"Algumas vezes, tenho vontade de jogar tudo pelos ares, sabia? E sumir. Isso, fazer alguma coisa totalmente diferente", foi o que ele me disse, remoendo sua raiva e desapontamento, enquanto esperava que eu dissesse alguma coisa.
Eu não disse nada.
Eu também tenho vontade de jogar tudo pro alto. Mandar às favas. E sumir no mundo. Ele é bem grande e, se até agora não encontrei meu cantinho, tenho esperança de que exista um lugar especial, esperando apenas que eu o encontre.
Finalmente, depois de anos de decepções e desapontamentos, meu amigo resolveu desistir. Largou emprego, família, desligou telefone, tacou o computador contra a parede e foi embora.
"Você é como um irmão para mim, você sabe, mas, para isso poder funcionar, eu nunca mais vou te procurar", ele me explicou, um dia antes da Grande Partida.
Eu concordei.
Hoje, com uma pontada de inveja, admito, penso onde ele pode estar. Um mendigo, vivendo nas ruas? Um monge, morando em alguma igreja perdida no interior? Um pescador? Um policial?
Mas qualquer coisa é melhor do que essa vida ordinária em que fomos lançados.
Meu amigo nunca mais me procurou. Ninguém sabe dele. Com o tempo, pararam de procurar, principalmente depois que ficou óbvio que ele estava falando sério: não queria ser encontrado.
Vez ou outra, penso sobre isso.
Paz e Bem!
Esse pensamento me persegue todos os dias...
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