Então, eu decidi simplesmente me entregar e me render à tentação. "Dane-se", eu pensei. "É justamente nesses momentos em que o universo separa os homens dos ratos", arrematei.
Caminhei até a frente, sem medo, e coloquei a mão nos bolsos, tateando à procura. E, assim, intrépido até a medula, entreguei meu cartão à moça que estava no caixa.
"Débito ou crédito?", ela perguntou, com um sorriso pra lá de malicioso.
"Pode ser débito", eu disse, com uma voz rouca. "E não precisa passar o código de segurança, não... Se passar, a máquina trava", completei, solícito.
Ela me estendeu a caixinha e eu digitei minha senha. Fiz um gracejo sobre a sacola de plástico vagabundo que ela meofereceu e nos despedimos.
Eu nunca mais a veria. E isso não faria a menor diferença para nenhum de nós.
Nessa noite, comprei um CD de uma das minhas bandas favoritas, Creedence Clearwater Revival. Sensacional. Brilhante. Todos os clássicos em apenas um disco.
Uma bela compra, feita em um posto de gasolina na Fernão Dias, estrada que liga São Paulo a Minas Gerais, por volta da 23 horas de uma noite de sábado frio pra caramba.
Paz e Bem!
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