quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SOBRE FÁBULAS: A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

Tenho escrito muito neste blog sobre o poder das fábulas, que vem, aos poucos, tornando-se um dos meus gêneros literários - e cinematográficos - prediletos.

Bom, as fábulas têm a seu favor o fato de serem atemporais. Normalmente, elas nem precisam se definir como parte de um período histórico, porque, em sua essência, os fatos narrados por elas poderiam acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar.

Isso torna as fábulas extremamente atraentes aos leitores, uma vez que, em geral, não é necessário nenhum tipo de preparo anterior ou informação prévia para poder apreciar o seu conteúdo. Elas não necessitam de nenhum tipo de contextualização.

Um exemplo de fábula escrita no século passado é o livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell.



Escrito em 1945, A Revolução dos Bichos narra a vida em uma fazenda da Inglaterra, na qual, após muitos abusos do proprietário, os animais tomam o poder depois de uma revolução, inspirados pelo "Animalismo", doutrina que prega a absoluta igualdade entre todos os animais, professada por um porco chamado Old Major, o Velho Major, que falece antes da tomada do poder.

Depois da revolução, os animais esforçam-se para criar um novo modelo de sociedade na fazenda, mas, após algum tempo, os porcos do lugar, liderados por Napoleão, tomam as rédeas e começam a decidir todas as questões, contrariando os princípios do "Animalismo", chegando inclusive a matar pretensos traidores à causa por eles abandonada.

A Revolução dos Bichos é uma fábula política, que pode ser lida a partir dos acontecimentos - e desvios - do processo revolucionário que criou a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), cuja experiência histórica, iniciada em 1917, terminou em 1991.

Nesta leitura, podemos identificar o cruel Napoleão com o secretário-geral Joseph Stálin, e outros personagens do livro podem ser relacionados à figuras históricas.

Mas, se tirarmos esse contexto, podemos entender A Revolução dos Bichos como um fábula do uso e, principalmente, do abuso do poder político, carregada de um profundo ensinamento moral, ou seja, o de que o poder corrompe.

E é essa perspectiva que pode tornar as fábulas contos imortais.

Paz e Bem!

Um comentário:

  1. E qtos Napoleoes vemos em outras esferas da sociedade nao eh?
    Nas igrejas mesmo, vemos napoleoes, cesares, hitleres, atilas, e toda a sorte de capetas!
    O autoritarismo - ou a aniquilacao do proximo - pior de tudo, eh muitas xs consentido e procurado pelos que desejam ser subjugados!
    Revolucao agora p*&*^!
    Sejam livres!
    Fujam de todo e qualquer jugo possivel de se fugir!

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