domingo, 18 de abril de 2010

ONDE ESTÁ O SEU CORAÇÃO?

No Evangelho de Lucas, capítulo 12, versículo 34, Jesus nos alerta: "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração".

Em seu contexto original, ou seja, de acordo com o texto, a frase foi dita como um encerramento de uma série de colocações feitas por Jesus a seus discípulos sobre as preocupações da vida. Em todo o discurso, o argumento geral de Jesus é propor a confiança absoluta -  cega, como a definiria Brennan Manning - em Deus.

Parece fácil? Pois bem... Só parece, prezado leitor (ou leitora).

Uma pessoa muito especial que, de vez em quando, lê este blog, me disse que escrevo melhor quando falo de mim mesmo. Quando abordo temas ligados à Espiritualidade, dou uma derrapada. Justiça seja feita: essas são minhas palavras, não dela.

Aqui, já que concordo com ela, cabe uma pequena nota explicativa: não tenho nenhuma pretensão de oferecer alguma reflexão nova sobre temas espirituais, ou de tentar acrescentar algo. Apenas abordo esses temas porque, para mim - em mim, que seja - eles não estão bem resolvidos.

Desta forma, o trabalho de escrever sobre o mesmo tema várias e várias vezes acompanha um processo interior de pensamento. Pode ter certeza: se escrevo sobre algo mais de uma vez, é porque esse tema de alguma forma me incomoda.

Me incomoda profundamente.
Eu não confio em Deus. Acredito que jamais conseguirei deixar de me preocupar com as coisas da vida, como as define Jesus. 

"E disse aos seus discípulos: Portanto, vos digo: não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis.Mais é a vida do que o sustento, e o corpo, mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves? E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? Considerai os lírios, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. E, se Deus assim veste a erva, que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, {homens} de pequena fé? Não pergunteis, pois, que haveis de comer ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. Porque os gentios do mundo buscam todas essas {coisas;} mas vosso Pai sabe que necessitais delas. Buscai, antes, o Reino de Deus, e todas essas {coisas} vos serão acrescentadas. Não temas, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino. Vendei o que tendes, {e} dai esmolas, e fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão, e a traça não rói.Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração".

Evangelho de Lucas, capítulo 12, versículos 22 a 34

Eu me preocupo com todas essas coisas, e com uma infinidade de outras, que a vida moderna me fez o favor de acrescentar às minhas necessidades básicas. 

E, como me preocupo, corro atrás delas e, sempre, sempre, dos meios que me tornam possível tê-las. Agora, senhoras e senhores, estou falando de dinheiro.

Entretanto, o texto propõe uma questão muito mais ampla e profunda do que a simples crítica à ansiedade galopante.

Jesus nos pede para refletirmos sobre onde está o nosso coração. Ou seja, quais são os temas, as necessidades, que nos movem?

No meu caso, admito, sem nenhuma pontada de orgulho ou falsa pretensão a parecer mais espiritual do que os outros, que o que me moveu o coração, em anos recentes, pode ser qualificado de tudo, menos nobre. 

Ou até mesmo aceitável. Ou, pelo menos, compreensível.

Sem papas na língua, amigo leitor, ou amiga leitora, meu coração estava no lugar errado. E, como sempre acontece nesses casos, o caminho do coração no lugar errado levou a um desfiladeiro.

E, de repente, eu me vi com duas opções: ou mandava tudo às favas - "comamos e bebamos, pois amanhã estaremos mortos!" - ou eu dava um jeito de contornar o penhasco.

De forma tímida, tateante e pouco consistente, escolhi a segunda opção. Hoje, passados alguns meses da semi-queda, percebo que fiz a melhor opção e que, agora, pelo menos, minhas escolhas diárias são mais firmes e decididas. Ainda me acovardo e, às vezes, quase fujo pela tangente, mas está mais fácil agora.

Ainda não cheguei lá, mas continuo correndo. Na medida do possível, com meus olhos, mente e coração fixos na reta de chegada. 

Mesmo que eu me distraia um pouco...

Durante esta semana, tentarei pensar sobre isso e, com um pouco de sorte, poderei saber exatamente onde está o meu coração.
E, talvez, isso me ajude a definir melhor a forma como faço a corrida.

Paz e Bem!

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