, um caminho, mesmo.

Paz e Bem!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ENTREVISTA

Abaixo, transcrevo uma entrevista que concedi ao website da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), sobre a aprovação no Mestrado em Ciências da Religião da PUC.

O endereço eletrônico da fundação é http://www.fespsp.org.br/. O texto, escrito pela minha amiga Sibele Nayumi, foi publicado em 5 de janeiro.
 

Carreira acadêmica

Ex-aluno da FESPSP é aprovado para mestrado em Ciências da Religião
Graduado pela Escola de Sociologia e Política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (ESP/FESPSP), o sociólogo e também jornalista Thiago Fuschini teve recentemente seu projeto de pesquisa aprovado para ingresso no curso de mestrado em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
No mestrado, Thiago desenvolverá pesquisa sobre a comunidade cristã "Caminho da Graça". O objetivo, segundo ele é apresentar um estudo sobre como a igreja se organiza e o tipo de teologia que propaga.

Criada em 2006 pelo pastor Caio Fábio D’Araujo Filho, dissidente da Igreja Prebisteriana do Brasil, “O Caminho da Graça” apresenta-se como uma alternativa às igrejas evangélicas. “Ela prega um Deus que não é vingativo, como aquele no qual é necessário negociar para obter prosperidade. Para o ‘Caminho’, Deus é bom e ponto.”, declara o ex-aluno.

Thiago destaca ainda entre os diferenciais da comunidade, o fato de não possuírem templos (os encontros são realizados nas casas dos fiéis).

A motivação e o interesse em Teologia e religiões surgiram quando ainda era estudante de Sociologia e Política; desenvolveu em seu trabalho de conclusão de curso o primeiro projeto de estudo acadêmico sobre a Igreja Bola de neve, que serviu de base para um mestrando do curso de História do Tempo Presente, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

As aulas como mestrando do curso de Ciências da Religião iniciam no primeiro semestre de 2010.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Por Causa De Você Menina
 

Jorge Ben Jor
 

Por causa de você bate em meu peito
Baixinho, quase calado
Coração apaixonado por você

Menina... Menina que não sabe quem eu sou
Menina que não conhece o meu amor

Pois você passa e não me olha
Mas eu olho pra você

Você não me diz nada
Mas eu digo pra você

Você por mim não chora
Mas eu choro por você(2x)

Pois você passa e não me olha
Mas eu olho pra você

Você não me diz nada
Mas eu digo pra você

Você por mim não chora
Mas eu choro por você(2x)

A PRIMEIRA

Feliz 2010!

Eu começo o ano com uma postagem com a Oração da Serenidade (abaixo), prece criada pelo teólogo protestante Reinhold Niebuhr que viveu de 1892 até 1971 e trabalhava no Union Theological Seminary, nos Estados Unidos da América (EUA).

Esta oração é utilizada diariamente, ao redor do mundo, em reuniões de grupos de ajuda mútua, como os Alcoólicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos.

Espero que 2010 seja um ano de conquistas, alegrias e atos questionáveis, mas interessantes.

Paz e Bem!

ORAÇÃO DA SERENIDADE

Deus, dai-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar,
coragem para mudar as coisas que eu possa,
e sabedoria para que eu saiba a diferença.


Vivendo um dia a cada vez, aproveitando um momento de cada vez; 
aceitando as dificuldades como um caminho para a paz.


Indagando, como fez Jesus,
a este mundo pecador,
não como eu teria feito;
aceitando que Você tornaria tudo correto se eu me submetesse à sua vontade para que eu seja razoavelmente feliz nesta vida e extremamente feliz com você para sempre no futuro.

Que assim seja.