domingo, 18 de abril de 2010

AS ESTRELAS POSSÍVEIS

Estou de pé, nas trevas. Faz frio aqui. Nos poucos momentos em que me atrevo a olhar para cima, para o céu, preciso forçar meus olhos a perceberem as estrelas brilhando. Preciso me concentrar nelas pois, agora, elas existem apenas enquanto possibilidade.

Aqui, meu único movimento é levar um cigarro ocasional à boca, tragá-lo e novamente baixá-lo. Vou ter de parar de fumar.

Na escuridão, permeada pela ínfima possibilidade da luz das estrelas, a percepção, ou melhor, o medo do fracasso corrói o coração e domina a mente pouco a pouco.
Então, vem a certeza, manchada de pânico.

Não sou bem-sucedido, atraente, simpático ou inteligente o bastante.

E se eu tivesse de ter vivido de outro jeito; uma outra vida? Todas as escolhas e opções, afinal, me levaram a este momento, quando, imóvel e com frio, admiro a escuridão de ter falhado.

Há pouco, fechei meus olhos. Infelizmente, não havia nenhum pensamento reconfortante quando os abri de novo. Nenhum sorriso, nenhuma canção.

Apenas escuridão. 

Ainda assim, a possibilidade de que o sol venha a nascer é um sinal de esperança pobrezinha. 

Ainda assim, Paz e Bem.

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