quarta-feira, 31 de março de 2010

MARÇO

O mês de março termina hoje. Neste mês, comemorei meu aniversário 34, revi velhos amigos, comecei a estudar novamente e me recuperei de um acidente de carro. E escrevi pra caramba e trabalhei como um camelo, para recuperar os 15 dias parado passados na cidade natal. 

A melhor parte do mês aconteceu na noite do meu aniversário, quando, pela primeira vez, tive um encontro de verdade - do tipo menino e menina - com a mais linda advogada de São Paulo. Não, caros leitores, não vou escrever aqui seu nome. Sou discreto.

Ao mesmo tempo em que sou discreto, sinto saudades dela, o que me faz querer ouvir sua voz todos os dias, sem exceção. Sim, estou grudento.

E, sim, absolutamente interessado. Totalmente afim. Bastante encantado.

Apesar do desastre do final de fevereiro, que me custou o carro e uma costela, além de noites doloridas de insônia, o mês termina bem. 

Não sei como foi o seu março, leitor, mas torço para que, assim como eu, ao encerrá-lo, seu coração se encha de esperança e, quem sabe, com um pouco de sorte, até mesmo de alegria.

Paz e Bem!

UM DIA

Um dia, poderei fazer apenas aquilo que desejo fazer, sem ter de me preocupar com a necessidade de parecer ocupado perante outras pessoas.

Um dia, poderei apenas conversar e ser amigo das pessoas de quem gosto, sem precisar ser social e falso. Até logo, amizades por conveniência.

Um dia, deixarei de ser essa simulação, essa máscara, formada por pedaços de opiniões alheias, senso comum e desejo de aceitação.

Então, não será necessário provar nada para ninguém; e nem para mim mesmo.

Não vou precisar de uma TV de plasma, IPOD, câmera digital, roupas de grife e perfume importado. Não precisarei parecer ocupado, cheio de tarefas e inacessível.

Não vou precisar parecer sempre seguro, confiante e vencedor.

Meus olhos estarão abertos, então, quando eu puder ser livre. 

Paz e Bem!

segunda-feira, 29 de março de 2010

RECOMENDO

Filhas de Sara...

Gosto de Sara...sua história, sua trajetória, e como não passei por aqui no Dia Internacional da Mulher, deixo esse texto meu pra todas as mulheres, lembrando o que Pedro nos diz: "da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto." (1 Pedro 3.5)
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Ela obedeceu, indo com seu marido Abraão para um lugar totalmente desconhecido. Uma estrangeira, rica e próspera, que largou seu conforto e sua família para seguir o chamado de seu marido. Nada à sua frente, sem perspectivas, sem projetos, mas provavelmente sonhos. Ainda chamada Sarai (mulher muito importante), nesta viagem podemos perceber uma mulher bela e desejada mesmo em outros povos, Sara foi cobiçada por reis e faraós. Mas seus olhos e coração estavam postos em seu marido e em como agradá-lo, chamando-o de senhor. Deus poupou a Sara e não deixou que nada de mal acontecesse com ela, mesmo quando Abraão falhou. Sara, não mais Sarai (agora princesa) recebeu através de seu marido uma promessa que o grande Criador iria fazer de Abraão: Pai das Nações. Como crer na promessa de Deus? Uma promessa feita ao seu marido de que teriam um filho. Um filho tão desejado e esperado, mas que nunca viera. Não é fácil crer quando tudo ao redor mostra o contrário. Consciente de suas limitações: velha, infértil e fragilizada, no meio de toda essa turbulência ela tentou dar “um jeitinho”,sua serva Hagar teria o filho por ela, mas os contratempos com Hagar e Ismael lhe deram muita dor de cabeça. Ciúme e inveja corroeram o coração de Sara. A dor de não ser ela a dar um filho a Abraão fizeram-na amarga e vingativa. Um coração despedaçado que não estava entendendo o rumo que as coisas haviam tomado. Expulsando Hagar e Ismael dali, Sara achou que teria um pouco de paz. Mas essa decisão teve conseqüências terríveis. A paciência de Sara estava sendo provada e também sua fé. Sara estava aprendendo a confiar no Deus dos impossíveis e um dia então pôde ver assim a promessa de Deus em seus braços. Isaque - o filho da promessa podia agora ser embalado e cuidado com todo amor que Sara nutria por ele. Eu imagino a alegria e gratidão de Sara ao Senhor pelo seu filho Isaque (riso). Quando Sara riu da mensagem do anjo de que ela teria um filho, talvez não imaginasse a alegria o riso de felicidade que esse momento lhe daria. Até o fim de sua vida foi muito amada por seu marido Abraão, uma mulher especial, sem dúvida.
Somos filhas de Sara como a Palavra de Deus nos diz, e ela tem muito a nos ensinar com sua vida. Sua fé provada na paciência, a obediência ao seu marido, seus erros e acertos e a forma como Deus a usou, são ensinamentos preciosos que essa grande mulher nos deixou, e que sabiamente Deus registrou em Sua Palavra. Uma mulher que assim como e eu você, precisou obedecer, ser submissa. Também errou e tomou decisões precipitadas algumas vezes e precisou ter muita paciência para receber a promessa de Deus.
Obediência, submissão, paciência, perseverança e confiança são exemplos que Sara nos deixou. Ensinamentos de uma bela mulher, uma estrangeira que aprendeu a confiar no Deus dos impossíveis e assim ser usada para o grande propósito de Deus para todas as nações e também cumprir os planos de Deus para com Israel.

Texto escrito por minha amiga Ingrid Silverol, em seu blog, A Ingrid quer falar. O endereço é http://aingridquerfalar.blogspot.com/

SOBRE A GUERRA MODERNA

Na última postagem, escrevi que a guerra moderna, seja ela justa ou não, é travada contra inocentes e não contra soldados.

Minha afirmação abre espaço para dois questionamentos. Vamos começar do início.

É claro que, em todos os conflitos armados ao longo da História, os civis foram as principais vítimas. Guerra, doenças, fome e destruição de infra-estrutura básica sempre acompanharam as populações dos países em guerra.

Assim, o que eu quis dizer com isso?

A guerra, em sua definição clássica, a qual devemos ao general prussiano Carl Von Clausewitz, é o esforço determinado a impedir que o inimigo tenha condições de combater. Nesse contexto, acreditava-se que era necessário tornar impossível a continuidade das batalhas, ou seja, o foco das operações militares estava centrado em destruir o Exército do inimigo.

Hoje, essa concepção foi expandida, uma vez que os governos compreenderam que é mais fácil e mais rápido atacar a infra-estrutura de seus oponentes. E isso afeta os civis, não-combatentes. Isso nos custou a abolição, tão necessária se quisermos manter um pouco da decência, de que, em uma guerra, sempre existem combatentes e não-combatentes dos dois lados.


Mas isso não nos interessa mais. Tudo e todos são alvos em potencial.

Outro problema é: existe "guerra justa"?

Em seu estudo sobre a guerrilha comunista brasileira nas décadas de 1960 e 1970, o historiador Jacob Gorender, ele mesmo membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), organização envolvida na luta armada contra a ditadura militar, afirma que a guerra é justa quando todas as outras formas de resolução de conflitos foram esgotadas, restando o recurso à violência.

