terça-feira, 6 de abril de 2010

AREIAS BRANCAS

Há alguns anos, quando eu ainda era jovem, não sei bem por qual motivo, decidi reunir em um livro tudo o que eu tinha escrito. 

Eu já escrevia há vários anos e tinha participado de concursos de contos e poesia, tinha publicado em jornais e revistas alternativas de literatura, e tinha publicado eu mesmo a minha revistinha do gênero, a famosíssima Muiraquitã, isso na época de faculdade em São Bernardo do Campo.

Mas, escrever um livro seria uma tarefa árdua. 

A primeira dificuldade seria selecionar material para o livro. Eu tinha em casa várias pastas com materiais como poemas e contos, crônicas e outros rabiscos incompreensíveis. Parte estava no computador; outros, estavam escritos à máquina.

Na época, isso lá pelos idos de 2001 ou 2002, ou seja, cerca de oito anos atrás, cheguei à conclusão de que o melhor a fazer seria juntar uma amostra do que eu tinha escrito, selecionar os "melhores dos melhores" e colocá-los em ordem cronológica.
 
Feita a seleção, o próximo passo seria encontrar uma editora que topasse publicar o material. 

Na época, várias pequenas editoras encaravam o desafio de publicar o livro de ilustres desconhecidos, desde que o autor topasse bancar metade dos custos. Assim, eu e a extinta Editora Nativa ,de São Paulo,  cruzamos os nossos caminhos.
Eu ia à faculdade e ia ao trabalho - eu era repórter do jornal Diário de S. Paulo - e, no parco tempo livre, eu ia à editora revisar as provas do livro, organizar o material, fazer correções e trabalhar na capa e no título.

E eu admito sem nenhum problema: a melhor parte do meu livrinho, Areias Brancas, é a capa. Eu e o designer da editora passamos tardes e mais tardes na busca pela imagem ideal para a capa. Felizmente, depois de muita procura e muito trabalho, finalmente chegamos lá. 

Fiz o lançamento em São Paulo, no Fran´s Café da Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, graças à ajuda do meu amigo Edson, um mecenas das baixas artes, e outro em  Santos, na Pinacoteca Benedito Calixto. 

Coincidências da vida...

Vez ou outra, em uma conversa, algum amigo me fala de suas impressões do livro. Ou me pego dando uma olhada em alguma cópia perdida no tempo e no espaço.

Honestamente, eu não escreveria nenhum daqueles textos nos dias de hoje. Nas Areias Brancas, eu encontro um jovem obcecado por sexo e violência, entre outras coisas, mais ou menos detestáveis. Atualmente, sou obcecado por outras coisas.

Gosto de pensar que amadureci, que minha visão sobre as coisas simplesmente mudou. Não sei o quanto disso é verdade. 

Hoje, apesar de não me reconhecer naquelas páginas, ainda me lembro de como eu era naquele tempo. Foi uma época boa, sim, senhor! Tudo era possível e, cerca de dez anos mais novo, eu tinha a vida pela frente.

Nos dias de hoje, não sou velho nem nada, mas sei que já gastei uma boa parte da minha validade e agora me concentro em experimentar coisas boas e fazê-las durar ao máximo.

Mas ainda tenho saudades de quando sabia tudo sobre a vida.


Paz e Bem!

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