domingo, 6 de fevereiro de 2011

DO BLOG TUDO EM CIMA

Tortura: Ato extremo de covardia e sadismo

O famigerado AI-5 acaba de completar 40 anos. Ou seja, há exatas quatro décadas a ditadura cívico-militar que destruiu o Brasil por mais de 20 anos extinguiu os direitos dos cidadãos e oficializou a tortura contra seres humanos que não concordavam com o regime ou simplesmente tinham ideologias distintas dos então donos do poder.

Esse é um assunto que me causa profundo horror. Sobre isso tenho a dizer: não existe maior covardia do que torturar um semelhante indefeso. Alguém que é capaz de efetivamente torturar outra pessoa, seja física ou psicologicamente, é no mínimo mentalmente desequilibrado, demente ou simplesmente psicopata. Sem dizer, é claro, extremamente covarde. Pessoas que praticaram esse tipo de ato deveriam ser julgadas e encarceradas pelo resto da vida.

E quem defende essa prática hedionda é igualmente canalha e covarde. Assim como são os que tentam justificá-la em nome de um "bem maior".

Porque a tortura é bem diferente de um ato impensado, feito num momento de descontrole emocional, tipo "briga de trânsito" ou "crime passional". Eu consigo entender (embora não endosse) uma pessoa que, acuada no meio da rua por um valentão reaja com violência e até um marido ou esposa traídos perdendo a cabeça e fazendo besteira. Mas, vejam bem, mesmo assim tudo isso ainda é considerado crime.

Agora, a tortura é bem diferente, pois é feita com frieza, sem emoção - exceto, talvez, a emoção doentia ligada a algum tipo de prazer sádico. Só mesmo um covarde altamente degenerado pode, em sã consciência, infligir tamanha dor e horror a um semelhante indefeso enquanto fuma um cigarro ou conversa tranquilamente com um colega.

O mais terrível, todavia, é que a tortura é tratada pela nossa cultura como algo justificável e, muitas vezes, até louvável. Repare a quantidade de filmes e shows televisivos em que a tortura é mostrada como algo necessário. Quem já assistiu seriados grotescos como "24 Horas" (foto ao lado) ou o novo "Battlestar Galactica" sabe do que estou falando.

Até mesmo filmes bem intencionados, como "Mississipi em Chamas", tentam justificar a tortura como algo desculpável. "Torturamos um racista malvado para conquistar um bem maior: prender todos os outros racistas", parecem tentar justificar os autores. E o que poderia ser considerado apenas como um "lapso criativo" de artistas do passado, hoje virou regra especialmente depois que o terrorista George Bush Jr. chegou ao poder - sem dúvida o ponto mais baixo na governança de um país que nunca se fez de rogado em violar direitos humanos quando precisava defender os interesses dos podres de ricos.

Não dá. Tortura é tortura. E não existe justificativa! Confissões obtidas sob tortura deveriam ser consideradas inválidas sob qualquer circunstância. Porque sob tortura a maioria de nós certamente acabaria dizendo qualquer coisa para se livrar daquele horror. Admiro muito quem consegue resistir às torturas e não revela informações, sejam elas verdadeiras ou falsas - mas esses são minoria.

O Brasil é um país que está cheio de torturadores, tanto do passado quando do presente. Muitos deles usam terno e gravata e fazem parte de partidos políticos. Muitos estão na polícia ou fazendo "segurança" de fazendeiros e altos figurões. Mas existem muitos outros covardes torturadores pelo mundo afora...

Espero, sinceramente, que todos encontrem um dia o longo braço da Lei e sejam retirados do convívio social. E que fiquem em suas celas refletindo sobre o horror inconcebível que praticaram contra seus semelhantes.

E isso é uma das coisas que mais me orgulham no governo Lula. Pela primeira vez nesse país esse tema está sendo tratado com a seriedade que merece. Muito ainda tem que ser feito, com certeza. Mas só o fato de termos um governo que está dando a devida atenção e empenhado em reparar as injustiças e até em punir os criminosos do passado já é um tremendo avanço.

E cabe a nós, que temos horror à tortura, ficar atentos, apoiar e cobrar dos governos o combate a essa prática e a punição exemplar de seus agentes.

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