Gorender estabelece a dicotomia entre a violência do opressor versus a violência do oprimido. Quando um governo torna-se opressor - como as ditaduras - resta ao oprimido recorrer ao combate armado, uma vez que é impossível desenvolver qualquer espécie de embate político, que poderia ser resolvido por meio de eleições, por exemplo.

Mas, se partirmos de uma noção de ética cristã, veremos que Jesus - e ele dever ser o nosso referencial, e não igrejas ou grupos "religiosos" - veementemente condena o uso da violência em qualquer situação. Na verdade, basta uma olhada rápida em seu Sermão da Montanha (Evangelho de Mateus, capítulos 5 a 7) e em outras passagens dos evangelhos canônicos para eliminar qualquer dúvida sobre sua opinião a respeito.

Infelizmente, estamos caminhando contra essa concepção de ética e, na verdade, tornando-a virtualmente impossível de ser experimentada nos dias de hoje.

A guerra e o terrorismo modernos são os primeiros sinais do que ainda está por vir, uma vez que o futuro pode ser encontrado em germe nos dias que correm.

Paz e Bem?

ATENTADO EM MOSCOU

Na manhã desta segunda-feira, 34 pessoas foram mortas em atentados terroristas ocorridos em Moscou, na Rússia. O número de feridos ainda não foi divulgado pelo governo russo.

Abaixo, trecho da reportagem divulgada pelo UOL Notícias, tendo como base informações de agências internacionais:  

"A primeira explosão aconteceu pouco antes das 8h (horário local, 2h de Brasília) na estação Lubyanka, causando a morte de pelo menos 22 pessoas e deixando outras 11 gravemente feridas.

A estação fica na praça Lubyanka, onde está localizada a sede do Serviço Federal de Segurança da Rússia (da sigla FSB, antiga KGB).

A segunda explosão, que ocorreu na estação Park Kultury, deixou outros 12 mortos e um número ainda indeterminado de feridos. Segundo a Promotoria russa, os atentados podem ter sido causados por terroristas suicidas. Até o momento, ninguém reinvindicou a autoria da explosão, informou a rede de televisão CNN. Ainda de acordo com a rede americana, o governo acredita que as explosões foram ocasionadas por ataques terroristas".

Este foi o sexto atentado ocorrido no sistema de metrô de Moscou nos últimos 12 anos. O governo russo acredita que os ataques foram realizados por terroristas que lutam pelo direito à auto-determinação da Chechênia, território cujo movimento em prol de sua separação da Rússia foi esmagado violentamente na década de 1990, por meio de uma intervenção militar. 

A Chechênia é uma república cuja maioria da população professa a fé islâmica (por isso, foi possível ao governo russo, nos últimos anos, acusar os separatistas de terem ligações com grupos muçulmanos radicais, como a Al-Qaeda). O país é um importante produtor de petróleo, daí sua virtual impossibilidade de ter seu direito à autonomia reconhecido por Moscou.

Em 1991, após o colapso da ex-URSS, à qual a república chechena havia sido incorporada na marra na década de 1920, teve início o movimento separatista, sufocado pelo governo russo, ao custo de duas intervenções militares (1994-1997 e 1999-2003) e mais de 150 mil mortos.

Não tenho pretensões de oferecer uma análise sobre a situação na Chechênia ou sobre o atentado de hoje em Moscou. Não conheço o caso a fundo e as informações disponibilizadas nesta postagem foram obtidas por meio de uma rápida pesquisa na internet.
Infelizmente, a guerra moderna - seja ela justa ou não - é travada dessa forma: a custo de mortes de não-combatentes, ou seja, civis. No caso de hoje, a insistência, por parte do governo russo, de não aceitar a independência da Chechênia, somado ao fanatismo de separtistas chechenos, levou 34 pessoas à morte. 

Talvez, isso possa acabar um dia.

Paz e Bem?

domingo, 28 de março de 2010

ORAÇÃO

Caio de joelhos ao chão batido
abatido, arrasado, pleno.
Ergo meus olhos, meu coração
no chão, abro o jogo e conto a verdade.

Toda oração é manifesto; toda oração é poema.
Pedido, súplica, agradecimento e comemoração
e tenho muito a dizer.
Ah, se ao menos, eu aprendesse a contar a verdade!

O ouvinte ouve, lê meus pensamentos
sabe da primeira palavra antes que eu aprenda como começar
e sabe quando encerro, antes que meus olhos ardam de tanto chorar.

De alegria ou de tristeza?
A cada dia, uma palavra gravada e impossível de ser esquecida.
Tatuado na pele, marcado nos olhos. Impresso na boca.

Toda oração é verdade; toda oração é coração.
Aberto, feliz, radiante, esmagado, triste e conturbado
diferente, como a cada dia
renovado, como eu mesmo.

No chão, é um novo eu que se ajoelha,
um estranho que entrelaça as mãos e fecha seus olhos.
Sou o mesmo, ainda que diferente. Quase irreconhecível.

Toda oração é verdade.

Paz e Bem!

ENCERRANDO AS CELEBRAÇÕES

Ontem, ou, mais precisamente, hoje, às 3 horas da manhã, encerramos oficialmente o período de celebração do aniversário 34. 

E encerramos bem, felizmente.

O evento final foi uma reunião de amigos em um bar do Centro de São Paulo, o já legendário Papo, Pinga e Petisco, na Praça Roosevelt. 
O tempo, essa coisinha que se arrasta lentamente, sem previsão alguma, e sem volta, pode mudar muitas coisas, mas não pode mudar todas. 

Ontem, tive a sorte de rever amigos que há muito não via e de conversar, abraçar e beijar a todos como se tivéssemos nos visto pela última vez na sexta-feira, e não anos atrás.

Só posso agradecer a todos que compareceram e torcer, em segredo, baixinho, para que venham nas próximas vezes. 

Mas, algo além disso aconteceu.

Aos poucos, vou ficando cada vez mais encantado com a beleza do rosto, da voz e do olhar de uma garota, que, por incrível que pareça, viu algo em mim também.

E é muito gostoso redescobrir a capacidade de se encantar. 

Ela vem se tornando especial e muito querida. E fico feliz que esteja por perto; e torço para que continue a estar por perto, já que adoro o seu jeito de me olhar e de pegar na minha mão quando passeamos.

Parece pouco, trivial, mas não é. Confie em mim, prezado leitor.

Paz e Bem!

sábado, 27 de março de 2010

PROPOSTA

Então, eu entrei na sala. Hoje, passados tantos anos, se eu soubesse o que me esperava lá dentro, eu provavelmente teria pensado duas vezes. Não, não é verdade. Eu precisava daquilo.

Eu entrei na sala. O lugar era escuro, a não ser por um pequeno abajur de escritório colocado no canto esquerdo. Não haviam muito móveis, pelo que me lembro. Creio que uma mesa e duas cadeiras. Estremamente funcional, como qualquer bom escritório.

Não havia nada de especial naquela sala, a não ser pelo Homem. Era impossível não percebê-lo e concentrar-se nele assim que ele entrasse em seu campo de visão. Seus olhos eram quase amarelados. Os cabelos, já ralos, estavam penteados para trás. Meia-idade. Atraente.
- Meu nome é Viriato, senhor, ele disse. A voz era fria, parecia debochar de você. Eu o odiei com todas as forças a partir daquele momento.

Ele percebeu minha hostilidade. E sorriu; afinal, ele sabia porque eu estava ali. Não se importava nem um pouco com o que eu podia estar pensando sobre ele. 

