domingo, 4 de abril de 2010

A PÁSCOA, POR THIAGO FUSCHINI

A Páscoa, pelo menos para aqueles de nós que se definem como cristãos, começou há milhares de anos, em um manhã exatamente como essa, mais ou menos na mesma hora em que escrevo estas linhas. Agora, são 5h46 da manhã de 4 de abril, Domingo de Páscoa.

Da minha minúscula varandinha, posso admirar o nascer do sol por entre as nuvens escuras e o céu que já começa a clarear aos poucos.

Há cerca de dois mil anos, um pequeno grupo de mulheres, mais ou menos a essa hora, em uma mesma manhã de domingo, preparava-se para visitar o túmulo de um homem que havia sido brutalmente assassinado na sexta-feira. Elas iriam cuidar do corpo do homem morto, já que ele havia sido sepultado às pressas. 

Quando chegaram ao local, perceberam que o corpo havia desaparecido, que o túmulo estava vazio. Pouco depois, receberam a notícia de que ele havia ressucitado, de que escapara da morte. 

Para essas mulheres, saber que Jesus, a quem haviam seguido durante poucos anos, havia ressucitado dos mortos era a melhor notícia de todas. Elas partiram dali e contaram a outros discípulos o que haviam visto e ouvido.

No Evangelho de Mateus, a narração desse episódio afirma que a ressurreição de Jesus, evento que alterou a ordem do universo, já que um homem voltara da morte, foi acompanhada de tremores de terra e que os mortos voltaram a caminhar pelo mundo. Segundo Mateus, pessoas falecidas há muito retornaram a Jerusálem e foram vistar por várias testemunhas.
Este fato marca o início do Cristianismo. 

Entretanto, a Páscoa, identificada pela palavra Pessach, tem origem na tradição judaica e remonta à época em que Moisés libertou o povo judeu da escravidão no Egito. Todos os anos, eles comemoravam essa data, que era impossível de ser esquecida.

A Páscoa, muito mais do que a troca de chocolates, tem a ver com libertação e, mais ainda, com ressurreição, com a possibilidade de recomeços e segundas chances. 

Acredito que a libertação, em qualquer uma das infinitas formas que pode assumir, só possa ter incício a partir do momento em que constatamos que somos prisioneiros de algo.
E somos prisioneiros de muitas coisas. 

Vícios, hábitos, erros, apegos e comportamentos nos aprisionam e escravizam. Muitas vezes, com o passar do tempo, a repetição diária de vícios e hábitos chega a nos transformar, uma vez que eles se tornam a nossa natureza. 

Afinal, somos aquilo que fazemos.

Entretanto, o relato bíblico nos afirma que existe possibilidade de libertação e, ainda mais, o texto - no qual milhões de pessoas encontraram inspiração para transformar suas vidas - nos diz que a renovação é possível. A renovação bate à nossa porta. Ontem, hoje e sempre.

A Páscoa, em seu sentido verdadeiro ou, melhor ainda, em uma de suas realidades possíveis, como símbolo da vitória sobre a escravidão e sobre a morte, significa a confirmação dessa possibilidade. 

Nunca é tarde demais. E tudo é possível.

Paz e Bem!

Um comentário:

  1. Adorei essse texto, muito bom!
    O melhor texto sobre a pascoa que já li.

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