Eu acordo por entre árvores e enormes montanhas, cercado por um céu vermelho que se estende em direção aos planetas. Meu carro grita comigo quando acelero sua velocidade, antes que a estrada aos poucos se derreta em cinza e amarelo. O sol lusco-fusca, azul.
Animais irreconhecíveis sorriem e trocam apertos de mão com suas patas ao pouco mais e mais parecidas com garras humanas, enquanto eu caminho por entre salas separadas por cortinas roxas e vermelhas. "A festa vai começar", um inseto grita, enquanto sai de minha boca.
"É minha culpa, minha culpa", sufoca a mulher, antes de se desmanchar em carnaval glorioso.
Depois da noite, no inverno, o calor sufocante do remorso e da saudade, que vem em ondas suaves e violetas, brincalhonas. Depois, a chuva.
Mais do mesmo de antes, sempre em espirais. A eternidade em um dia, preferencialmente sábado, depois da festa de um sorriso infernal.
Eu me levanto, gigantesco homem em miniatura, cedo aos sorrisos e gracejos e esbanjo tristeza, servida em canapés de barro amarelo queimado.
Uma seleção de símbolos incompreensíveis esbarra diante dos meu olhos, explodindo o pouco que restava de minha consciência que se esvai como um novelo de lá debaixo da minha porta. Depois da porta, o mundo adormecido e calmo, traído por luzes de lâmpadas de neón.
De um sonho à outro.
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