- Sente-se, por favor, ele disse, apontando a cadeira em frente à ele. Fique à vontade.

Mais uma vez, o sorriso. Era quase pornográfico.

- O senhor quer morrer, certo? A pergunta parecia absurda mas, quando olhei em seus olhos, qualquer senso de irrealidade desapareceu por completo. 

A entrevista tinha começado.

- Sim, eu respondi. Exatamente.

A admissão do motivo pelo qual eu estava ali produziu um nó de ansiedade fria em meu estômago. Senti vontade de chorar. Mas não, nunca na frente dele.
- O senhor está aqui por um motivo simples. Os suicidas, como o senhor sabe, são nossos. É um acordo antigo, o senhor entende, firmado entre as partes. 

- Sim, eu sei.

- Ótimo. Isso facilita muito as coisas.

Ele puxou um pouco o colarinho. No pescoço, a pele se revolvia, contorcendo-se.

- O senhor se importa se eu ficar um pouco mais à vontade? Essa pele é cansativa. E, eu devo admitir, é também muito desconfortável.

"Não sei como vocês podem suportar isso", ele grunhiu, quando se libertou. 

Tive medo. A pele se retesava e escurecia gradualmente. A cabeça cresceu desproporcionalmente. Ele rasgou as roupas e ficou nu, mistura psicodélica de homem com animal. Os cabelos voltaram a crescer.

Ele subiu na mesa e chegou perto de mim. O medo se contorcia na minha garganta e no meu peito.

- Ora, vamos, vamos, ele começou. Não é para ter medo. Na verdade, se me permitir um lapso de honestidade, devo dizer que eu agora sou provavelmente o seu melhor amigo.

Ele sorriu.

- Nesse exato momento, o senhor está entre a vida e a morte. A arma que o senhor usou para o seu suicídio estava avariada e o tiro não atingiu a sua cabeça. como o senhor havia plenajado. Ao invés disso, abriu um enorme buraco em seu rosto. Se não fizermos nada a respeito, o senhor vai sangrar até morrer. 

- Mas eu quero morrer..., me lamentei.

A coisa, agora vaga lembrança de um homem, pousou a pata esquerda em meu ombro.

- Sim, sim... Claro que quer... Mas, para ser honesto, o que o senhor quer ou deixa de querer realmente não me interessa. Eu sei o que eu quero...

- O quê?

- Eu quero salvar a sua vida, é claro! Em troca, quero a licença para vestir a sua carne por algum tempo. Dar uma voltas por lá, no seu mundo... Espalhar um pouco da nossa versão sobre os fatos importantes da vida. 

- Eu não quero viver.

- Eu vou viver na sua carne. Do contrário, eu prometo que o senhor vai se arrepender amargamente da sua escolha. Eu tenho amigos aqui, sabe? 

Ele gargalhou.

Eu fiz a minha escolha. E ele cumpriu sua palavra. Depois de cinquenta anos no Inferno, eu desisti. Havia muito pouco de mim agora. Restos carcomidos, semi-queimados. Eu não conseguia pensar.

Finalmente, aceitei a proposta.

ELEIÇÕES EM OUTUBRO

Eu me conheço.

Isso quer dizer que sei que, muito provavelmente, a medida que o mês de outubro for se aproximando, mais e mais vai bater no peito a minha vontade de falar sobre política. 

Ano eleitoral, né? E eu gosto do assunto... 

Eleitor brasileiro em dúvida: "Dilma ou Serra? O que fazer?"

Pessoalmente, identifico a tucanaiada e os demos com tudo o que há de mais atrasado, capacho e moralmente questionável em política. Não que o povo da estrela vermelha seja muito melhor - venhamos e convenhamos - mas voltar ao reino da plumagem tucana seria um atraso de vida para esse país.

Isso significa dizer que eu, aqui, prefiro que a Dona Dilma ganhe as eleições presidenciais. Com ela, pelo menos, posso ter a esperança de que os direitos recentemente adquiridos pelos pobres - de recebrem algum tipo de assistência econômica por parte do governo - permanecerão de pé a partir do momento em que a nossa faixa presidencial enfeitar outro peitoral.

E, se você é honesto, sabe que foi muito recentemente que a miséria diminuiu no Brasil. E esse, meus amigos, somado ao nosso crônico atraso, burocracia e corrupção endêmica, são os nossos principais problemas.

Além disso, eu não posso querer na Presidência um cara que manda policiais descerem o cacete em professores em greve, certo?

É errado, não? (Por favor, diga que é errado bater em grevistas, para que possamos continuar a ser amigos, caro leitor!)

Bom, está resolvido. Meu voto está declarado. Espero não sentir mais nenhum furor engajado de escrever sobre política. 

Mas eu vou, eu sei.

Paz e Bem!

RENATO RUSSO: HOMENAGEM AOS 50 ANOS

Hoje, se ainda estivesse vivo, o cantor e compositor Renato Russo, do Legião Urbana, estaria comemorando seu 50º aniversário.

Nascido Renato Manfredini Júnior, em 27 de março de 1960, no Rio de Janeiro, ele faleceu em 11 de outubro de 1996, de complicações causadas pelo vírus da AIDS.

Renato Russo, um dos nossos grandes compositores, que conseguia misturar a batida do rock com suas letras e versos - acredito que ele foi o nosso último poeta romântico - tornou-se inesquecível para uma legião de fãs. Eu, inclusive.


Para aqueles de nós que crescemos na década de 1980, é impossível ter deixado de ser um dos fãs da maravilhosa Legião Urbana. 


No meu caso, só me tornei fã ardoroso da banda em 1995, pouco antes de uma viagem no Carnaval. Nunca assisti ao trio em uma de suas incríveis performances ao vivo. A única vez em que foram a Santos, minha terra natal, em 1991, Renato interrompeu o show depois de levar uma lata de cerveja na cabeça.

Assim, nenhum dos meus colegas e amigos na época - eu tinha 15 anos - chegaram a ver a banda tocando ao vivo!

Renato Russo, um dos maiores compositores do rock nacional nos legou grandes clássicos, como Pais e Filhos, Há Tempos e Faroeste Caboclo, a minha favorita. E a música que estou ouvindo agora, enquanto digito essas palavras...

Abaixo, a letra desse clássico. Bom Proveito!
 
Paz e Bem!

