Em grupos de ajuda mútua, como os Alcóolicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos (AA e NA, respectivamente), um dos eixos principais do processo de recuperação dos dependentes de álcool e drogas é a espiritualidade.
Nestes grupos, a questão da fé em Deus, ou em um Poder Superior, como é denominado em seus documentos e literatura, é abordada em todos os encontros.
As duas irmandades possuem métodos de trabalho em comum. O AA foi fundado na década de 1930, e o NA, na década de 1950, seguindo os mesmos princípios e estrutura da primeira organização.
Os encontros de NA seguem uma estrutura padrão: no início da reunião, todas as pessoas na sala apresentam-se individualmente.
Em seguida, é realizado um momento de silêncio, seguido do trecho inicial da Oração da Serenidade, elaborada pelo teólogo Reinhold Niehbur. A oração completa pode ser encontrada em uma postagem anterior neste blog, caso haja interesse.
Em seguida, são realizadas as partilhas, momento em que os membros de NA têm total liberdade para fazer um balanço em seu processo individual de recuperação. São realizados sorteios entre os presentes, para determinar de quem é a vez de falar. Cada partilha têm a duração máxima de sete minutos.
Além das partilhas, também existe espaço para a arrecadação de fundos (uma vez que NA é independente e não aceita contribuições de não-membros), para recados da organização (reuniões e eventos especiais de outros grupos, por exemplo) e para a admissão de novos membros.
O foco da recuperação proposta pelo NA centraliza-se em dois vetores principais: a participação nos encontros promovidos pelos grupos (em São Paulo, capital, no momento em que escrevo esta postagem, existem x grupos em funcionamento) e a vivência dos 12 Passos de Narcóticos Anônimos.
Em termos gerais, os 12 passos têm como base a idéia de que o adicto necessita criar uma nova noção de espiritualidade. Sem isso, será impossível superar a doença.
Esta nova concepção leva em consideração a necessidade que o adicto tem de reconectar-se com Deus, ou o Poder Superior, como é denominado, uma vez que NA é uma organização leiga, que não abraça um credo religioso determinado, como o cristianismo, por exemplo.
A conexão com Deus deve ser feita a partir da aceitação, por parte do adicto, de sua doença e, sua rendição à vontade de Deus, uma vez que o uso de drogas evidentemente não fazia parte do plano original de Deus para sua vida.
Ou seja, a nova espiritualidade, ou noção do Sagrado, têm como eixo principal a rendição.
Se observarmos o contexto religioso cristão, a noção de rendição e submissão à vontade Deus pode ser encontrada desde os seus primórdios, até mesmo nos Evangelhos, no ensino do Cristo.
Mais tarde, o conceito foi abordado por diversos autores, com grande ênfase dada ao tema pelos chamados escritores místicos, como Tereza de Ávila, Francisco de Assis e João da Cruz, por exemplo, ou autores mais atuais, como Brennan Manning, Thomas Merton e Henri Nouwen, entre outros.
A rendição, a submissão à vontade de Deus, exige a fé em algumas premissas básicas.
A primeira delas, evidentemente, é a existência de Deus, mesmo que, como no caso de NA e AA, esse Deus não seja necessariamente o preconizado por qualquer credo religioso específico.
A segunda premissa é a bondade de Deus. De acordo com a literatura de NA e AA, Deus é descrito por meio do uso de palavras como "bondoso", "compassivo" e "amantíssimo". Ou seja, ele se compadeve e vê favoravelmente os seres humanos.
A terceira premissa é a de que o vício em drogas, ou álcool, é uma perversão do plano de Deus em relação aos seres humanos. O vício é causado por um transtorno da vontade humana, que se rebela contra o plano do Criador. Aqui, temos implicitamente abordada a concepção cristã de pecado.
