Há alguns anos, quando me interessei por política, ainda moleque estudante de jornalismo, eu me apaixonei pelo marxismo. Sim, camarada; unidos, venceremos!
Devorei livros, jornais e periódicos. Militei em vários partidos, que se diziam ou que se acreditavam, de esquerda. Fui à reuniões, comícios (lembra disso?) e passeatas. Dei porrada e tomei porrada. E escrevi pra caramba. E falei ainda mais...
Disso ficaram lembranças, alguns amigos e boas histórias. Mas ficou para trás.
Hoje, acredito que, apesar da necessidade urgente que temos de mudar a sociedade, essa sociedade jamais mudará se antes as pessoas não mudarem.
E precisamos mudar a sociedade? Basta dar uma olhada em volta. Se você mora em um bairro bacana, como eu moro, basta ir até a esquina, nem precisa andar muito e ficar ali parado um tempinho. Em pouco tempo, um senhor, ou uma mulher, ou uma criança, vai passar, procurando latas vazias.
Infelizmente, nenhum discurso político, por melhor que seja, vai mudar as pessoas. Porque, na maior parte das vezes, mesmo que não admitamos, somos guiados pelo nosso coração.
E discursos, panfletos e vídeos não mudam o nosso coração. Eles podem começar a fazer isso, mas a caminhada final deve ser feita de outra forma.
No meu caso, a trajetória do relógio chegou à meia-noite depois de uma tremenda decepção e de uma admissão de minha incapacidade em continuar a levar a vida como eu a levava.
Felizmente, quando a torre desabou, haviam alguns amigos por perto. Sou grato a eles por sua amizade, por seu carinho e por sua paciência quase infinitos.
A alternativa para mudar as pessoas deve ser moral, profundamente real, tão real a ponto de que seja impossível continuar o mesmo quando nos depararmos com a nova realidade.
Se quisermos mudar o mundo, devemos ser a mudança e devemos ser o exemplo.
Acredito sinceramente que, apesar das lutas e dos desvios de rota, as pessoas podem mudar. Gostaria de acreditar que, no caso individual, é possível mudar antes de se arrebentar todo, mas nem sempre é assim.
Mas o relógio não pára. E nem nós deveríamos.
Paz e Bem!
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