Faroeste Caboclo

Legião Urbana

Composição: Renato Russo
 
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da sertania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só prá roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
De escolha própria, escolheu a solidão
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico, aos doze era professor.
Aos quinze, foi mandado pro o reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.
Não entendia como a vida funcionava
Discriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, foi direto a Salvador.
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem
Mas João foi lhe salvar
Dizia ele: "Estou indo pra Brasília
Neste país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar"
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal
"Meu Deus, mas que cidade linda,
No Ano-Novo eu começo a trabalhar"
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga
Na sexta-feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E o Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que, como Pablo, ele ia se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado, a plantação foi começar.
Logo logo os maluco da cidade souberam da novidade:
"Tem bagulho bom ai!"
E João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali.
Fez amigos, freqüentava a Asa Norte
E ia pra festa de rock, pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinho da cidade
Começou a roubar.
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
"Vocês vão ver, eu vou pegar vocês"
Agora o Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
"Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter"
O tempo passa e um dia vem na porta
Um senhor de alta classe com dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta do João
"Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cú na mão
E é melhor senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião"
Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:
"Você perdeu sua vida, meu irmão"
"Você perdeu a sua vida meu irmão
Você perdeu a sua vida meu irmão
Essas palavras vão entrar no coração
Eu vou sofrer as conseqüências como um cão"
Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar
Falou com Pablo que queria um parceiro
E também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que um tal de Jeremias,
Traficante de renome, apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que, com João ele ia acabar
Mas Pablo trouxe uma Winchester-22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar
Jeremias, maconheiro sem-vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
Se dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
"Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já tá em tempo de a gente se casar"
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez
Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Amanhã às duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor
E o Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora e o local e a razão
No sábado então, às duas horas,
Todo o povo sem demora foi lá só para assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir
Sentindo o sangue na garganta,
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
A gente da TV que filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
"Se a via-crucis virou circo, estou aqui"
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester-22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
"Jeremias, eu sou homem. coisa que você não é
E não atiro pelas costas não
Olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha
Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão"
E Santo Cristo com a Winchester-22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
E o povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade
Não acreditou na história que eles viram na TV
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília, com o diabo ter
Ele queria era falar pro presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz...
Sofrer...

sexta-feira, 26 de março de 2010

O ANTI-CRISTO

Acabo de assistir o filme O Anti-Cristo, (no original Anti-Christ) produção européia lançada no ano passado, dirigida por Lars Von Trier. No elenco, Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg.


O enredo do filme é simples: após a morte do filho, um casal (Dafoe e Gainsbourg) estão arrasados. A mulher, principalmente. O marido, que é terapeuta, decidde ajudá-la a superar o trauma e propõe uma temporada em uma cabana no campo.

Ao longo do tempo, a mulher vai piorando e coisas estranhas passam a acontecer na casa.

Os enredos extremamente simples são uma marca dos filmes de Trier, cineasta europeu que optou por tentar realizar em seus filmes uma espécie de estética mínima, bastante concentrada na interpretação dos atores (daí, a abundância de close-ups, por exemplo) e o uso de diferentes movimentos de câmera e iluminação.

Em Dogville, filme de 2003, Trier usou dessa estética para contar como a chegada de uma moça a uma pequena cidade norte-americana durante a Depressão da década de 1930, faz com que as piores características de seus moradores venham à tona.


Neste filme, o diretor optou por realizar uma espécie de teatro filmado, com o mínimo de cenários. As casas da cidade, por exemplo, eram constituídas apenas de parte de seus esqueletos.

Alguns comentaristas afirmam que pode-se encontrar semelhanças entre as propostas cinematográficas de Trier e a concepção de teatro apontada pelo francês Antonin Artaud, em seu Teatro da Crueldade. A meu ver, Artaud tinha mais consideração pela forma como os textos seriam trabalhados em suas peças do que mostrou Trier até agora.

Mas, do ponto de vista cinematográfico, O Anti-Cristo é bem mais convencional do que outras obras do autor, como o já citado Dogville. Um dos aspectos diferenciais entre os dois filmes é a abordagem da sexualidade - sempre abordada de forma deprimente - graficamente mais explícita na produção do ano passado. 

E, quase sempre, quando os filmes abordam a sexualidade de forma explícita, isso é feito de forma desnecessária à trama, marcando a obra com uma gratuidade desnecessária.

Mas recomendo o filme, uma vez que é sempre bom ver filmes lançados no Brasil que saiam da tradicional estética água-com-açúcar da maioria dos filmes atuais.

Paz e Bem!

PORQUE TÃO SÉRIO???

Eu cresci lendo histórias em quadrinhos. Uma das minhas lembranças mais antigas é a de minha mão comprando um monte de gibis para mim na banca da padaria da esquina de onde morávamos. Nessa época - não sei quantos anos eu tinha - morávamos na Rua Vahia de Abreu, em Santos, onde meu irmão mais novo nasceu.

Isso é interessante. Cada um de nós três nasceu em um prédio de diferente, a intervalos de três anos. A mim, coube o desafio de ser o irmão mais velho. Não me dei muito bem nisso.

Leio histórias em quadrinhos até hoje. Gosto de quase todos os tipos de HQs e estou sempre olhando as novidades. Procuro apoiar os nossos sofridos artistas da área, comprando revistas feitas por autores ainda desconhecidos. Sempre poderão contar com essa minha pequena ajuda. 


Como todo fã de quadrinhos, tenho meus personagens preferidos, que, obviamente, vão mudando com o tempo. 

Um exemplo, quando eu estava crescendo, eu adorava os personagens que eram mais violentos. Eu já fui um leitor voraz das aventuras do Wolverine e do Batman, por exemplo. De vez em quando, me pego relendo alguns dos clássicos dos dois.

Hoje, como estou ficando bunda mole com a idade, prefiro ler os personagens que nunca matam seus oponentes, aqueles para quem um ato de violência desse tipo jamais passaria pela cabeça; hoje, eu gosto do Fantasma, do Superman e do Surfista Prateado.

Mas tenho ainda uma queda por um dos melhores personagens já criados nas HQs e imortalizado nos cinemas. Trata-se do Coringa, um dos principais inimigos do Batman, também conhecido como O Cavaleiro das Trevas.


Na foto acima, temos o ator Jack Nicholson, que encarnou o Coringa de forma sensacional em 1989, no filme Batman, de Tim Burton. Abaixo, a mais nova versão em carne e osso do personagem, interpretado por magistralmente por Heath Ledger, em O Cavaleiro das Trevas, filme de 2008, dirigido por Christopher Nolan.


Uma rápida olhada nas fotos já mostra uma óbvia diferença na caracterização da personagem no intervalo de quase duas décadas entre os dois filmes: o Coringa de Nicholson, apesar de desfigurado - seu sorriso e a descoloração dos seus cabelos e rosto são permanentes - tem ainda um aspecto de palhaço.

No caso do Coringa de Ledger, trata-se de um homem que utiliza a maquiagem de palhaço como uma forma de esconder duas cicatrizes que possui no rosto.


Acima, o Coringa dos quadrinhos. No caso, trata-se do Coringa de Dave Mackean, que ilustrou a já clássica Arkham Asylum no final da década de 1980. 

Um pouco de história. O Coringa foi criado pelos mesmos autores que nos legaram o Batman, em 1940. Segundo os artistas, o personagem foi inspirado pelo filme da década de 1930, O homem que ri (The man who laughs), no qual o ator Conrad Veidt interpreta um criminoso que tem um permanente sorriso no rosto.


O Coringa é um assassino insano. Sua origem é um tanto misteriosa, mas acredita-se que se trata de um ladrão que ficou deformado a partir da exposição à produtos químicos em um assalto impedido pelo Batman. Ao constatar sua desfiguração, o criminoso enlouqueceu.

O que torna o Coringa tão interessante? Para mim, sua completa imprevisibilidade e sua absoluta falta de respeito por qualquer padrão de conduta ética ou moral. 

O negócio dele é criar caos.


Paz e Bem?

NESTE ANIVERSÁRIO 34

Neste aniversário 34, sigo o bom exemplo dos antigos, daqueles que vieram antes de mim: estou comemorando a data com a ajuda de várias pessoas, durante vários dias. 

Isso provavelmente significa que estou ficando nostálgico. Cada vez mais, percebo que o passado era mais radiante, mais misterioso. Os dias-que-já-foram e eu temos algo em comum: somos românticos. 

