sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

PABLO MASSOLAR, EM "A OVELHA MAGRA"

Eu tenho esperança no impossível


O que escrevo aqui, hoje, só cabe na tábua do coração, na sede dos sentimentos da alma. Não se consegue contê-lo nos livros, nem nas telas frias dos computadores, está para além de qualquer coisa que possa ser mensurável.
O que será dito não cabe dentro dos tratados teológicos, não cabe nas ideologias agonizantes dos homens das filosofias fúteis e estéreis nelas mesmas. Não cabe na mentalidade esquizofrênica daqueles que, mesmo em vida, negam o querer viver para além. O que será dito não pode ser compreendido por aqueles que já morreram louca e desesperadamente para o saber crer no que não se vê.
Quem espera desta vida que ela se resolva por aqui mesmo, somente, e não consegue ver para além dela mais nada, com muita dificuldade vai aprender a esperar ou crer nas coisas que existem sem serem vistas. Há poderes que matam e poderes que dão vida, cada pergunta e resposta que fazemos e damos à vida nos aproximam mais um pouco da morte ou mais um pouco da vida.
A esperança faz parte do grupo de poderes e saberes que nos aproximam mais um pouco e às vezes totalmente da vida. Esperança não se compra, não se manda entregar, é intransferível, pode até ser contagiante, mas só se consegue experimentá-la pessoalmente. Não é construída nem ornamentada de saberes egoístas. A esperança nasce simplesmente do aprender a confiar Naquele que nada lhe é impossível ou demasiadamente difícil.
Esperança não tem nome, tem esperas, às vezes solitárias e outras sufocantemente dolorosas, mas ela permanece lá, intacta, imóvel, absoluta, pura e simples, nos esperando nas esquinas da vida. O problema é que nem sempre queremos ou sabemos que é preciso dobrar as esquinas. Paralisamos de medo quando não percebemos que depois da esquina tem mais calçadas. Muita gente pensa que o caminho termina na esquina, mas é ali mesmo, do outro lado dela que se encontra a esperança. Esperança de conseguir chegar, de conseguir vencer, do alívio de saber que não estamos numa rua sem saída, o que apareceu foi só mais uma incerteza de saber o que tem do outro lado da esquina. Mas quem precisa saber o que tem depois da esquina quando sabemos que a esperança tem esperança de nos encontrar também? Aprendendo este segredo o “bicho-papão da futuro” vira um filhotinho brincalhão de cão labrador. Quem já sabe que do outro lado só tem esperança não vai encontrar medo pelo caminho.
Ela, a esperança, mora tanto no coração dos reis como dos mendigos, dos infames e dos santos. A esperança não é preconceituosa, todo aquele que se aproxima dela recebe sua atenção doce e amável. A esperança não nega bondade alguma para quem está apaixonado ou somente faz perguntas sobre a vida. Por ser tão irremediavelmente cheia de amor, de uma forma ou de outra, até quem não ama pode encontrar esperança para aprender a amar novamente.
Quem deixou de viver faz tempo, quando crê na esperança, volta a ter vida! A esperança chama para a existência quem não existia mais. Ele, o Pai da esperança, chamou à existência as complexidades atômicas e subatômicas, visíveis e invisíveis. Não poderá fazer o que quiser com quem não mais existiria não fosse o implante vivificante da esperança em sua alma?
Quem criou a esperança também criou o tornar possível, criou a luz quando só existiam trevas. Trouxe à existência o que nunca havia existido antes, inventou galáxias, universos, poderes, nos deu de presente o desafio de aprender a esperar por seu amor.
Sim! Quem criou existencialmente a esperança, conjugou o verbo amar em todos os tempos, perfeitos e imperfeitos. E Ele, pessoalmente, antes que alguém lhe desse um nome ou apelido, esperançosamente já pintava com detalhes todas as alegrias de esperar de volta, com todo amor possível e impossível, um “oi” da nossa parte. Muita gente passa desapercebida pela vida, sem saber que o “oi” Dele já foi dado, agora só falta o nosso.
Você pode decidir, aqui e agora, como vai (ou não) devolver ao seu coração a esperança que já lhe pertence. Ela é um dom que já foi dado a todos, grandes e pequenos, fortes e fracos, puros ou impuros, corajosos ou medrosos. Está sobre a mesa da existência humana, é gratuita, não tem contra-indicações e só faz bem. Pode pegar, é sua!
Quando descobrimos que todas as coisas, sim, todas mesmo, as boas e as não tão boas assim, cooperam e conspiram para o bem daqueles que amam a Deus, então o medo perde o sentido, a confiança ganha poderes impossíveis e a vida passa a ser um novo começo todas as manhãs.

O Deus que garante que não esperamos em vão lhe abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

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