Nos filmes e nos romances, sempre existe o famoso "ponto de virada" dos personagens, em que tudo muda. É o momento, na história, em que alguém percebe que a sua forma de ver a vida já não se adequa mais à própria vida, essa coisa misteriosa que não se importa muito com as nossas idéias e concepções a seu respeito.
Um exemplo: no maravilhoso filme alemão "A Vida dos Outros" (Das Leben der Anderen), produção de 2006, a personagem principal, um policial da Stasi (a polícia política da ex-Alemanha Oriental comunista) chamado Wiesler, encarregado de monitorar a vida de um escritor, tem seu "ponto de virada" quando o seu espionado recebe a notícia da morte de um amigo, que havia cometido suicídio. É uma cena maravilhosa.
A Vida dos Outros
Daquele momento em diante, Wiesler já não pode mais acreditar no sistema em que vive, no seu trabalho e no próprio "socialismo" imposto em seu país.
E então, ele passa a ajudar o escritor a encobrir suas atividades anti-Estado. O interessante é que os dois, o espionado e o espião, nunca chegam a se conhecer.
O que estou tentando dizer é que a vida nos prega peças. E, depois desses momentos, algumas coisas mudam dentro de nós. É claro que essas mudanças podem ser para melhor, mas também podem ser para pior. Tudo depende dos olhos de quem vê.
Como escrevi na postagem anterior, eu tive um acidente de carro grave há alguns dias. E saí dele inteiro, apesar das probabilidades terem estado contra mim.
Prefiro pensar que não tive sorte, pois não acredito em coincidências ou acaso.
O acidente foi meu ponto de virada. E agora, quando penso a respeito, eu tento me decidir sobre o que fazer sobre isso.
Sei que não posso mudar o mundo. Mas também sei que posso dar um sentido diferente às minhas ações e, com isso, mudar o meu mundo e, talvez, com um pouco de sorte e um pouco de amor, mudar um pouquinho a vida das pessoas com quem tenho contato, sejam eles amigos ou simplesmente conhecidos.
Posso mudar o mundo de algumas pessoas com atitudes simples: um sorriso, um abraço, um beijo e uma palavra amiga.
Então, meu ponto de virada, seja ele coincidência ou acaso, ou destino, ou o que for, terá um sentido especial, o sentido de algo que tenha valido a pena.
Paz e Bem!
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