Quanto aos dias-que-correm, eles me parecem ter um tchans a menos. Falo isso pelo mundo lá fora, além da minha confortável vida. 

Mas tenho esperanças animadas quanto aos dias-por-vir. 

Neste aniversário 34, resolvi celebrar com os amigos, com a família e com uma pessoa que rapidamente se torna especial, o que me lembra a ir com calma. Se não, ela pode ficar muito convencida... Vai que ela descobre que eu estou superhipermegaultrainteressado, grande vocábulo que pode ser traduzido por "encantado" ou simplesmente, "com meus olhos voltados para" ela.
Neste aniversário 34, dei presentes para mim mesmo, segundo meus gostos exóticos e apetites excêntricos. Me decidi a fazer investimentos. E o objetivo desses investimentos é simples: me deixar alegre e imprimir um sorriso gigante-verdadeiro em meu rosto.
Amanhã, encerro oficialmente as comemorações, com um almoço em família, feijoada na fogueira, e, à noite, com uma reunião com alguns amigos queridos.

A partir daí, as cortinas se cerram, o espetáculo entra em intervalo e a vida normal recomeça.
Estou ansioso para descobrir o que farei com ela.

Paz e Bem!  

quinta-feira, 25 de março de 2010

PARA MUDAR O MUNDO

Para mudar o mundo, 
vou escrever um livro, plantar um árvore e ter um filho. 
Escrever o poema definitivo, talvez, um romance. 
Terminar o Mestrado, dar aulas em faculdades e descobrir o sentido da vida.

Para mudar o mundo, 
vou me apaixonar novamente, perdidamente, completamente. 
Fazer piqueniques com ela, passeios pelas praias do mundo, de mãos dadas, corpos abraçados. 
Vou sentir os seus cabelos sob meu rosto, sua boca colada à minha.

Para mudar o mundo, 
vou encontrar a cura de uma doença,
ou mergulhar de cabeça na ajuda aos sofredores de todos os lugares, todos os tempos
- ai de vocês, canalhas indiferentes, que castigam os inocentes! 
Eles não têm culpa da sua ganância negra, que ofende o céu acima de nossas cabeças!

Para mudar o mundo, 
vou descobrir que um homem sem projetos não é nada; 
que a vida só faz sentido quando você a força a fazer.

Para tentar mudar o mundo,
vou dar novos sentidos a minha vida - a todos os pequenos atos - todos os dias.  
E vou perceber que tenho de começar a salvar o mundo, 
sendo a mudança que desejo a partir de mim mesmo.

Paz e Bem!

UM POEMA DE DYLAN THOMAS

Não entres nessa noite acolhedora com doçura

Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
pois a velhice deveria arder e delirar ao fim do dia;
odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Embora os sábios, ao morrer, saibam que a treva lhes perdura,
porque suas palavras não garfaram a centelha esguia,
eles não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os bons que, após o último aceno, choram pela alvura
com que seus frágeis atos bailariam numa verde baía
odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

Os loucos que abraçaram e louvaram o sol na etérea altura
e aprendem, tarde demais, como o afligiram em sua travessia
não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os graves, em seu fim, ao ver com um olhar que os transfigura
quanto a retina cega, qual fugaz meteoro, se alegraria
odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

E a ti, meu pai, te imploro agora, lá na cúpula obscura,
que me abençoes e maldigas com a tua lágrima bravia.
Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Poema traduzido por Ivan Junqueira e publicado no livro Dylan Thomas - Poemas Reunidos (1934-1953), da José Olympio Editora.

quarta-feira, 24 de março de 2010

QUANDO EU ERA JOVEM

Quando eu era jovem, tornei-me estúpido ganancioso burro
esfarrapado vestido em sonhos de uma vida irreal e incompleta.
Quando eu era jovem, magooei pessoas que me amavam, fui injusto, calhorda e não voltei atrás quando o deveria ter feito.
Quando eu era jovem, eu não amei o suficiente.
Não pedi desculpas suficientes.

Então, em um deserto de repente, ah, quantas coisas eu deveria ter mudado! E agora,
é tarde demais. Para algumas coisas - palavras e gestos que nunca virão à luz.
Mas não serei aleijado para o resto da vida; lanço fora as minhas muletas.
Afinal, o sol continua firme no alto do céu; eu, firme aqui embaixo.

AGRADECIMENTO

Encerro este dia com uma única palavra
obrigado
pelo melhor presente que eu poderia esperar
uma pizza, conversa à toa, risadas
e beijos maravilhosos.

Linda,
me afoguei - estou perdido - em seus
cabelos seu perfume sua pele & sua boca
obrigado por me dar o melhor presente
o único que eu realmente queria.

Obrigado
aos amigos que escreveram e ligaram.
Obrigado
à madrinha, pai, irmãos, tia e outros.
Eu lhes agradeço neste aniversário 34.

Paz e Bem!

POESIA

Reencontrei algo que havia perdido: o gosto por poesia. 

Voltei a ler alguns livros e a escrever. Ando pesquisando aqui e ali na internet e em revistas. Admito que estou voltando a escrever também. Nada demais, nada de que me orgulhe, mas apenas ensaios e antecipações.

Veremos onde isso vai dar. 

Paz e Bem!

ALVORADA

Nas minhas longas noites de insônia, acordando de hora em hora, vou até a absurdamente minúscula varanda de meu apartamento. E olho o imenso vale diante de mim. 

É um vale de prédios e casas, entremeadas por ruas, árvores e praças. Sinto uma pontada de inveja daqueles que se viram parados no mesmo lugar que eu, séculos atrás. Ou mesmo décadas. 

Em noites de insônia, eles teriam diante de si um vale de verdade, natural, verde e terrível, a se perder de vista. Por cima de suas cabeças, assim como eu, eles teriam visto o mesmo que eu vejo, uma gigantesca imensidão azul, até agora apenas arranhada por nós.

No início do dia, vejo como o azul da noite, escuro, vai aos poucos clareando. As nuvens, até agora quase imperceptíveis, ficam cor de rosa. Manchado de luz, o ceú torna-se menos escuro, revelando também as formas dos prédios e das casas, onde as pessoas ainda dormem.
Aqui e ali, um carro avança, provavelmente, com suas lanternas ainda acesas, enquanto o motorista sonolento liga o rádio para não voltar a sonhar. 

Agora, as nuvens já são brancas e o horizonte é laranja. Uma possível descrição do nascer do sol.

Tudo o que existe lá fora, torna-se parte do que existe aqui dentro. 

Paz e Bem!

QUASE UM TIO, CHUVA & UM GRANDE EVENTO

Pronto. Tenho 34 anos. Mais seis, e sou oficialmente, ou mais ou menos, um "tio".

Pelo visto, este será mais um aniversário sem chuva, meu trauma de infância.Quando eu era criança, parei de comemorar meu aniversário quando, em uma das minhas festinhas, ocorrida durante um temporal, as águas de março, aepnas um colega de escola (Deus salve os Adrianos desse mundo!) foi à Pizzaria Zi Tereza, em Santos.

Hoje, a pizzaria não existe mais e, como o clima está enlouquecendo, faz um calor infernal em março. 

Hoje, terei um dia ansioso, grávido de felicidade. Possivelmente, com certeza, um grande vento vai fechar a data. Este evento, segredo guardado a sete chaves, ai, ai, pode trazer consigo algumas mudanças: a decisão de mudar o curso e de deixar algo para trás, definitivamente.

