domingo, 29 de agosto de 2010

DE A FOLHA DE S. PAULO

Rodízio completa 15 anos com efeito quase nulo sobre ar de São Paulo

Na semana em que São Paulo registra um de seus piores índices de secura e má qualidade do ar, o rodízio de veículos completa 15 anos. A medida foi criada em 1995 justamente para lidar com a poluição. Sob esse ponto de vista, porém, sua eficácia hoje é quase nula.
Após dois anos de testes, ele seria repaginado. Em 1997, o objetivo central da ação passou a ser o aumento da fluidez do tráfego. A operação, pelos números atuais, não faz direito nem uma coisa nem outra.
Os índices de poluição, principalmente por ozônio e poeira, estão mais ou menos estabilizados, mas em níveis altos, indicam os registros.
O trânsito, principal alvo do rodízio em vigor, continua cada vez mais travado, por causa do aumento da frota. "O rodízio por si só e da forma como ocorre na cidade não é solução nem para a qualidade do ar nem para a mobilidade", diz a pesquisadora Leila Martins, especialista em poluição do ar. A pesquisadora lembra que a legislação brasileira é muito permissiva se comparada, por exemplo, com a da União Europeia e a dos EUA.
Para outra estudiosa do assunto, Maria de Fátima Andrade, da USP, quantificar o impacto do rodízio na poluição não é uma tarefa fácil. "A operação deve contribuir pouco para baixar os poluentes. Mas sua existência não deixa ainda de ser positiva", afirma Maria de Fátima.
Alfredo Szwarc, que dirigia a Cetesb (agência ambiental estadual) em 1995, diz que a experiência foi positiva 15 anos atrás. "Baixou os níveis de monóxido de carbono na atmosfera, que era o problema da época", afirma.
O fato de o rodízio ter mudado de meta altera as consequências da operação, diz o ex-diretor da Cetesb.
 
ULTRAPASSADO
 
Em 1995 e 1996, a restrição durava o dia inteiro e não apenas três horas no pico da manhã e outras três à tarde. "Atualmente, no máximo, o rodízio evita que o problema piore [em termos de poluição do ar]", diz Szwarc.
No quesito redução do trânsito, diz o consultor, o rodízio "está ultrapassado".
Na semana passada, especialistas voltaram a pedir a extensão do rodízio, novamente, por motivos ambientais. O governo do Estado chegou a recomendar oficialmente que os paulistanos deixassem o carro em casa.

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