domingo, 2 de maio de 2010

À PROCURA DE ERIC

"Quem tem medo de jogar um dado, nunca vai tirar um seis".

O medo paralisa, aleija e torna impossíveis as coisas mais simples do mundo. E o medo, antes pequeno, cresce e se torna monstruoso a medida que as coisas ruins acontecem.

E coisas ruins acontecem, certo? Acontecem a pessoas boas, acontecem a pessoas ruins e acontecem a nós, que não somos nem um, nem outro. Apenas pessoas normais.

Hoje, pela manhã, assisti a um filme maravilhoso. "À procura de Eric", do cineasta britânico Ken Loach. A história é simples: um carteiro, Eric, vê sua vida desmoronar aos poucos e, em um momento de desespero, começa a conversar com seu ídolo, o ex-jogador de futebol Eric Cantona (no filme, interpretado pelo próprio).


Cantona passa a dar conselhos a Eric - e o melhor conselho tem a ver com a absoluta necessidade de Eric confrontar seus medos, todos eles - que reinicia um processo de reconstrução da sua vida, a partir do reatamento de laços com seus amigos, com seus filhos e com a sua primeira esposa, de quem está separado há 30 anos.
O diretor de "À procura de Eric", Ken Loach, é conhecido por seus filmes políticos, dentre os quais destaco o meu favorito, "Terra e Liberdade", sobre a Guerra Civil Espanhola. Neste trabalho, ele aborda os relacionamentos humanos com uma intensidade apenas antevista em seus filmes anteriores.

Bom, e o que esse filme acrescenta, na medida em que acho que as obras de arte só têm valor quando nos dizem algo?
No meu caso, o filme apenas me fez lembrar algo que sempre luto para tentar não esquecer: o medo pode ser vencido e, se você não encarar a fera, ela te come.

Mas essa é uma lição que a vida nos ensina todos os dias, certo?

Infelizmente, às vezes, temos medo de dar o primeiro passo, seja ele escrever uma carta, um e-mail ou uma postagem no Orkut. Temos medo de fazer um telefonema ou de atravessar a cidade, se necessário, para dizer a alguém o quanto ele, ou ela, é especial. 

No meu caso, eu sei que tenho medo de levar um fora. E, por isso, deixo que as coisas se arrastem indefinidamente, e permito que a distância entre eu e outra pessoa simplesmente aumente cada vez mais.

Este é meu grande medo. Medo de rejeição. Medo de não ser bom, bonitão ou inteligente o suficiente.

Paz e Bem!

Um comentário:

  1. Muito bom esse filme. Também me fez repensar sobre meus medos e avaliar se eles realmente valem a pena.. se é que algum medo vale a pena.

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