Nenhuma certeza, nenhuma dúvida. Totalmente eu!

Deixo para trás a idade do Salvador Crucificado; agora, me dedico a uma nova visão. Ainda incompleto, inconcluído, pela metade, mas com o peito explodindo. 

Não espero mais revoluções ou terremotos em minha vida, que não sejam causados por palavras doces e pela absoluta determinação de construir felicidade. 
Abandono vestes negras, olhares igualmente escurecidos por desejo e fome. Abraço possibilidades, escolhas e novidades.

Sai da minha aba, tristeza. 

Estenda sua mão para mim, abrace-me e beije-me, perspectiva! Seja real em minhas veias, mente e corpo. Queime o que tem de ser queimado e torne fértil o solo com as cinzas que o vento por aqui e ali espalhar.

Paz e Bem!

terça-feira, 23 de março de 2010

APOCALIPSE PARA TODOS OS GOSTOS

Em aproximadamente dois anos, um realinhamento de todos os planetas que compõem o nosso pequeno cantinho do universo aumentará a quantidade e a intensidade das explosões solares. 

Com o aumento da radiação proveniente do Sol, a crosta terrestre, ou seja, a massa de terra sob nossa superfície, será derretida, deixando os continentes livres para passear pelo globo, causando gigantescos terremotos e tsunamis, que engolirão países.

Será o fim do mundo.

O apocalipse tem data marcada. Acontecerá em 21 de dezembro de 2012. A partir do início do fim, a vida na Terra estará extinta em poucos dias.



Esta previsão está disponível há séculos, pois faz parte das crenças da antiga civilização maia, exterminada no processo de colonização do continente americano, iniciado no século XVI. No caso dos maias, justiça seja feita, seu "choque de civilizações" foi levado a cabo pelos espanhóis.

A profecia maia sobre o fim do mundo - na verdade, o fim da civilização humana na Terra - foi recentemente abordada no megablockbuster 2012, produção norte-americana do ano passado, dirigida por Roland Emmerich, papa dos filmes do gênero. Em seu currículo temos, por exemplo, "O dia depois de amanhã", uma abordagem sobre o aquecimento global.

A verdade é que a ideia do fim do mundo atormenta a humanidade desde o início de nossa empreitada netse planeta.

Praticamente todas as religiões oferecem visões sobre como será o Fim dos Dias. Na Bíblia, temos o livro do Apocalipse (palavra grega que significa Revelação), que narra a volta de Cristo e sua vitória defintiva sobre o Mal, com o consequente fim do mundo como o conhecemos.

Outro exemplo retirado da cultura pop: no filme Presságio, o aumento da atividade solar, com a expansão do sol, destrói o nosso planeta, que é engolido pela estrela.


Para alguns estudiosos, a obsessão da Humanidade com o Apocalipse revela, na verdade, o nosso desejo de que, de alguma forma, as nossas contradições encontrem algum tipo de resolução.

É interessante, por outro lado, observar uma tendência nos filmes que tratam do tema.

Antigamente, a proposta é de que o final do mundo ocorreria por nossa culpa. Nos filmes da série Mad Max, por exemplo, o caos é causado por uma guerra nuclear. Em Eu sou a Lenda, depois que uma cientista cria um vírus capaz de debelar o câncer, esse vírus sofre mutações, criando uma epidemia mundial que dizima a raça humana.



Atualmente, a destruição da raça humana é causada por eventos que possuem uma fonte externa. Em Filhos da Esperança, a causa é uma epidemia global de infertilidade. Em Independence Day, somos vítimas do ataque de uma raça de alienígenas.

Talvez isso signifique que o atual estado de coisas crie um clima psicológico em que acreditamos ser inevitável a nossa destruição. E estamos fantasiando as formar em que isso poderá ocorrer.

Até o fim de todas as coisas, Paz e Bem!

PORRADA!

Pela primeira vez, recebi uma crítica negativa a este blog. Não que o que eu escrevo seja maravilhoso, mas, pela primeira vez, alguém teve a coragem (de fato, mais ou menos, já que o texto é anônimo) de me olhar nos olhos e dizer algumas verdades.

Eis o que Anônimo escreveu: "Seus escritos soam um tanto quanto falsos e superficiais. Não parece que há uma entrega total ou verdade de sentimento. Se dessa vida não levamos nada, o que vivemos deve ser sempre intenso e verdadeiro. Senão, que graça tem se levantar de manhã??!!!!"

Eu concordo com ele, ou com ela, não sei.
Realmente, a maior parte dos textos são escritos às pressas, frutos de pequenas visões do dia. Portanto, podem soar superficiais. Não é minha proposta elaborar tratados sobre os temas abordados. No máximo, ofereço pequenos insights, opiniões pessoais, despretensiosas.

Mas, falsos, poxa vida?

Talvez, Anônimo, ou Anônima, me conheça. Daí, ele, ou ela, poderia dizer que sou falso quando escrevo. Talvez Anônimo, ou Anônima, entretanto, não seja um dos meus corajosos amigos e nunca tenha tomado tequila comigo. Ou mesmo traçado um sanduíche de pernil no Bar Estadão.

Ou, talvez, até tenha, não é mesmo?

Entretanto, se não nos conhecemos, me taxar de falso é, no mínimo dos mínimos, uma tremenda injustiça.

Infelizmente, não concordo com a idéia de que "o que vivemos deve ser sempre intenso e verdadeiro". Isso seria uma tentativa de controlar a vida em muitos detalhes, o que é simplesmente perda de tempo. E, pior, imprimir aos dias cinzas e sem graça, que fazem parte de nossa experiência, um sentido maior do que eles possuem. 

Às vezes, um abraço é apenas um abraço. Às vezes, não significa nada.

Mas estou feliz em saber que alguém mais lê estes rascunhos. Espero que venha e desça o cacete mais vezes.

Obrigado pela visita, seja você quem for.

Paz e Bem!

segunda-feira, 22 de março de 2010

PARAR PARA OLHAR O CÉU

Sempre que posso, dou um jeito de assistir o céu, assim mesmo, como um espetáculo.

Gosto de quando o sol nasce e de quando ele se põe. Gosto de ver a lua, no ceú noturno, brilhando imensa. Admiro o velhinho escondido na superfície lunar e, algumas vezes, vejo como rosto do ancião se transforma no perfil do corpo de um coelho.

Gosto de ventos e chuva, a ponto de constantemente deixar em casa o guarda-chuva, de propósito. Com o tempo, aprendi a comprar roupas que secam rapidamente... 

Gosto de ver as estrelas, principalmente quando, em um primeiro olhar, o céu se parece com um gigante quadro azul escuro. Mas, aos poucos, posso perceber a imensidão de estrelas brilhando, a milhões de quilômetros de distância.

Parar para olhar o céu sempre foi algo que gostei de fazer. Com a idade, eu havia me esquecido de quanto isso é importante. 

Felizmente, eu me lembrei.

Paz e Bem!

XXXIV

Daqui a dois dias, completo 34 anos de vida. 

Pela primeira vez em quatro anos, decidi comemorar meu aniversário e estou tentando reunir vários amigos, novos e antigos.  Quanto aos velhos amigos, perdi o contato com grande parte dessas pessoas ao longo dos anos; com algumas delas, reatei os laços. 

