sábado, 15 de janeiro de 2011

OUTRAS IMAGENS E SEMELHANÇAS

Há poucos dias, escrevi aqui neste blog uma postagem (À nossa imagem e semelhança) sobre a questão de que sempre erramos feio em nossa concepção sobre Deus, a partir do momento em que projetamos na divindade atributos e traços de caráter que achamos que Deus tem. 

Esta ideia não é minha. Ela foi abordada por diversos autores que tratam o tema e, na minha postagem original, citei como exemplo o escritor e palestrante norte-americana Brennan Manning, autor de O Evangelho Maltrapilho


Manning menciona como exemplos de projeções de Deus, as imagens que temos Dele como um Pai Castrador ou de um Juiz. No meu caso, mencionei minha antiga concepção de Deus como o Velhinho Bonzinho.

 A divindade hindu Ganesha

Mas, pensando a respeito depois de escrever o primeiro texto, me ocorreu uma ideia: essas projeções não precisam ser apenas individuais, não?

 Wotan ou Odin, o deus guerreiro nórdico

As diferentes concepções de Deus também podem ser coletivas, por exemplo, ao mostrar como as pessoas de uma deterrminada época, ou cultura, ou povo, pensam a respeito do assunto.

Os gregos definiam seus deuses (que enquadramos na tal mitologia) a partir de seus locais ou áreas de influência, entre outros fatores. Assim, por exemplo, Hades era o deus do mundo subterrâneo, para onde iam os mortos.

Além disso, os deuses gregos e romanos lutavam entre si e eram sujeitos às mesmas paixões que acometem os seres humanos.

É claro que, nos dias de hoje, existem tantas concepções e opiniões a respeito de quem Deus é, ou de como Ele deveria ser quanto existem religiões espalhadas por aí. 

Ou seja, nos dias de hoje - como sempre - não existe apenas uma embalagem de Deus à venda por aí. 

Acho que agora é uma boa hora para um exemplo.

No seriado de TV Supernatural, que vai ao ar no Brasil pelo canal de TV a cabo Warner, os episódios giram em torno de dois personagens principais, os irmãos Dean e Sam Winchester, que, por profissão, atravessam os EUA caçando toda espécie de monstros (vampiros, fantasmas e demônios).

Sam e Dean Winchester

Em uma das mais recentes temporadas, os roteiristas de série resolveram inovar, mostrando que, na verdade, os irmãos estavam destinados desde o início de suas vidas a participarem do Apocalispe, que, como nos diz a concepção cristã do tema, marcará o fim do mundo como o conhecemos depois de uma luta entre o arcanjo Miguel, líder dos exércitos do Céu, e seu oponente, Lúcifer, o anjo rebelde. 

Na tentativa de evitar o Armaggedon, os irmãos contam a com a ajuda de anjos, demônios, deuses pagãos e outras criaturas, que também estão interessados em impedir o fim de todas as coisas. 

E onde fica Deus no meio dessa guerra?

Em Supernatural, Deus está escondido em algum lugar na Terra, e decidiu não se envolver com a guerra travada entre Miguel e Lúcifer. E pouco importa para Ele se o resultado final da batalha será a destruição do planeta e a morte de bilhões de pessoas. 

Em Supernatural, ao contrário da concepção cristã de que Deus é amor (a definição exposta no início do Evangelho de João) e que Ele se importa com as pessoas, temos a ideia de uma divindade aparentemente ausente e indiferente ao destino da Terra.

 Lúcifer, segundo Gustave Doré

Além disso, na série, não existe muita diferença na forma em que anjos e demônios são retratados. Ambos os tipos de criaturas são moralmente falhos e capazes de ações monstruosas para conquistarem os seus objetivos. 

E, ainda mais, nem anjos e nem demônios se importam com os seres humanos, que, na maioria das vezes, em Supernatural, são usados como veículos, ou instrumentos, para as ações dessas criaturas na Terra.

Pois bem... Como esse texto já ficou enorme, vamos à conclusão.

A minha hipótese é de que séries de TV como Supernatural, e outras obras de arte ou de entretenimento, ao abordarem "temas espirituais", como Deus, anjos e demônios, por exemplo, nos oferecem exemplos de como a cultura de uma determinada época vê o tema.

Ainda assim, mesmo que sejam exemplos de como as pessoas pensam, essas concepções não passam apenas de ideias, já que, para nós, é impossível conhecer a divindade.

Paz e Bem!  

Um comentário:

  1. AS DISCUSSÕES SOBRE O AMOR DE DEUS SEMPRE ACENDERAM MUITAS REAÇÕES E ÓDIO COMO NENHUMA DISPUTA TEOLÓGICA PODERIA IMAGINAR.OS JESUÍTAS E OS JANSENISTAS SE BATERAM DURANTE CEM ANOS PARA DEFINIR QUEM AMAVA OU ERA MAIS AMADO POR DEUS.QUEM GOZAVA DE MAIS PRESTÍGIO PERANTE AO GRANDE SENHOR.ENFIM,ATÉ OS DIAS DE HOJE LUTAMOS PARA ESTAR BEM NA FOTO MEDIANTE AO CRIADOR.PENSO,QUE PARA ACABAR COM ESTE ETERNO DEBATE.NADA MAIS SENSATO QUE DEIXAR CORRER.AFINAL DE CONTAS.MEDIR OU ENTENDER O SIGNIFICADO DA FÉ,CONTINUA SENDO A ENERGIA QUE MOVE AS PESSOAS........P.S:O SERIADO "SUPERNATURAL"É O MEU PREFERIDO.

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