domingo, 21 de março de 2010

MAMOM

Este semestre, de segunda à sexta-feira, sempre das 18 às 22 horas, dou aulas em uma escola de inglês localizada no bairro do Ipiranga, aqui pertinho de casa, na Vila Mariana.

Todos os dias, depois das aulas, subo até a Avenida Nazaré e vou até o ponto de ônibus que fica ao lado de um internato feminino, que abriga jovens estudantes universitárias. 

E, uma dessas noites, fiz amizade com o segurança do lugar.

É ótimo ter companhia para conversar nos arrastados minutos que leva para o meu ônibus passar. No caso, tenho duas opções de transporte. Posso pegar o ônibus Vila Mariana, e descer do lado de casa, ou o Pompéia, que me deixa nas proximidade da Rua Lins de Vansconcelos, e faço o resto do caminho a pé.

O meu amigo segurança é uma ótima companhia porque conversamos sobre vários assuntos e, batendo papo com ele, relembro todas as gírias que um dia eu usei, como a clássica "tá ligado, cara?". 

Há alguns dias, eu, ele e um dos meus colegas professores, que de vez em quando pega o ônibus comigo, estávamos conversando sobre grana. Três lascados falando sobre o que não possuem.

Chegamos a poucas conclusões. Dinheiro não traz felicidade, mas, obviamente, dá uma força para você ser menos angustiado. Grande parte das pessoas financeiramente bem-sucedidas sofrem de algum tipo de distúrbio de personalidade, seja desde o simples esbanjamento - a pessoa que gasta R$ 40 mil em uma caneta-tinteiro, por exemplo - até problemas mais graves, como depressão.

Eu não sou hipócrita. Pra se viver bem neste mundo e, mais ainda, neste país, precisa-se de dinheiro. Do contrário, você cai nas garras do Estado brasileiro (seja em nível federal, estadual ou municipal), sempre lento, burocrático e insensível. 

Aqui, sem dinheiro, todos os seus direitos, de que fala a Constituição, são negados. Na verdade, não se tratam de direitos, mas de mercadorias, uma vez que precisam ser comprados.

No Novo Testamento, Jesus afirma que o dinheiro é intrinsecamente mal, ou seja, esta é sua natureza. Ele chega a comparar o dinheiro a Mamom, um deus pagão.

Na nossa vida, basta observar que, quanto mais temos, mais queremos ter e, no caso do dinheiro, isso gera o indivíduo viciado em trabalho, o workaholic.

E, quando se tem dinheiro, o próximo passo é tornar-se vítima dos comerciais e canais especializados na venda de produtos. 

Eu mesmo já sonhei em comprar o George Foreman Grill, ou alguma máquina que faz sucos sem sujar a pia... Quem não precisa disso?

Não somos pessoas, nem homens ou mulheres. Somos consumidores. E fazemos tudo o que for necessário para alcançar esse status, e para mantê-lo.

E o resto que se exploda.

Paz e Bem!

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