Foram duas as razões que me levaram a tomar a decisão de reunir amigos e celebrar.
A primeira delas, talvez a principal, foi o acidente que sofri há cerca de um mês. É difícil dizer coisas como "eu quase morri", uma vez que, para mim, "quase" simplesmente não conta. Mas me lembro de cada detalhe do acidente, bem como do processo de recuperação que, reconheço, foi mais fácil do que eu merecia.

Mas ainda sinto dores pelo corpo e alguns movimentos, como correr e andar de ônibus, por exemplo, ainda são difíceis.

O segundo motivo é mais simples: no último ano, fiz algumas mudanças pessoais, a principal delas envolvendo a determinação de ser diferente.

E mudar leva tempo. E não é fácil.

Para dar início, basta uma coisa: a consciência de que não de pode mais continuar no mesmo caminho. Isso é relativamente fácil, apesar de que a tomada de consciência envolve, quase sempre, uma queda, uma porrada, uma decepção horrível.

Pelo menos comigo, teve de ser assim.

A partir daí, o indivíduo precisa elaborar duas listas: a primeira, das coisas que não fará mais; a segunda, das coisas que, dali em diante, terá de fazer.

No meu caso, fiz essa tentativa várias vezes. Com pequenas mudanças a cada vez que eu parava para reelaborar o projeto.

Depois disso, vem a pior parte, que é a de aguentar firme, à espera de resultados aparentes. Aqui, a dificuldade reside no fato de que você está determinado a ser diferente e já tomou algumas resoluções, refletidas em novas atitudes.

Mas os resultados ainda não são claros; sua vida ainda não se tornou um mar de rosas. E você passa a questionar se você está fazendo a coisa do jeito certo.
Finalmente, com um pouco de sorte, as coisas começam a acontecer. No meu caso, posso traduzir "as coisas" por novos trabalhos, novos estudos e novas pessoas que, gentilmente, decidiram entrar na minha vida ou simplesmente permitiram que eu passasse a fazer parte da delas.

Sim, eu sei que poderia ser mais específico quando escrevo sobre isso. Mas não quero assustar os novos leitores. 

Basta reconhecer que, em parte, a idéia de me tornar o melhor que eu pudesse ser, começa a dar alguns frutos aqui e ali. 

Ainda falta muita coisa. Algumas delas envolvem, por exemplo, fazer reparações a pessoas com quem eu pisei na bola. Em breve, isso será resolvido.

Falta ainda controlar alguns velhos hábitos de pensar e de reagir. Reconheço que alguns dos meus defeitos tornaram-se instintivos com o passar do tempo. Eu faço sem pensar. Mas, aos poucos, crio novos hábitos e formas de reagir às pessoas.

Paciência e resolução, somado à atitudes práticas: eis a minha fórmula. 

Paz e Bem!

domingo, 21 de março de 2010

REFERÊNCIA

O texto abaixo é de autoria de Pablo Massolar, e foi publicado em seu blog, a Ovelha Magra.

O endereço é http://ovelhamagra.blogspot.com/

Recomendo a leitura!

Paz e Bem!
Pai nosso estendido
 
 
Pai nosso que estás no céu, sim! Deus todo-poderoso, criador de todas as coisas, a quem temos a aconchegante liberdade para chamar de paizinho e amigo.
Santificado seja o teu nome, porque apesar da tua infinita e incompreendida graça sobre minha vida, mesmo assim, ainda não sou digno de, abaixando-me, desatar-lhe as sandálias dos pés.
Venha a nós o teu Reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Seja feita a tua vontade na terra, na mesma forma e autoridade como ela é feita e praticada nos céus. Porque nem a morte, nem os anjos, nem os principados, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem as coisas do presente ou do porvir podem resistir ao amor, à justiça e ao bem do teu querer.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, porque basta a cada dia a sua própria luta, o seu cansaço. E o amanhã, de fato, só pertence a ti. Portanto dá-nos nosso sustento com a medida certa do hoje, do agora, para que amanhã nos venha um novo pão, o pão do tempo certo.
Perdoa as nossas dívidas, assim como temos perdoado a quem nos tem ofendido, com a mesma intensidade que deixamos de julgar e tentar exercer justiça própria para com os nossos inimigos. Com a mesma disposição de não imputar culpa contra aqueles que nos magoaram ou esbofetearam a face. Sim! Podes esquecer de nossos pecados com a mesma voracidade com que esquecemos das injustiças que sofremos incontáveis vezes através dos que nos odeiam e querem nosso mal.
Não nos deixe cair em tentação, porque se andarmos sozinhos, através de nossas próprias vontades, certamente percorreremos os caminhos da morte e da destruição não só nossa, mas de todos os que amamos e nos rodeiam.
Mas livrai-nos do mal, como a ursa defende seus filhotinhos com a própria vida e força.
Porque teu é o Reino, nossas decisões, o Poder, nossas ações e a Glória e o nosso louvor pelos séculos dos séculos e de eternidade a eternidade.
Amém! Assim seja com verdade!

MAMOM

Este semestre, de segunda à sexta-feira, sempre das 18 às 22 horas, dou aulas em uma escola de inglês localizada no bairro do Ipiranga, aqui pertinho de casa, na Vila Mariana.

Todos os dias, depois das aulas, subo até a Avenida Nazaré e vou até o ponto de ônibus que fica ao lado de um internato feminino, que abriga jovens estudantes universitárias. 

E, uma dessas noites, fiz amizade com o segurança do lugar.

É ótimo ter companhia para conversar nos arrastados minutos que leva para o meu ônibus passar. No caso, tenho duas opções de transporte. Posso pegar o ônibus Vila Mariana, e descer do lado de casa, ou o Pompéia, que me deixa nas proximidade da Rua Lins de Vansconcelos, e faço o resto do caminho a pé.

O meu amigo segurança é uma ótima companhia porque conversamos sobre vários assuntos e, batendo papo com ele, relembro todas as gírias que um dia eu usei, como a clássica "tá ligado, cara?". 

Há alguns dias, eu, ele e um dos meus colegas professores, que de vez em quando pega o ônibus comigo, estávamos conversando sobre grana. Três lascados falando sobre o que não possuem.

Chegamos a poucas conclusões. Dinheiro não traz felicidade, mas, obviamente, dá uma força para você ser menos angustiado. Grande parte das pessoas financeiramente bem-sucedidas sofrem de algum tipo de distúrbio de personalidade, seja desde o simples esbanjamento - a pessoa que gasta R$ 40 mil em uma caneta-tinteiro, por exemplo - até problemas mais graves, como depressão.

Eu não sou hipócrita. Pra se viver bem neste mundo e, mais ainda, neste país, precisa-se de dinheiro. Do contrário, você cai nas garras do Estado brasileiro (seja em nível federal, estadual ou municipal), sempre lento, burocrático e insensível. 

Aqui, sem dinheiro, todos os seus direitos, de que fala a Constituição, são negados. Na verdade, não se tratam de direitos, mas de mercadorias, uma vez que precisam ser comprados.

No Novo Testamento, Jesus afirma que o dinheiro é intrinsecamente mal, ou seja, esta é sua natureza. Ele chega a comparar o dinheiro a Mamom, um deus pagão.

Na nossa vida, basta observar que, quanto mais temos, mais queremos ter e, no caso do dinheiro, isso gera o indivíduo viciado em trabalho, o workaholic.