A partir da compreensão destas premissas, e de sua aceitação, a recuperação do adicto pode ser iniciada, sempre com ênfase em seu aspecto espiritual, uma vez que, para esses grupos, não é suficiente apenas ficar abstêmio de substâncias como álcool e drogas, mas é necessário desenvolver uma nova concepção de vida, calcada em uma nova espiritualidade.
Paz e Bem!
Os encontros de NA seguem uma estrutura padrão: no início da reunião, todas as pessoas na sala apresentam-se individualmente.
Em seguida, é realizado um momento de silêncio, seguido do trecho inicial da Oração da Serenidade, elaborada pelo teólogo Reinhold Niehbur. A oração completa pode ser encontrada em uma postagem anterior neste blog, caso haja interesse.
Em seguida, são realizadas as partilhas, momento em que os membros de NA têm total liberdade para fazer um balanço em seu processo individual de recuperação. São realizados sorteios entre os presentes, para determinar de quem é a vez de falar. Cada partilha têm a duração máxima de sete minutos.
Além das partilhas, também existe espaço para a arrecadação de fundos (uma vez que NA é independente e não aceita contribuições de não-membros), para recados da organização (reuniões e eventos especiais de outros grupos, por exemplo) e para a admissão de novos membros.
O foco da recuperação proposta pelo NA centraliza-se em dois vetores principais: a participação nos encontros promovidos pelos grupos (em São Paulo, capital, no momento em que escrevo esta postagem, existem x grupos em funcionamento) e a vivência dos 12 Passos de Narcóticos Anônimos.
Em termos gerais, os 12 passos têm como base a idéia de que o adicto necessita criar uma nova noção de espiritualidade. Sem isso, será impossível superar a doença.
Esta nova concepção leva em consideração a necessidade que o adicto tem de reconectar-se com Deus, ou o Poder Superior, como é denominado, uma vez que NA é uma organização leiga, que não abraça um credo religioso determinado, como o cristianismo, por exemplo.
A conexão com Deus deve ser feita a partir da aceitação, por parte do adicto, de sua doença e, sua rendição à vontade de Deus, uma vez que o uso de drogas evidentemente não fazia parte do plano original de Deus para sua vida.
Ou seja, a nova espiritualidade, ou noção do Sagrado, têm como eixo principal a rendição.
Se observarmos o contexto religioso cristão, a noção de rendição e submissão à vontade Deus pode ser encontrada desde os seus primórdios, até mesmo nos Evangelhos, no ensino do Cristo.
Mais tarde, o conceito foi abordado por diversos autores, com grande ênfase dada ao tema pelos chamados escritores místicos, como Tereza de Ávila, Francisco de Assis e João da Cruz, por exemplo, ou autores mais atuais, como Brennan Manning, Thomas Merton e Henri Nouwen, entre outros.
A rendição, a submissão à vontade de Deus, exige a fé em algumas premissas básicas.
A primeira delas, evidentemente, é a existência de Deus, mesmo que, como no caso de NA e AA, esse Deus não seja necessariamente o preconizado por qualquer credo religioso específico.
A segunda premissa é a bondade de Deus. De acordo com a literatura de NA e AA, Deus é descrito por meio do uso de palavras como "bondoso", "compassivo" e "amantíssimo". Ou seja, ele se compadeve e vê favoravelmente os seres humanos.
A terceira premissa é a de que o vício em drogas, ou álcool, é uma perversão do plano de Deus em relação aos seres humanos. O vício é causado por um transtorno da vontade humana, que se rebela contra o plano do Criador. Aqui, temos implicitamente abordada a concepção cristã de pecado.
A partir da compreensão destas premissas, e de sua aceitação, a recuperação do adicto pode ser iniciada, sempre com ênfase em seu aspecto espiritual, uma vez que, para esses grupos, não é suficiente apenas ficar abstêmio de substâncias como álcool e drogas, mas é necessário desenvolver uma nova concepção de vida, calcada em uma nova espiritualidade.
Paz e Bem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário