Era uma vez um menino.
Como todos os meninos de sua idade, todas as idades, ele gostava de brincar e de correr, de fazer de conta. Ele gostava de cair no mar e ficar debaixo das águas.
Aos poucos, o menino cresceu. E então, deixou de ser menino.
E aquele que havia deixado de ser menino teve de se transformar em um homem; esperavam-se coisas deles. Grandes coisas, coisas pequenas; Um montão delas.
Um dia, aquele que havia sido um menino, achou que precisava mudar o seu reino. Todos esperavam por um salvador, por um herói.
E ele não sabia como manejar armas ou como ter super-poderes. Era apenas mais um homem; ele, também à espera de um salvador.
E seu reino era triste. Os céus eram cinzentos e carregados, mesmo em dias de sol. As ruas da cidade se perdiam em labirintos e as pessoas viviam tristes.
Ah, ele tentou... E como tentou... E como...
Mas, a cada tentativa, as pessoas se encurvavam ainda mais, pesadas sob o fardo da espera e das esperanças frustradas e sonhos desfeitos.
E eles reconheceram que ele havia tentado. E o transformaram em rei.
Então, o homem que havia sido um menino, que havia sido tornado rei, começou a morrer.
Para ele, para que começasse a morrer, não foram necessários ataques ao seu castelo, ou armas incríveis ou monstros tenebrosos. Seus inimigos comemoraram a facilidade com que aquilo havia sido feito.
O rei começara a morrer no exato momento em que começara a perder a vontade de viver.
Seus dias, pouco a pouco, tornaram-se pesados e cinzas. Não havia pelo que lutar, nada a conquistar. E ele passou a ficar a maior parte do tempo em uma varanda do castelo.
Contemplando o céu. E a pensar no que deveria ter sido.
Mas, em silêncio, ele admitiu a si mesmo que era tarde demais; que não havia nada a se fazer.
Paralisado, ele continuou a morrer. Como uma estátua, eles o encontraram.
O rei havia morrido.
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