terça-feira, 8 de março de 2011

1984 É CADA VEZ MAIS AQUI E AGORA!

O primeiro livro que eu li na vida, com exceção daqueles que os meus professores mandavam eu ler, foi o romance distópico 1984, do escritor inglês socialista George Orwell. Eu tinha 13 ou 14 anos de idade.


A palavra distopia significa o inverso de utopia. Um romance utópico seria aquele livro que descreve uma sociedade ideal, perfeita, na qual todos são felizes. A realização do Reino de Deus na Terra. 

A distopia é o inverso. Ou seja, o nosso mundo, só que um pouco pior ainda.

Segundo o Wikipedia, "uma Distopia ou Antiutopia é o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utópica ou promove a vivência em uma "utopia[1]. São geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo bem como um opressivo controle da sociedade. Nelas, caem-se as cortinas, e a sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem comum mostram-se flexíveis. Assim, a tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, de instituições ou mesmo de corporações".

Em 1984, Orwell descreve o mundo depois da terceira guerra mundial, depois de uma guerra nuclear entre os EUA e a ex-URSS. 

Nessa terra arrasada, sobraram apenas três superestados, que englobam todo o planeta: a Eurásia, a Lestásia e a Oceania. 


Os três superestados possuem a mesma ideologia política e se organizam da mesma forma.

As bases dessa organização são: sistemas de governo de partido único, estatização total, absoluto controle sobre o cidadão, realizado a partir de técnicas de coerção e monitoramento. 

Em 1984, o cidadão é constantemente vigiado por um aparelho chamado Teletela (uma espécie de combinação entre câmera e televisão, que funciona como emissor e receptor de imagens), que nunca pode ser desligado, por escutas eletrônicas e pela Polícia do Pensamento. 

Na realidade descrita em 1984, em nome de uma suposta "segurança", uma vez que os três superestados vivem em uma guerra permanente, que nunca irá terminar, a liberdade individual foi abolida em todos os níveis. 

O que sobra é a conformidade. 

Orwell, um socialista inglês, que lutou na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), escreveu 1984 depois de ter ficado horrorizado com a experiência socialista soviética, na época controlada com mão de ferro por Stálin. 
 
O livro de Orwell ganhou a sua versão definitiva para o cinema em 1984, pelas mãos do diretor Michael Radford. 

Infelizmente, o pesadelo descrito em 1984 parece cada vez mais próximo de invadir o mundo desperto e se tornar realidade. 

Hoje, nós concordamos com câmeras de vigilância nas ruas e em outros locais, concordamos que o Estado nos diga onde podemos fumar - mas eu acho que os cigarros serão ilegais em alguns anos, e concordamos com o aumento do controle sobre o indivíduo.

"1984 não era para ser um manual de instruções"

É claro que todas essas medidas restritivas são tomadas em nome da "segurança" e da "saúde" públicas.

Nos EUA, por exemplo, vários estados criaram leis que proíbem os seus cidadãos de captarem e utilizarem águas pluviais (das chuvas) em suas residências. Companhias que comercializam água, como a Nestlé, por exemplo, devem estar muito felizes com a medida.

Na Inglaterra, existe um projeto de lei que prevê a instalação de câmeras de vídeo em 200 mil residências, com o objetivo de combater a delinquência infanto-juvenil.

Na Europa, em alguns países, mulheres muçulmanas são proibidas de trajarem vestes tradicionais, como a burka e o véu. 

Em países europeus como a Suíça, tradicionalmente democrática, conseguiram aprovar uma lei que proíbe a construção de minaretes e mesquistas muçulmanas. 

A questão é que, em nome de mais "segurança", permitimos que o Estado legisle, crie leis e medidas repressivas, em áreas sobre as quais ele não tinha autonomia anos atrás. 

Nós aceitamos que o Estado tenha mais e mais poder sobre nossas vidas, em diversas áreas. 

Mas esquecemos que sacrificar a liberdade individual nunca deu bons resultados na História. 

Ainda assim, Paz e Bem!

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