sábado, 24 de outubro de 2009

"OBRIGADO, SENHOR"

Eu faço parte de um grupo de estudos que está tentando ler a Carta de Paulo aos Romanos, um livro bíblico. Nos encontramos aos finais de semana. O último encontro ocorreu ontem à noite.

Nesta reunião, tivemos a presença de um amigo, o Paulo, que falou um pouco sobre a perspectiva de sua leitura sobre Romanos.

Aqui, faz-se necessária uma introdução breve.

A Carta de Paulo aos Romanos é, provavelmente, uma das principais cartas do apóstolo e, uma das que mais oferece um esboço teológico completo de como Paulo - um judeu convertido ao Cristianismo - compreendia a usa nova perspectiva.

Um dos principais temas da Carta aos Romanos é a questão da Graça de Deus. A Graça é um dom gratuido da divindade, oferecido aos homens sem nenhuma conexão com qualquer tipo de ação humana. Explico-me: o favor de Deus é dado aos homens sem nenhuma necessidade de merecimento de nossa parte. A Graça é gratuita. A Graça é para sempre.  

Essa concepção, a de que somos reconciliados, perdoados, junto a Deus gratuitamente foi fundamental para o início da Reforma Protestante, no século XVI, uma vez que ela contrariava a noção então vigente no Catolicismo de que a nossa reconciliação com Deus só poderia ser alcançada mediante a realização de obras virtuosas.

Infelizmente, a idéia de que precisamos comprar o favor de Deus, ou, ainda pior, de que precisamos nos apropriar de Seu amor através de sacrifícios, ofertas, jejuns e outras parafernálias, é totalmente dominante na igreja cristã hoje, principalmente nas comunidades evangélicas, cuja raiz histórica é o Protestantismo.

Agora, podemos continuar.

Segundo Paulo, não o apóstolo, mas o amigo que participou da reunião ontem, é necessário descontruir a idéia de Deus e de Jesus, impressa nas mentes das pessoas pelas comunidades religiosas, se realmente temos a intenção de nos aproximarmos deles.

Esse processo passa necessariamente pela tomada de conhecimento de que Deus e Cristo, assim como suas ações e motivações, não podem ser comprrendidas pelo ser humano.

E é aí que entramos no mais espinhoso dos problemas.

Segundo o Cristianismo, Deus busca recriar relacionamentos com os seres humanos. O Deus cristão é relacional. E a base desse relacionamento é o amor. E o amor, como sabem os que de nós já tiveram relacionamentos interrompidos, só funciona como uma via de mnão dupla. Não adianta muito amar sozinho.

Nesse caso, como é possível amarmos um Deus cujas motivações não compreendemos, cujos propósitos e ações não podem ser encaixados em nossas pequenas visões de como o mundo e de como as nossas vidas deveriam ser?

O que acontece quando pedimos algo a Deus e a nossa oração não é respondida da forma como desejamos?

Ainda de acordo com Paulo, novamente, o amigo, e não o apóstolo, nossa resposta deveria ser uma só: "Obrigado, Senhor".

Para mim, honestamente, hoje isso é impossível. Talvez, com o tempo, eu consiga, mas, por enquanto, ainda estou aprendendo a perceber que não funciona dar sugestões a Deus de como Ele deve guiar a minha vida e os destinos da humanidade.

No final, só deveria restar a confiança no amor de Deus. E voltamos ao início.

Paz e Bem!

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