Na última postagem, escrevi que a guerra moderna, seja ela justa ou não, é travada contra inocentes e não contra soldados.
Minha afirmação abre espaço para dois questionamentos. Vamos começar do início.
É claro que, em todos os conflitos armados ao longo da História, os civis foram as principais vítimas. Guerra, doenças, fome e destruição de infra-estrutura básica sempre acompanharam as populações dos países em guerra.
Assim, o que eu quis dizer com isso?
A guerra, em sua definição clássica, a qual devemos ao general prussiano Carl Von Clausewitz, é o esforço determinado a impedir que o inimigo tenha condições de combater. Nesse contexto, acreditava-se que era necessário tornar impossível a continuidade das batalhas, ou seja, o foco das operações militares estava centrado em destruir o Exército do inimigo.
Hoje, essa concepção foi expandida, uma vez que os governos compreenderam que é mais fácil e mais rápido atacar a infra-estrutura de seus oponentes. E isso afeta os civis, não-combatentes. Isso nos custou a abolição, tão necessária se quisermos manter um pouco da decência, de que, em uma guerra, sempre existem combatentes e não-combatentes dos dois lados.
Mas isso não nos interessa mais. Tudo e todos são alvos em potencial.
Outro problema é: existe "guerra justa"?
Em seu estudo sobre a guerrilha comunista brasileira nas décadas de 1960 e 1970, o historiador Jacob Gorender, ele mesmo membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), organização envolvida na luta armada contra a ditadura militar, afirma que a guerra é justa quando todas as outras formas de resolução de conflitos foram esgotadas, restando o recurso à violência.
Gorender estabelece a dicotomia entre a violência do opressor versus a violência do oprimido. Quando um governo torna-se opressor - como as ditaduras - resta ao oprimido recorrer ao combate armado, uma vez que é impossível desenvolver qualquer espécie de embate político, que poderia ser resolvido por meio de eleições, por exemplo.
Mas, se partirmos de uma noção de ética cristã, veremos que Jesus - e ele dever ser o nosso referencial, e não igrejas ou grupos "religiosos" - veementemente condena o uso da violência em qualquer situação. Na verdade, basta uma olhada rápida em seu Sermão da Montanha (Evangelho de Mateus, capítulos 5 a 7) e em outras passagens dos evangelhos canônicos para eliminar qualquer dúvida sobre sua opinião a respeito.
Infelizmente, estamos caminhando contra essa concepção de ética e, na verdade, tornando-a virtualmente impossível de ser experimentada nos dias de hoje.
A guerra e o terrorismo modernos são os primeiros sinais do que ainda está por vir, uma vez que o futuro pode ser encontrado em germe nos dias que correm.
Paz e Bem?
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