Transporte do Cerra. Duas horas e meia para chegar ao trabalho
Paulo Henrique AmorimBeth saiu hoje de casa às 6H30 da manhã, em Pirituba.
Pegou um ônibus e saltou na Estação Vila Clarice, no Jaraguá.
E lá ficou.
Esperou.
Esperou.
Passaram sete trens e ela não conseguia entrar.
Nem ela nem ninguém na plataforma.
Sete trens e nada.
Beth se queixa do tamanho da composição: são só seis vagões.
E os vagões são apertados.
Quem for de mochila com a marmita dentro, sofre.
Enfim, ela conseguiu desembarcar na Estação da Barra Funda.
Pegou o metrô e chegou aqui em casa às 8H50.
Como não choveu em São Paulo esta manhã, o Padim Pade Cerra não pode botar a culpa em Deus.
Beth é uma trabalhadora baiana.
É assim que os tucanos, há 16 anos, tratam os trabalhadores de São Paulo.
Se fosse na Argentina, a Beth tinha quebrado a estação do trem.
E o Cerra estava exilado no Cairo.
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