domingo, 13 de dezembro de 2009

"O PADRE" & UMA REFLEXÃO SOBRE PERDOAR

Acabo de assistir o filme "O Padre", (Priest, no original), uma produção inglesa de 1994. No elenco, temos alguns autores britânicos de renome, como Tom Wilkinson e Robert Carlyle (ambos trabalharam juntos posteriormente no sucesso "Ou tudo ou nada").

Admito que vi o filme por meio de uma indicação de uma amiga, a Dona Mirtes, uma das proprietárias de uma vídeolocadora aqui onde moro. Ela conhece o meu gosto por filmes com temática religiosa e, por isso, vive comprando filmes desse tipo para a locadora e me indica todos, assim que vão chegando.

Obrigado, Mirtes!

Os filmes com temática religiosa, tanto os que abordam o tema de forma explícita, como os que não o fazem, estão na moda. Atualmente, podemos visualizar claramente três tipos de filme nesse gênero.

A primeira categoria seria os de filmes católicos, como é o caso de "O Padre" e "A Paixão de Cristo", por exemplo.

A segunda categoria seriam os filmes evangélicos, como "Desafiando Gigantes", "A Virada" e "O Pastor", apenas para citar alguns.

A terceira categoria seria a dos filmes que abordam temas religiosos, mesmo que de forma implícita. Exemplos disso seriam os filmes "Presságio" e "2012", que tratam da questão do fim do mundo, mesmo que prefiram explorar o assunto, eminentemente uma questão religiosa, por meio da ciência.



Em "O Padre", o espectador acompanha a trajetória de um padre enviado à uma comunidade inglesa de baixa renda, para ajudar outro clérigo na paróquia local.

Aos poucos, por baixo da neblina da "santidade" atrás do qual a maioria de nós, cristãos, gosta de se esconder, vamos percebendo a existência de erros e pecados, todos auto-justificados por aqueles que os cometem. Vemos um padre gay, um padre que vive com uma mulher e um caso de incesto entre pai e filha.

No caso do padre gay, sua orientação sexual torna-se assunto público após um incidente com a polícia, e ele é rechaçado pelo seu superior na Igreja e pela própria paróquia, com a qual havia trabalhado.

Neste filme, em termos gerais, temos dois temas principais:

Em primeiro lugar, existe a questão dos direitos dos homossexuais, hoje um assunto bastante avançado em alguns países, uma vez que é alvo, inclusive, de uma série de políticas públicas no combate à discriminação baseada em opções sexuais.

Quanto a este tema, não sou expert, e por isso, me abstenho de comentar.

A segunda abordagem diz respeito à discussão sobre os dogmas impostos pela Igreja Católica Apostólica Romana, tanto aos fiéis, como aos seus padres. Dentre eles, podemos citar questões controversas, como a infalibilidade papal, o celibato e a interdição de mulheres, e homens casados, ao sacerdócio.

Como não sou católico, também não farei comentários a respeito.

Mas o que quero comentar aqui é a questão mais interessante para mim, ou seja, o terceiro ângulo pelo qual o filme pode ser percebido: a dificuldade que as pessoas ditas "cristãs" têm em exercer dons tão importantes como o perdão e a reconciliação.

Após ser exposto como homossexual pela polícia e pela imprensa, o padre do filme é escorraçado de sua comunidade. Quando retorna, para celebrar uma missa, mais da metade dos paroquianos abandonam a igreja. E ele desaba em lágrimas, vítima da falta de amor e de perdão dos "irmãos em Cristo".

Porque, para nós, mesmo os que entre nós denominam-se como cristãos, é tão difícil perdoar?

Talvez porque seja bom transferir nossas culpas para um pobre coitado, ou coitada, que foi pego em uma contravenção maior que a nossa.

"Ufa! Ele está bem pior que eu. Graças a Deus, eu não sou como ele!", alguns de nós pensariam. "Eu mereço um tratamento melhor, afinal, Deus me livre, não fiz aquilo", concluiríamos.

Mas... será? Mesmo?

Quer dizer, como se poder ter certeza? E, além do mais, com que base nós hulgamos os erros dos outros, ao mesmo tempo em que, com tanta facilidade, justificamos os nossos próprios deslizes?

Eu não tenho uma resposta para isso. E, como tento ser um pouco mais como Cristo a cada dia, ele se torna meu referencial.

E suas palavras são simples, calmas e reconfortantes, mesmo quando estou perdido.

"Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra", ou "Não julgue, para que não sejais julgado". Ou o meu favorito, apesar de praticamente impossível de ser realizado na prática: "Deves perdoar o teu irmão até 70 vezes sete ao dia".

É isso. Estes são meus referenciais, meus princípios.

Paz e Bem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário