Já faz alguns dias que ando meio arrebentado. Deve ter algo a ver com a idade, eu presumo.
Antigamente, eu aguentava passar dois, três dias sem dormir. Hoje, ai de mim se fico um dia com insônia. Os pensamentos não fluem, fico mal-humorado e minhas aulas são uma droga.
Ontem, fiz um bate e volta a Santos, para participar de uma missa de sétimo dia. Uma pessoa de minha família faleceu e ontem, domingo, completou uma semana. Cheguei em Santos cansado; Cheguei em São Paulo, na volta, quase à meia-noite, massacrado.
Sempre fico impressionado ao assistir a uma missa em uma igreja católica. É um ritual minuciosamente calculado em todos os seus momentos; quase não existe espaço para a improvisação.
Na verdade, na missa que assisti ontem, o único momento em que o padre celebrante não seguiu um script foi durante a sua homilia (momento em que ele comenta as leituras bíblicas feitas). Infelizmente, as pessoas quase não prestaram atenção no sacerdote, porque havia um morcego voando pela igreja, em vôos rasantes junto à platéia, durante todo o tempo.
De qualquer forma, não gostei da homilia. Eu gosto muito de certas passagens dos livros bíblicos (o livro de Gênesis, os Salmos e os profetas, no Antigo Testamento; e quase tudo no Novo) e acredito que a função de qualquer comentário sobre eles deve ser guiar por apenas um propósito: os comentários devem se rvir apenas para extrair parâmetros para o nosso dia a dia.
A leitura da Bíblia; e, na verdade, qualquer leitura, me interessa na medida em que me oferece sustento para a vida diária. Do contrário, é apenas bula de remédio.
Mas a missa católica é um ritual e sua parte mais importante está longe de ser a homilia. O momento culminante da missa é quando acontece o milagre da transubstanciação: quando a hóstia e o vinho transformam-se na carne e no sangue do Salvador.
Por meio desse milagre, o sacrifício de Cristo no Calvário - o que, para aqueles de nós que se definem como cristãos, representa o momento em que foi possível par a raça humana se reaproximar de Deus - acontece novamente. E nos lembramos.
De acordo com a concepção católica, o momento em que ocorre a transubstanciação dos elementos pão e vinho representa um corte no que entendemos como tempo e espaço. O presente em que vivemos une-se ao passado, em um sacrifício ocorrido há cerca de dois mil anos nos arredores da cidade de Jerusálem.
Tempo e espaço deixam de existir. E, talvez, neste mundo, este seja o instante em que estejamos mais perto de como Deus vê o universo. Sem barreiras entre o ontem e o hoje, entre o aqui e o lá.
Tudo ao mesmo tempo agora. E em todos os lugares.
Paz e Bem!
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