E, quando se tem dinheiro, o próximo passo é tornar-se vítima dos comerciais e canais especializados na venda de produtos. 

Eu mesmo já sonhei em comprar o George Foreman Grill, ou alguma máquina que faz sucos sem sujar a pia... Quem não precisa disso?

Não somos pessoas, nem homens ou mulheres. Somos consumidores. E fazemos tudo o que for necessário para alcançar esse status, e para mantê-lo.

E o resto que se exploda.

Paz e Bem!

500 DIAS COM ELA

"Este é um filme sobre um garoto que encontra uma garota. Mas é bom que você já esteja avisado: esta não é uma história de amor".

Estra frase, narrada em off, ou seja, sem que vejamos o rosto do locutor em nenhum momento, encerra o prológo do filme 500 dias com ela. O título original do filme em inglês é (500) days of Summer e trata-se de uma comédia romântica norte-americana, produzida no ano passado. 


O filme reconstrói o relacionamento entre um arquiteto que trabalha como redator em uma empresa que produz cartões postais, Tom (Joseph Gordon-Levitt), e uma secretária que trabalha na mesma companhia Summer (Zooey Deschanel), desde seu início até o fim.

500 dias com ela não é uma história de amor; é uma história sobre o amor (roubei esta frase da sinopse do filme, devo admitir). É uma história sobre como um relacionamento começa, e como eles acabam, também.

Em uma das cenas do filme, Tom pergunta a Summer sobre seus ex-namorados. Ela fala um pouco sobre seus relacionamentos mais sérios anteriores e fica em silêncio. "E por que não deram certo? O que aconteceu?", ele pergunta. Rapidamente, ela responde: "O que sempre acontece. A vida".

Uma das melhores cenas do filme representa o dia seguinte à primeira noite dos dois como casal. Acompanhamos o personagem de Gordon-Levitt indo ao trabalho, explodindo de felicidade em um mundo subitamente tingido de cor-de-rosa. E, todos nós, aqueles que já estivemos, ou estamos, apaixonados, sabemos como isso sempre acontece!

No Youtube, a cena pode ser conferida em http://www.youtube.com/watch?v=2seAJsrtIbQ.

Outro detalhe legal do filme é a excelente trilha sonora, repleta de clássicos das décadas de 1980 e 1990, como The Smiths e a minha favorita, a balada Here comes your man (Aqui vai o seu homem, em tradução livre), dos Pixies. 

500 dias com ela tem mais uma sacada: o relacionamento não é narrado de forma linear, ou seja, não vai do primeiro ao último dia, mas as datas vão se intercalando, para mostrar um panorama de vários aspectos do relacionamento.

Recomendo!

Paz e Bem!

sábado, 20 de março de 2010

SÁBADO

Ruas invadidas por caixões metálicos, atrelados
um ao outro, mais lentos que carroças
a cidade parou de crescer.

Nos ônibus, vejo rostos cansados felizes e esperançosos
por um dia no trabalho, pelo retorno à casa,
aos abraços e beijos, reais ou esparramados em telas de TV

Eu espero por lençóis molhados de suor sorrisos beijados e cabelos jogados sobre meu rosto;
espero por amor.

O amor é silencioso como o mar, mas explode em alegria;
Chora, mas nos obriga a enxugar as lágrimas de quem amamos;
carrega em si todo o poder, toda a esperança, toda cura e restauração.
Sem amor, não posso ter esperança. Sem amor, não há cura.

Paz e Bem!

SEGUNDA CHANCE PARA O AMOR

Eu gosto de filmes românticos, mas nem sempre acerto na escolha do que vou assistir. Acabo de ver o filme Segunda chance para o amor (Purple Violets, em seu título original), produção norte-americana lançada no ano passado.


A história é simples: dois homens e duas mulheres, que foram casais no passado, trombam por acaso em um restaurante em New York, mais de 10 anos após o fim dos relacionamentos. A partir daí, eles recomeçam uma amizade, que vai levar à restauração dos namoros interrompidos no passado.

Um dos casais é formado por dois escritores. O homem, que ficou rico escrevendo histórias policiais, vê fracassar o seu novo livro, um romance autobiográfico. A mulher, hoje casada com um chef, parou de escrever há vários anos, depois de lançar seu primeiro livro.

O outro casal é de um advogado, ex-alcóolatra, sóbrio há dois anos, e uma professora. No passado, enquanto estavam juntos, ele saiu com uma garota e ela jamais o perdoou.

O filme é interessante, mas chato em alguns momentos. A história do casal de escritores, por exemplo, se perde naquela bobageira intelectualóide típica de versões medíocres de filmes de Woody Allen. Eles voltam, se separam, voltam de novo...

Já  a história paralela do advogado e da professora, apesar de não ser a trama central do filme, se mostra mais interessante, pois ela não quer perdoar o coitado de jeito nenhum, apesar de suas constantes tentativas.

Mas o filme parte da interessante premissa de que um encontro ao acaso pode nos forçar a reavaliar a nossa vida e, quem sabe, tomar decisões que podem alterar tudo.

Eu creio nisso.

Paz e Bem!

PROFISSÃO: PROFESSOR

Há alguns anos, trabalho como professor de inglês. A decisão de abraçar essa profissão surgiu a partir de uma necessidade de vir a São Paulo.

Explico: eu estava desempregado há algum tempo - depois do fim da minha aventura jornalística - e tive de voltar à casa paterna. Infelizmente, não sou o filho pródigo. Além disso, eu estava absoluta e completamente apaixonado por uma mulher. 

Eu precisava voltar. E precisava de algum tipo de profissão. E eu sabia inglês e sou bom em lidar com pessoas.

Como professor, já trabalhei em várias escolas, assim como em empresas. E eu gosto de dar aulas; felizmente, os alunos, ou boa parte deles, parecem gostar de assistir às minhas aulas. 

Hoje, a maioria das escolas prefere abordar o inglês a partir de uma perspectiva comunicacional. Isso significa dizer que a ênfase de grande parte dos cursos está voltada para ajudar os estudantes a falarem e escreverem inglês. A gramática do idioma é vista como um meio, necessário para se poder falar e escrever bem, e não como um fim em si mesmo.

Que diferença da época em que estudei inglês, em Santos, na Cultura Inglesa. Naquela época, as aulas eram tão chatas que eu realmente odiava as tardes de terça e quinta-feira, quando eu ia à escola.

Por uma ironia do destino - sim, Deus, tem uma queda pela ironia e pelo humor - atualmente eu vivo de dar aulas de inglês!

Atualmente, trabalho em uma escola no Ipiranga e a experiência tem sido boa. Meus alunos estão satisfeitos, assim como eu e meus chefes, ou melhor, minhas duas patroas, que detestam serem chamadas assim...
Novos alunos estão chegando, recomendados por estudantes meus que estão gostando do professor que é ex-jornalista.

Como eu disse, eu gosto de dar aulas. É ótimo saber que você está ajudando uma pessoa a superar uma dificuldade e preparando-a para conquistar algo maior.

Um exemplo: tenho vários alunos que estão estudando pois estão se preparando para uma viagem internacional, na qual o inglês será necessário. Nesse caso, as aulas seguem as necessidades de comunicação deles. 

Em alguns anos, dois, segundo meus planos, vou mudar novamente de profissão e, talvez, de endereço. Mas, com certeza, o trabalho que faço hoje é um dos melhores que eu poderia ter encontrado.

Paz e Bem!