quinta-feira, 9 de setembro de 2010

AMO CUBA!

Estive em Cuba em 1998, durante a visita do papa João Paulo II (morto em 2005) à ilha. Naquela viagem, participei da Brigada de Solidariedade à Cuba, um programa que convida estrangeiros a visitarem a ilha e participarem de várias atividades voluntárias, como a coleta de laranjas e o corte de cana-de-açúcar, por exemplo.

Além disso, como parte do programa, a Brigada oferece a oportunidade de conhecer toda a ilha, e não apenas a Cuba visitada pelos turistas, com suas praias e hotéis luxuosos. 

Naquela época, eu era filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e era socialista. 

Hoje, sou apenas eleitor do PT (com eventual vontade de me refiliar e voltar a bater boca com policiais.) E me considero um socialista moderado.

Hoje, minha participação política se restringe às eleições e a conversas de bar. Mas ainda voto em candidatos que se identifiquem com programas de esquerda, mesmo que de leve. 

Como boa parte da esquerda, tenho uma relação de amor e ódio com Cuba, daí meu interesse pelo que se passa na ilha. 

Defendo inteiramente a revolução cubana, que trouxe uma série de avanços sociais para a população. E critico inteiramente, com o coração partido, a ditadura em que a revolução foi transformada, processo que  retirou tantos direitos dos cubanos.

Durante a minha visita à Cuba, fiquei impressionado com a ausência de indústrias no país, que ainda é uma nação agrícola - seus principais produtos de exportação são a laranja e o açúcar - e com a pobreza em que vive a maior parte da população.

Aqui, é necessário entender - e delimitar claramente - a diferença entre pobreza e miséria. Não existe miséria em Cuba, ao contrário do que vemos nas favelas brasileiras, por exemplo. Em Cuba, não existem pessoas morando ao lado de canais de esgoto.

Conheci hospitais e escolas, que atendem com dignidade o povo, algo que ainda é um sonho para nós, brasileiros, mesmo os que vivem nas regiões mais desenvolvidas. Aqui, o direito à saúde e educação de qualidade está limitado àqueles que podem pagar - e muito - por esses serviços.

Fiquei impresionado, também, e negativamente, com o medo generalizado que os cubanos sentem em relação ao G2, o serviço de informações, ou seja, a polícia política cubana. Durante a minha estada, conheci um jornalista, que apenas concordou em falar sobre política quando estávamos longe da cidade e ele se sentiu em segurança.

Hoje, Fidel Castro, diz que o "modelo" de Cuba não funciona mais para o seu país. Ao ler a reportagem, percebe-se que El comandante fala apenas do modelo econômico de socialismo estatal. Nenhuma palavra sobre o sistema de governo de partido único.

Entretanto, assim como outras organizações, como a Igreja Católica, por exemplo, acredito que o Partido Comunista de Cuba (PCC) também será forçado a enfrentar as mudanças que vem chegando e se impondo à realidade.

As mudanças terão de acontecer, quer se queira, quer não.

Infelizmente, mudanças na política cubana -  com medidas como a legalização de outros partidos políticos e a liberdade de imprensa - terão de ser feitas com a participação da oposição do país, tanto a interna, como a que hoje está exilada em países como os EUA e Espanha, por exemplo.

Ou seja, isso quer dizer que a comunidade cubana em Miami, nos EUA, radicalmente contrária a tudo o que a revolução conquistou, e que preferirá apagar da história a experiência socialista de Cuba, terá de ser levada em conta no processo de democratização.

E isso será muito difícil, pois, em geral, os exilados cubanos nos EUA se alinham à extrema-direita norte-americana, que nunca aceitou a recusa de Cuba em ser um resort em águas caribenhas.

Espero que o país possa se democratizar em breve. Espero que a democratização, ao colocar fim ao domínio absoluto do PCC sobre a vida nacional, possa manter os direitos conquistados com tanto esforço pelo povo de Cuba. 

Como sempre, torço pelo melhor dos mundos. 

Paz e Bem!

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